Presidente da ANS diz que só tomou conhecimento de denúncias contra Prevent Senior pela CPI

Presidente da ANS diz que só tomou conhecimento de denúncias contra Prevent Senior pela CPI
Paulo Rebello em depoimento à CPI / Foto: Leopoldo Silva / Agência Senado
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Presidente da ANS diz que só tomou conhecimento de denúncias contra Prevent Senior pela CPI

Paulo Rebello disse que denúncias são “extremamente graves” e apontou medidas a serem tomadas
Paulo Rebello, diretor-presidente da ANS, em depoimento à CPI / Foto: Leopoldo Silva / Agência Senado
Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho durante depoimento à CPI / Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Paulo Rebello Filho afirmou nesta 4ª feira (06.out.2021) em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia no Senado que só tomou conhecimento das denúncias envolvendo a operadora de saúde Prevent Senior por meio da Comissão.

A operadora é investigada pela CPI por supostamente forçar seus médicos conveniados a prescreverem o “kit covid” (medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento contra a covid-19) para o tratamento de seus pacientes, sem consentimento deles ou de familiares. A Prevent também teria ocultado a covid-19 de atestados de óbito para reforçar a eficácia desses medicamentos.

Entre 2016 e 2018, o diretor foi assessor do então ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara. O ex-ministro é alvo de investigações da CPI porque estaria envolvido em um suposto esquema de desvio de dinheiro na compra da vacina Covaxin pelo governo federal. Por isso, Rebello foi convocado a prestar depoimento.

Alguns senadores da Comissão declararam desconfiar da versão apresentada pelo diretor.

“Vossa Senhoria deve ter dentro de sua estrutura uma assessoria de imprensa muito boa. Não me convence que só tenha tomado conhecimento depois da CPI, porque blogs e jornais já denunciavam a Prevent Senior desde março”, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).

O diretor respondeu ao senador que a ANS trabalha “sob demanda” e, por isso, não atuou anteriormente para apurar as denúncias.

“Importante reiterar que a ANS teve conhecimento das graves acusações contidas em dossiê contra a Prevent Senior pela CPI da Covid e tais situações nunca foram denunciadas diretamente à agência e não apareceram nos monitoramentos feitos periodicamente pela ANS”, afirmou Rebello. 

Ele foi retrucado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que reiterou a desconfiança afirmando que só Rebello e a assessoria dele no Brasil não sabiam do “assunto da Prevent Senior”.

ANS recebeu 38 reclamações sobre ‘kit covid

Paulo Rebello Filho disse aos senadores que a ANS recebeu, durante a pandemia, em torno de 14 mil reclamações sobre os procedimentos adotados pela Prevent Senior em relação à covid. Destas, 38 se referiram especificamente aos medicamentos do “kit covid”.

No entanto, de acordo com o diretor, “não cabe qualquer interferência da ANS em relação a receita ou prescrição de medicamentos”, mas sim ao CFM (Conselho Federal da Medicina) e aos CRMs (Conselhos Regionais de Medicina).

De outro modo, quando se tratar de pressão feita sobre profissionais para uso de remédios específicos, Rebello disse que caberá atuação da Agência.

Prevent Senior se torna investigada da ANS

Apesar de ter afirmado que ele e a ANS foram “surpreendidos” pelas investigações da CPI sobre a Prevent Senior, o diretor afirmou que as denúncias feitas são “extremamente graves” e que medidas já foram tomadas pela ANS.

De acordo com Rebello, a agência enviará um diretor técnico para acompanhar de perto a atuação da operadora, que precisará demonstrar que houve ajuste de conduta e “conserto do atendimento prestado”.

O diretor não descartou o que chamou de “liquidação da operadora”, isto é, o fechamento dela. Mas ressaltou que isso é improvável.

Em nota, a Prevent Senior negou ter sido contatada sobre essas medidas, mas disse que houve uma visita técnica de membros da ANS e que apenas documentos foram recolhidos.

“A empresa passou por uma fiscalização in loco por técnicos da agência. Na ocasião, a operadora apresentou diversos documentos que ainda deverão ser analisados pela agência”, informou. 

Ao concluir a nota, a operadora negou a acusações e disse que investigações como a da ANS restabelecerão a “verdade dos fatos”.


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