Lula fala com a imprensa; dólar cai de novo, Ibovespa dispara

Presidente disse que não interfere em preços de combustíveis. Falou também que, se depender dele, não terá novo ajuste fiscal.

Lula fala com a imprensa; dólar cai de novo, Ibovespa dispara
A coletiva de imprensa do presidente da República / Imagem: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu nesta quinta-feira (30.jan.2025) a sua 1ª entrevista coletiva a jornalistas. Afirmou que está 100% recuperado dos procedimentos cirúrgicos pelos quais passou no final de 2024, quando teve que fazer uma cirurgia na cabeça.

Eis alguns tópicos jornalisticamente relevantes da conversa de Lula com a imprensa:

Eleições 2026 🗳️

  • O presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse anteriormente que Lula perderia a eleição, se ela ocorresse "hoje". O presidente da República falou que "riu" quando soube da declaração, porque "a eleição não é hoje".
  • Lula defendeu o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e a presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), Gleisi Hoffmann. Sobre Haddad, especificamente, Lula reforçou as aprovações do arcabouço fiscal e da reforma tributária. Sobre Gleisi, disse que é qualificada para assumir ministérios em quaisquer países do mundo.
  • O presidente deixou em aberto uma reforma ministerial, e Gleisi é cotada para assumir a Secretaria-Geral do governo, mas o presidente falou que ainda não tratou do assunto com ela.
  • Quando perguntado sobre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), assumir um ministério, Lula disse que queria que Pacheco fosse governador de Minas Gerais. É um estado-chave para ganhar a eleição presidencial, como já mostramos anteriormente no Correio Sabiá.

☞ Parênteses: Falando de eleição, a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) teve o mandato cassado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) nesta quinta-feira (30), por 5 votos a 2. Motivo: disseminação de fake news sobre o sistema eleitoral. Ela informou que vai recorrer da decisão.

Economia 💰

  • Lula disse que não interferiu nem vai interferir em reajustes dos combustíveis. "Desde o meu 1º mandato, eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e do derivado de petróleo é a presidente da Petrobras, e não o presidente da República", declarou.
  • O presidente comentou a decisão de aumento da taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual pelo Copom (Comitê de Política Econômica), agora sob a presidência de Gabriel Galípolo no Banco Central. É indicado de Lula.
    • Anteriormente, Lula fazia críticas ao indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto, pelo patamar da taxa básica de juros. A tendência de alta continua e, agora, Lula tratou o assunto com naturalidade, sem críticas.
  • Lula disse que não vai interferir no preço dos alimentos.
  • O presidente falou que, "por ele", não vai fazer outro ajuste fiscal. Esta declaração foi interpretada por analistas de grandes emissoras como um sinal controverso em relação ao trabalho de Haddad.
    • Na visão desses analistas, de um lado o presidente afaga o ministro e enaltece seu trabalho; de outro, coloca para o ministro o peso de um eventual ajuste fiscal novo.
  • Reforçou que "o Brasil virou o celeiro do mundo", reforçando a posição do país como exportador de alimentos. Nesse mesmo sentido, enalteceu o acordo comercial firmado com a União Europeia 🇪🇺.
  • Lula comentou a reunião com bancos para discutir crédito consignado. "Vai ser o maior programa de crédito da História desse país, então, se preparem, porque vem uma bomba boa de crédito neste país". De acordo com ele, "faltam alguns ajustes de linguagem jurídica", mas é uma "grande novidade".
    • "Quem imaginava o governo Lula fazendo um acordo com os bancos? Pois está feito", disse.
  • Respondendo sobre um eventual cenário de taxação dos Estados Unidos, Lula disse que optaria pela "reciprocidade", portanto taxaria de volta. Falou que já trabalhou com presidentes norte-americanos que eram democratas e republicanos. Em todos os casos, tratou das relações com institucionalidade.
  • "Não pode gastar mais do que a gente tem capacidade de arrecadar", Lula falou, pregando responsabilidade fiscal. O presidente pregou capacidade de pagamento. "Eu não vou fazer com que o Brasil estoure", declarou.

Lula disse querer estabelecer que "quer ter mais conversas" com os jornalistas para que possa "derrotar a mentira nesse país". Disse que "não é possível o que está acontecendo no mundo com a democracia", que será "a grande derrotada" se a sociedade continuar a "permitir o crescimento da extrema direita".

As declarações do presidente à imprensa ocorrem pouco depois de Sidônio Palmeira assumir a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República). Ele foi o marqueteiro de Lula em 2022.

Se quiser, assista à entrevista inteira no YouTube.

Dólar cai pela 9ª vez consecutiva

O mercado financeiro reagiu bem às declarações de Lula. Também houve entrada de capital estrangeiro no país. O dólar caiu pela 9ª vez consecutiva e fechou cotado a R$ 5,85. O Ibovespa teve a maior alta percentual num só dia desde maio de 2023: subiu 2,82%, a 126.912,78 pontos. A alta acumulada do índice em janeiro é de 5,51%.

Déficit, mas meta fiscal cumprida

O Tesouro Nacional divulgou nesta quinta-feira (30.jan) que as contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 43 bilhões em 2024. No entanto, a meta fiscal foi cumprida.

Isso porque, descontando-se as despesas (extraordinárias) das enchentes no Rio Grande do Sul, o combate aos incêndios no Pantanal e na Amazônia e os aportes ao Judiciário e ao MP (Ministério Público), o déficit foi de R$ 11 bilhões. ✔️

O resultado equivale a 0,09% do PIB (Produto Interno Bruto). Portanto, considera-se dentro da margem prevista pelo arcabouço fiscal, que libera até 0,25% do PIB. É o melhor resultado desde 2022, quando foi registrado um superávit de R$ 54 bilhões.

Em 2023, o déficit total foi de R$ 228,5 bilhões. Isso mostra que 2024 teve uma queda de 81% no resultado negativo.

Disputa pelas presidências na Câmara e no Senado

Câmara e Senado elegem seus presidentes neste sábado (1.fev.2025) / Imagem: Leonardo Sá/Agência Senado

A Câmara e o Senado elegem neste sábado (1.fev.2025) seus presidentes e suas Mesas Diretoras para o biênio 2025-2026. A eleição ocorre antes mesmo do fim do recesso parlamentar, que só acaba oficialmente na segunda-feira (3.jan), quando está prevista uma sessão solene no Congresso Nacional para marcar o início dos trabalhos legislativos.

Eis os principais candidatos para cada Casa:

  • Câmara: Hugo Motta (Republicanos-PB), substituindo Arthur Lira (PP-AL).
  • Senado: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), substituindo Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A vitória dos 2 nas duas Casas é dada como certa. No entanto, como os pleitos são secretos, é interessante observar se outros candidatos terão votações expressivas.

Como é a votação no Senado?

As regras da votação no Senado são definidas pelo Ato 2/2025, assinado por Pacheco. Todos os senadores que quiserem concorrer têm que formalizar a intenção, por escrito, na Secretaria-Geral da Mesa, até que se inicie o uso da palavra pelo 1º candidato inscrito.

Após os discursos, será iniciada a votação por escrutínio secreto, quando houver mais de um candidato, ou por meio sistema eletrônico de votação, em caso de candidatura única.

Quando houver duas ou mais candidaturas, a escolha será feita por meio de cédula única que conterá os nomes dos candidatos em ordem alfabética, com espaço para a sinalização e escolha de um único candidato pelos senadores votantes.

Estas são as informações da Agência Senado.

Na Câmara, o candidato precisa de maioria absoluta dos votos em primeira votação (257) ou ser o mais votado no 2º turno, caso haja. A tendência é que Hugo Motta seja eleito logo, na 1ª votação.

☞ O ano legislativo começa na segunda-feira (3.fev), quando ocorre uma sessão solene no Congresso Nacional, às 15h, para marcar o início dos trabalhos.

Congresso tem que votar Orçamento de 2025

A volta aos trabalhos do Congresso Nacional tem uma pauta obrigatória a ser votada: o Orçamento de 2025, cuja votação costuma ocorrer no ano anterior. Os congressistas, no entanto, usaram seus últimos dias de 2024 para analisar o pacote fiscal do governo federal.

Já o governo federal está concluindo um ajuste no PL (projeot de lei) que propõe a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil ao mês. Quando concluir, enviará ao Congresso.


Vários dos assuntos mais relevantes desta curadoria de notícias foram previamente listados na Agenda da Semana do Correio Sabiá, que é divulgada aos domingos, por e-mail, para nossos apoiadores.

A Agenda da Semana é uma exclusividade que oferecemos. Por e-mail, é um benefício antecipado. No site, o acesso é livre. Contém as previsões dos principais eventos políticos, econômicos e ambientais que mapeamos nestes dias. As atualizações são quase diárias.

Acidente aéreo nos EUA: Trump culpa política de diversidade

Um avião ✈️ e um helicóptero 🚁 colidiram em Washington, nos Estados Unidos 🇺🇸. Não houve sobreviventes. Ao todo, 67 morreram, no pior acidente aéreo do país em 20 anos, desde o 11 de setembro. As causas ainda estão sendo investigadas.

O presidente Donald Trump falou com a imprensa em seguida. Culpou os programas de diversidade e inclusão de governos anteriores, dos presidentes Joe Biden e Barack Obama, pelo acidente. Na visão de Trump, os programas de inclusão permitem a contratação de pessoas menos qualificadas, que por sua vez causam um acidente como este.


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