23% dos ataques contra jornalistas são de gênero, mostra ferramenta

23% dos ataques contra jornalistas são de gênero, mostra ferramenta
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Quase 1 a cada 4 ataques contra jornalistas são de gênero, mostra ferramenta

Plataforma da Abraji patrocinada pela Unesco apontou 78 ofensas desse tipo contra profissionais da imprensa
Abraji mostra que maior parte dos ataques contra jornalistas têm mulheres como alvo / Foto: The Climate Reality Project/Unsplash
Abraji mostra que maior parte dos ataques de gênero contra jornalistas têm mulheres como alvo / Foto: The Climate Reality Project/Unsplash

Quase 1 a cada 4 ataques contra profissionais de imprensa entre janeiro e outubro deste ano usaram o gênero, a sexualidade ou a orientação sexual como argumentos para a agressão. É isso o que aponta uma ferramenta online lançada pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) no último dia 1º. 

A plataforma faz parte do projeto Violência de gênero contra jornalistas, iniciativa da Abraji patrocinada pela Unesco que monitora casos de ataques de gênero contra profissionais de imprensa desde janeiro de 2021.

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Ao todo, a ferramenta registrou 78 ataques de gênero de janeiro a outubro de 2021, de um total de 335 ofensas contra esses profissionais. O percentual corresponde a 23,3%.

A plataforma também mostrou que as mulheres são o alvo preferencial das agressões. Dos 78 ataques, 71 foram contra mulheres jornalistas. 

Houve ainda 2 episódios contra meios de comunicação com viés feminista e 5 situações de homofobia contra comunicadores. 

Considerando que o período de janeiro a outubro tem pouco mais 300 dias, a média é de 1 ataque com características de gênero a cada 3,9 dias.

Aumento de 16,4% das ocorrências contras as mulheres em 2021

A Abraji mostrou numa reportagem que as 71 ocorrências registradas contra as mulheres em 10 meses deste ano já representam um aumento de 16,4% em relação ao total de 61 casos contra elas em 2020.

A associação também apontou que 65,4% das agressões contra as mulheres que envolveram gênero e sexualidade tiveram origem ou desdobramentos nas redes sociais. 

Além disso, os homens foram os principais responsáveis por essas agressões (64,1% dos casos), dentro e fora da internet.

Outro padrão das agressões (41%), segundo a Abraji, é a participação de agentes estatais. A associação cita o presidente Jair Bolsonaro (PL) e 2 de seus filhos –o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). 

O próprio presidente da República teria sido responsável por 7 ataques durante o ano. Já Eduardo, por 5. Carlos, por 4.

Veja abaixo como são os tipos de agressão contra as mulheres jornalistas, meios de comunicação e comunicadores em geral, quando os ataques envolvem gênero:

  • discurso estigmatizante: 73,1% 
  • ameaças, intimidações e ciberameaças: 19,2%
  • agressões físicas: 9%
  • restrições na internet: 5,1% 
  • destruição de equipamentos: 3,8%
  • restrições de acesso a informações: 2,5% 
  • processos civis e penais: 2,5%

A Abraji ainda afirmou que os números “podem não traduzir a realidade devido à subnotificação de casos, especialmente fora dos grandes centros urbanos e dos principais veículos de comunicação do país”. 

Há um canal de denúncias pelo qual profissionais da imprensa podem reportar episódios de violência que tenham sofrido ou presenciado ao longo de 2021.


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