Quem é o presidente da COP30?
André Corrêa do Lago é o atual secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores
O governo brasileiro escolheu nesta terça-feira (21.jan.2025) o embaixador André Corrêa do Lago para a presidência da COP30, a Conferência das Partes das Nações Unidas 🇺🇳, mais importante encontro global sobre mudanças climáticas. A edição deste ano (2025) ocorre de 10 a 21 de novembro, em Belém (Pará), na Amazônia.
André Corrêa do Lago é o atual secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) emitiu uma nota na qual celebrou a escolha.
De acordo com a organização técnico-científica com atuação na Amazônia, o embaixador "apresenta capacidade e experiência necessária e está à altura da árdua missão de ajudar o país a mediar os temas complexos, construir diálogos mundiais de alto nível e superar o desafio para construir consenso em torno da agenda climática."
André Corrêa do Lago nasceu em 1959. Foi embaixador no Japão 🇯🇵 (2013-2018) e na Índia 🇮🇳 (2018-2023). Foi também negociador-chefe do Brasil sobre mudanças do clima (2011-2013 e 2023-2024). Atuou na presidência do Brasil no G20 em 2024.
☞ A secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, será a diretora-executiva da COP30. Trabalhará ao lado de André Corrêa do Lago na construção do evento.
Saída dos EUA do Acordo de Paris
A COP30 ocorrerá num contexto de saída dos Estados Unidos 🇺🇸 do Acordo de Paris (*detalhes abaixo), medida implementada pelo presidente Donald Trump assim que assumiu o cargo, logo em seu 1º dia.
"Não há a menor dúvida de que [a saída dos EUA] terá um impacto significativo na preparação para a COP", disse André Corrêa do Lago ao assumir o cargo.
Já a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, em entrevista ao Jornal das 10 da Globonews na noite desta terça-feira (21), lembrou que em 2017, quando Trump também retirou os EUA do Acordo de Paris em seu 1º mandato, houve mobilização de agentes privados para suprir investimentos.
"O presidente Trump já esteve no governo e já saiu do Acordo de Paris quando estava no governo. Naquele momento, o que vimos foi um movimento muito interessante (...) que deu um anteparo no que o presidente Trump quis fazer", falou.
Toni lembrou que a saída do Acordo coloca os Estados Unidos ao lado de um grupo mínimo de países, como Iêmen 🇾🇪, Líbia 🇱🇾 e Irã 🇮🇷. Acrescentou que não espera por uma debandada, baseando-se novamente na experiência anterior.
A diretora-executiva citou que a Argentina 🇦🇷, sob a Presidência de Javir Milei, que é alinhado a Trump, esboçou deixar o Acordo em 2024, mas foi chamada de volta.
Ela ainda disse que, "da política climática americana, quase 60% está nas mãos dos estados, diferentemente do Brasil [que é federalizado]".
"Esses estados têm muito poder, assim como o setor privado", declarou.
Toni ainda citou eventos climáticos extremos, como os incêndios em Los Angeles, que deixaram mais de 20 mortos.
"O governo americano, saindo do Acordo de Paris, não está protegendo sua própria população", afirmou.
Já o diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães (outro André) disse que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris é “uma péssima notícia para o clima” e destacou que este momento é diferente de 2017.
“Tem uma diferença entre o que está acontecendo agora, em 2025, e o que foi em 2017. Naquele ano, quando Donald Trump fez a retirada dos EUA do Acordo de Paris, empresas e Estados subnacionais se uniram na iniciativa ‘We are all in’, ou seja, ‘nós continuamos dentro [do Acordo de Paris]. Boa parte da sociedade norte-americana levantou a bandeira de que continuaria no Acordo de Paris, à revelia da decisão do governo federal na época. Mas a gente não viu esse movimento agora, pelo contrário: há setores, como o financeiro, anunciando que vão baixar a barra das medidas de compliance com as questões climáticas dos seus investimentos”, disse numa nota publicada pelo IPAM.
O ano mais quente da História foi 2024. Neste contexto, ambientalistas estão alarmados que o país que historicamente mais emite gases de efeito estufa –Estados Unidos– esteja saindo do pacto global.
Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 20% a 25% do dióxido de carbono liberado na atmosfera desde 1950, emissão associada a um aquecimento médio de 0,2°C na temperatura global.
“Estamos diante de um agravamento dos impactos das mudanças climáticas, com aumento de temperatura e eventos extremos amplificados. A desidratação dos EUA em relação às metas climáticas é uma péssima notícia para o clima, para uma agenda já em atraso e com pouca ambição. E no momento em que deveríamos aumentar essa ambição, cerca de 20% a 25% das emissões do planeta Terra, vindas dos EUA, saem da mesa de discussão”, disse Guimarães.
O que é o Acordo de Paris?
Assinado por 196 países, o Acordo de Paris é um tratado internacional adotado em 12 de dezembro de 2015 durante a COP21, realizada em Paris, na França (🇫🇷). Seu objetivo principal é combater as mudanças climáticas e reduzir o aquecimento global. Entrou oficialmente em vigor no dia 4 de novembro de 2016.
Já a COP é a Conferência das Partes das Nações Unidas 🇺🇳, mais importante encontro global para discutir as mudanças climáticas e propor medidas de mitigação do aquecimento do planeta. A 21ª edição da COP ocorreu na França 🇫🇷. A 30ª ocorre em novembro deste ano, 2025, no Brasil 🇧🇷. O evento é anual.
- Leia também: COP29 aprova nova meta de financiamento climático: US$ 300 bilhões ao ano; entenda o 'fracasso'
Além de sair do Acordo de Paris, Trump também promoveu uma série de medidas contra imigrantes e minorias. Também retirou o financiamento do governo federal à OMS (Organização Mundial da Saúde). Para saber quais foram as iniciativas implementadas pelo novo/antigo presidente norte-americano, leia este conteúdo.
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