Gasto com pesquisas eleitorais cai 20% na eleição de 2022
Levantamento feito pelo Correio Sabiá compara os gastos desta eleição geral com a última, em 2018
O fato principal
O gasto com pesquisas eleitorais caiu 20,04% da eleição geral de 2018 para o pleito de 2022, embora a quantidade de pesquisas tenha aumentado. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e fazem parte de levantamento feito pelo Correio Sabiá.
Números: os valores caíram de R$ 142,7 milhões (exatamente 142.706.860,44) de 2018 (atualizados pela inflação do período) para pouco mais de R$ 114,1 milhões (R$ 114.139.403,52) neste ano, 2022.
Para chegar ao valor de 142,7 milhões, o Correio Sabiá considerou o gasto de R$ 109,8 milhões (exatamente R$ 109.817.944,50) com pesquisas eleitorais em 2018, como informado pelo TSE, e atualizou-o pela inflação correspondente ao período de janeiro de 2018 a agosto de 2022, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é a inflação oficial do país medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A atualização ocorreu por meio de uma ferramenta online que o próprio IBGE disponibiliza. Segundo o instituto, houve atualização de quase 30% (29,95%) no valor de R$ 109,8 milhões, equivalente a R$ 142,7 milhões nos dias atuais no momento de publicação desta reportagem.
“Os gastos são bastante altos, mas acontece que há novas metodologias que às vezes tornam as pesquisas um pouco mais baratas sob o ponto de vista financeiro. Boa parte desses institutos utilizam as pesquisas via telefone. E essa pesquisa é muito mais barata do que as pesquisas presenciais. O DataFolha e o Ipec, por exemplo: um utiliza a pesquisa nos domicílios e o outro faz pesquisas na rua. E obviamente essas pesquisas são muito mais caras, porque você tem que ter a equipe muito bem treinada em várias cidades, com deslocamento e outros gastos”, afirmou ao Correio Sabiá o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-MG, Robson Sávio.
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“A pesquisa por telefone torna tudo muito mais barato, porque [o instituto de pesquisa] pode ter uma central telefônica num determinado lugar, fazer o sorteio das bases de dados para verificar as amostras necessárias e, a partir dali, usar telefone. Inclusive, alguns institutos nem usam pessoas para fazer as pesquisas. Usam robôs. Os sorteios são feitos aleatoriamente, as perguntas são aleatórias e a pessoa simplesmente digita o número relativo à resposta no celular, porque torna a pesquisa muito mais barata. Então, talvez isso seja uma explicação para o aumento no número de pesquisas, mas não necessariamente um aumento no gasto”, completou o coordenador da PUC-MG.
Aumento de 61% na quantidade de pesquisas eleitorais em 2022
Embora os valores gastos com pesquisas tenham reduzido, considerando a correção monetária do período, o número de pesquisas eleitorais cresceu de 2018 para 2022, passando de 1.566 para 2.522 levantamentos. Ou seja, a quantidade de levantamentos saltou 61,04%.
“A disputa [eleitoral] é muito aguerrida, com engajamento imenso. Portanto, há interesse muito grande pelos institutos de pesquisa e pelos principais órgãos da mídia para tentar compreender. O engajamento do eleitor nessa eleição é muito grande. A gente percebe isso – e isso vem, praticamente, desde o mês de julho, agosto… Isso demanda mais pesquisas, novos institutos, etc.”, disse Robson Sávio ao Correio Sabiá.
Da mesma maneira, o número de eleitores ouvidos nas pesquisas eleitorais também aumentou na comparação entre as eleições de 2018 e 2022, subindo de 2,3 milhões (2.332.290) para 3,6 milhões (3.677.749) de pessoas escutadas, respectivamente. Isso equivale a um aumento de 56,52%.
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Metodologia
O levantamento do Correio Sabiá considerou o calendário eleitoral divulgado pelo TSE para as eleições de 2022. O dia 1º de janeiro de 2022 foi a data “a partir da qual as entidades ou empresas que realizam pesquisas de opinião pública sobre as eleições ou às possíveis candidatas ou candidatos, para conhecimento público”, ficaram obrigadas a registrar essas pesquisas no PesqEle (Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais), com até 5 dias antes da data definida para divulgação.
Já o dia 26 de setembro de 2022 foi o “último dia para o registro (…) das pesquisas de opinião pública realizadas em data anterior ao dia das eleições, para conhecimento público”. No período do dia 1º de janeiro ao 26 de setembro de 2022, foram registradas 2.522 pesquisas eleitorais no TSE:
Em 2018, não havia uma data limite para registros de pesquisas eleitorais até o 1º turno da eleição. Para fazer o levantamento, o Correio Sabiá considerou as pesquisas registradas de 1º de janeiro de 2018 a 5 de outubro de 2018 (2 dias antes do 1º turno da eleição daquele ano, realizado no dia 7 de outubro).
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