Quantidade de pesquisas eleitorais sobe 61% de 2018 para 2022
Quantidade de pesquisas eleitorais sobe 61% de 2018 para 2022
Por outro lado, valor gasto nos levantamentos apresentou queda, considerando correção pela inflação
Embora os valores gastos com pesquisas tenham reduzido de 2018 para 2022 (considerando a correção monetária do período), a quantidade de pesquisas eleitorais realizadas cresceu, passando de 1.566 para 2.522 levantamentos, respectivamente. Ou seja, um salto de 61,04%. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e fazem parte de levantamento feito pelo Correio Sabiá.
“A disputa [eleitoral] é muito aguerrida, com engajamento imenso. Portanto, há interesse muito grande pelos institutos de pesquisas e pelos principais órgãos da mídia para tentar compreender. O engajamento do eleitor nessa eleição é muito grande. A gente percebe isso – e isso vem, praticamente, desde o mês de julho, agosto… Isso demanda mais pesquisas, novos institutos, etc.”, afirmou ao Correio Sabiá o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-MG, Robson Sávio.
Da mesma maneira, o número de eleitores ouvidos nas pesquisas eleitorais também aumentou na comparação entre as eleições de 2018 com 2022, subindo de 2,3 milhões (2.332.290) para 3,6 milhões (3.677.749) de pessoas escutadas, respectivamente. Isso equivale a um aumento de 56,52%.
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Metodologia: O levantamento do Correio Sabiá considerou o calendário eleitoral divulgado pelo TSE para as eleições de 2022. O dia 1º de janeiro de 2022 foi a data “a partir da qual as entidades ou empresas que realizam pesquisas de opinião pública sobre as eleições ou às possíveis candidatas ou candidatos, para conhecimento público”, ficaram obrigadas a registrar essas pesquisas no PesqEle (Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais), com até 5 dias antes da data definida para divulgação.
Já o dia 26 de setembro de 2022 foi o “último dia para o registro (…) das pesquisas de opinião pública realizadas em data anterior ao dia das eleições, para conhecimento público”. No período do dia 1º de janeiro ao 26 de setembro de 2022, foram registradas 2.522 pesquisas eleitorais no TSE:
Em 2018, não havia uma data limite para registros de pesquisas eleitorais até o 1º turno da eleição. Para fazer o levantamento, o Correio Sabiá considerou as pesquisas registradas de 1º de janeiro de 2018 a 5 de outubro de 2018 (2 dias antes do 1º turno da eleição daquele ano, realizado no dia 7 de outubro).
Valor gasto com pesquisas eleitorais caiu 20%
O gasto com pesquisas eleitorais caiu 20,04% da eleição geral de 2018 para o pleito de 2022, embora a quantidade de pesquisas tenha aumentado.
Números: os valores caíram de R$ 142,7 milhões (exatamente 142.706.860,44) de 2018 (atualizados pela inflação do período) para pouco mais de R$ 114,1 milhões (R$ 114.139.403,52) neste ano, 2022.
Para chegar ao valor de 142,7 milhões, o Correio Sabiá considerou o gasto de R$ 109,8 milhões (exatamente R$ 109.817.944,50) com pesquisas eleitorais em 2018, como informado pelo TSE, e atualizou-o pela inflação correspondente ao período de janeiro de 2018 a agosto de 2022, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é a inflação oficial do país medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A atualização ocorreu por meio de uma ferramenta online que o próprio IBGE disponibiliza. Segundo o instituto, houve atualização de quase 30% (29,95%) no valor de R$ 109,8 milhões, equivalente a R$ 142,7 milhões nos dias atuais de momento de publicação desta reportagem.
“Os gastos são bastante altos, mas acontece que há novas metodologias que às vezes tornam as pesquisas um pouco mais baratas sob o ponto de vista financeiro. Boa parte desses institutos utilizam as pesquisas via telefone. E essa pesquisa é muito mais barata do que as pesquisas presenciais. O DataFolha e o Ipec, por exemplo: um utiliza a pesquisa nos domicílios e o outro faz pesquisas na rua. E obviamente essas pesquisas são muito mais caras, porque você tem que ter a equipe muito bem treinada em várias cidades, com deslocamento e outros gastos”, disse Robson Sávio ao Correio Sabiá.
“A pesquisa por telefone torna tudo muito mais barato, porque [o instituto de pesquisa] pode ter uma central telefônica num determinado lugar, fazer o sorteio das bases de dados para verificar as amostras necessárias e, a partir dali, usar telefone. Inclusive, alguns institutos nem usam pessoas para fazer as pesquisas. Usam robôs. Os sorteios são feitos aleatoriamente, as perguntas são aleatórias e a pessoa simplesmente digita o número relativo à resposta no celular, porque torna a pesquisa muito mais barata. Então, talvez isso seja uma explicação para o aumento no número de pesquisas, mas não necessariamente um aumento no gasto”, completou o coordenador da PUC-MG.
Pesquisas eleitorais foram contestadas por leitores do Correio Sabiá em canal de perguntas
Assobio: este texto abaixo NÃO tem caráter de reportagem. Trata-se de um esclarecimento, com fins de transparência entre o Correio Sabiá e seus leitores, a partir de perguntas feitas por 2 leitores diretamente para esta startup. Por considerarmos um assunto pertinente e por acreditarmos que o Jornalismo deve ser feito em contato direto com a audiência, decidimos nos manifestar desta maneira.
O Correio Sabiá publicou na manhã desta quinta-feira (6.out.2022) em seus 18 grupos de WhatsApp, com cerca de 3,5 mil leitores diários no total, a sua tradicional curadoria de notícias que completa 4 anos no final deste mês. Um dos destaques (o 1º deles) foi a pesquisa Ipec divulgada na quarta-feira (5), que mostrava o ex-presidente luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 55% dos votos válidos, à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 45%.
Em seguida, o Correio Sabiá foi questionado por 2 leitores sobre o destaque dado à pesquisa eleitoral, considerando que a última edição da mesma pesquisa apresentou considerável discrepância em relação ao resultado das urnas. Outros levantamentos de outros institutos também mostraram inconsistências.
Os 2 questionamentos dos leitores ocorreram no próprio WhatsApp, sendo que um deles foi também formalizado num canal via Google Forms que o Correio Sabiá abriu exatamente para que os leitores (ou ouvintes, já que temos um podcast diário nas principais plataformas de streaming) possam fazer perguntas para nós.
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Por causa dessas perguntas, decidimos: escrever este texto, responder publicamente à pergunta feita e repensar a forma como fazemos nosso Jornalismo (convidamos todas e todos a se juntarem a nós), considerando que:
- O objetivo desse canal via Google Forms é aumentar a interação com a audiência e melhorar a qualidade da informação, de acordo com as necessidades de cada um;
- Feedbacks são ESSENCIAIS para qualquer startup, como é o caso do Correio Sabiá;
- Encorajamos todos os leitores e ouvintes a pensarem em como podemos tornar o Jornalismo melhor e mais participativo.
‘Por que divulgar pesquisa eleitoral se a última errou?’
Em resposta ao leitor que formalizou a pergunta via Google Forms, dissemos que:
- Precisamos pensar a respeito de como informar sobre pesquisas e que, talvez, na edição desta sexta-feira (7), coloquemos uma nota com a observação de que houve pesquisas que erraram ou que mudemos, a partir de agora, nossa maneira de noticiar;
- Observamos que se trata de uma pergunta difícil de responder e delicada, uma vez que provoca reflexão sobre o que noticiar e o que não noticiar –ou como noticiar;
- Tanto é delicado que, praticamente, não divulgamos pesquisas eleitorais no Correio Sabiá. Inclusive, já comentamos sobre essa opção por não divulgá-las em podcast e numa curadoria de notícias enviado no WhatsApp;
- Neste caso, a opção por divulgar a pesquisa ocorreu em exceção daquilo que temos adotado como padrão durante a eleição por ser a 1ª pesquisa divulgada (de um grande instituto) após o 1º turno. Ou seja, “como está o cenário nesse momento de largada do 2º turno?” Os eleitores, tanto de A quanto de B, costumam querer enxergar esse contexto, fizemos essa suposição. Assim, abrimos exceção;
- A decisão de noticiar a pesquisa, portanto, ocorreu depois de um processo de reflexão (que não foi nada rápido) desta startup.
Além disso, como fomos perguntados se considerávamos “desinformação eleitoral” a divulgação de uma pesquisa de um instituto que errou em edição anterior, dissemos que não.
Isso porque se trata de informação vinda de “um instituto registrado e com credibilidade, embora os erros de pesquisas possam ocorrem e tenham, sim, ocorrido. Mas até o momento se trata de uma instituição reconhecida”, conforme respondemos ao leitor.
Por fim, falamos que buscaríamos uma solução para reduzir esse impasse e que ainda não temos uma resposta para isso. Deixamos, no entanto, algumas possibilidades em aberto:
- Talvez, não divulgar pesquisas (já era, de certa forma, nossa linha editorial);
- Talvez, divulgar um compilado de várias pesquisas para ter uma espécie de “curadoria” de pesquisas, com estatística, mostrando uma média de tudo o que apontam os institutos;
- Talvez, divulgar pesquisas mas fazendo observações de que erros podem ocorrer (o que já está contemplado, de certa forma, na margem de erro das próprias pesquisas, embora possamos ser mais assertivos em relação a esse aspecto).
Em resumo: considerando o feedback pertinente, o Correio Sabiá se comprometeu a avaliar uma alternativa e, antes de tudo, escrever este artigo para mostrar de forma transparente como fez (e fará) sua produção jornalística, sempre com foco na audiência e considerando e estimulando feedbacks.
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