Trump anuncia reunião com Rússia e Ucrânia, mas Kiev tem participação incerta
Se ocorrer, reunião será na Alemanha; para acordo de paz avançar, Ucrânia deve ficar fora da Otan e trocar territórios com a Rússia

O presidente dos Estados Unidos 🇺🇸, Donald Trump, anunciou para esta sexta-feira (14.fev.2025) uma reunião na qual participariam integrantes do "alto escalão" dos EUA 🇺🇸, da Rússia 🇷🇺 e da Ucrânia 🇺🇦 para tratar da guerra e de um eventual acordo de paz entre estes 2 últimos países.
No entanto, o governo ucraniano disse que não há nenhuma conversa programada. Por isso, ainda não sabemos se o encontro vai mesmo ocorrer (e quem vai participar, exatamente). Se for, será em Munique, na Alemanha 🇩🇪.
Trump afirmou na quinta-feira (13.fev) que "confia" no presidente russo Vladimir Putin em relação à guerra na Ucrânia. Deu a declaração durante entrevista coletiva na Casa Branca, sede do Poder Executivo dos EUA.
Na mesma ocasião, Trump defendeu o retorno da Rússia ao G7. Anteriormente, o grupo era G8, mas desde a anexação da região da Crimeia, em 2014, os russos na prática não fazem mais parte do colegiado, que também conta com Estados Unidos 🇺🇸, Canadá 🇨🇦, Japão 🇯🇵, Alemanha 🇩🇪, Reino Unido 🇬🇧, França 🇫🇷 e Itália 🇮🇹.
- Em 2014, com a anexação, a Rússia foi suspensa do grupo. Em 2017, foi definitivamente expulsa.
Na véspera, quarta-feira (12), Trump anunciou que fez uma ligação para Putin, na qual falaram por mais de 1 hora. Em seguida, também falou por telefone com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Já o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou nesta quinta-feira (13) que "tudo está em cima da mesa" para acabar com a guerra na Ucrânia. Sugeriu até cortar parte das tropas norte-americanas na Europa como parte do acordo.
Lideranças europeias reclamam que precisam participar do acordo, inclusive por questões de segurança. O presidente da Ucrânia disse para a comunidade internacional não confiar em Putin.
Como parte do acordo para interromper a guerra:
- A Ucrânia deve ser proibida de entrar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos EUA e que envolve quase todos os países europeus. Trump sugeriu que não seria "prático" para a Ucrânia se juntar ao grupo.
- A atividade da Otan no leste europeu deve ser drasticamente reduzida.
- A Ucrânia deve ter que ceder parte de seus territórios.
- Ainda não sabemos exatamente quais, então teremos que acompanhar as negociações de perto. No entanto, o próprio Trump indicou que é improvável que a Ucrânia retorne às suas fronteiras pré-2014, embora tenha mencionado que "parte daquela terra voltaria" aos ucranianos.
Enquanto os desdobramentos diplomáticos ocorrem, os bombardeios mútuos continuam. Um ataque com mísseis russos contra Kiev (capital ucraniana) na noite de 11 para 12 de fevereiro deixou pelo menos 1 civil morto e 4 pessoas feridas. Já a Ucrânia fez um ataque com drones perto da Central Nuclear de Zaporizhia, que está sob controle da Rússia.
Concomitantemente, o presidente dos EUA continua fazendo anúncios de taxas aos outros países. Um dos exemplos citados pela Casa Branca é o etanol brasileiro. Cerca de 17% das exportações do Brasil para este produto são para os EUA.
Desta vez, Trump determinou tarifas "recíprocas". Ou seja, quem taxa será taxado igualmente. Alguns dos últimos movimentos tarifários do presidente norte-americano tiveram negociação, com taxas sendo suspensas.
Apoie nossos voos
Fazemos um trabalho jornalístico diário e incansável desde 2018, porque é isso que amamos e não existe nada melhor do que fazer o que se ama. Somos movidos a combater a desinformação e divulgar conhecimento científico.
Fortalecemos a democracia e aumentamos a conscientização sobre a preservação ambiental. Acreditamos que uma sociedade bem-informada toma decisões melhores, baseadas em fatos, dados e evidências. Empoderamos a audiência pela informação de qualidade.
Por ser de alta qualidade, nossa operação tem um custo. Não recebemos grana de empresas, por isso precisamos de você para continuar fazendo o que mais gostamos: cumprir nossa missão de empoderar a sociedade civil e te bem-informado. Nosso jornalismo é independente porque ele depende de você.
Apoie o Correio Sabiá. Cancele quando quiser.