Eleições no Mundo #01: Moldávia tem resultado pró-União Europeia

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Eleições no Mundo #01: Moldávia tem resultado pró-União Europeia
Imagem: Christina Kirschnerova / Unsplash
Índice

🇲🇩 Moldávia

O PAS (Partido da Ação e Solidariedade), que é pró-União Europeia, venceu a eleição parlamentar na Moldávia realizada no último domingo (28.set.2025) com 50,2% dos votos. Assim, obteve 55 de 101 cadeiras. O bloco de oposição ficou com 24,2% e 26 cadeiras.

Apesar de confirmar a trajetória de alinhamento à União Europeia, ainda há obstáculos para que o pequeno país do leste europeu (ex-integrante da União Soviética) se junte ao bloco.

O governo do PAS ficou com uma margem um pouco reduzida em relação à eleição anterior e terá o desafio de manter estabilidade e realizar as reformas institucionais exigidas para aproximação com o restante da Europa.

O resultado eleitoral ocorreu após uma campanha turbulenta, com acusações de interferência da Rússia, que teria tentado favorecer o principal partido de oposição a partir de iniciativas de desinformação nas redes.

O opositor Igor Dodon e seus apoiadores alegaram fraudes na eleição e convocaram protestos. Os atos foram modestos e controlados.

O que estamos lendo sobre este assunto

The pro-European party won Moldova’s election but obstacles to join the EU remain
Russia’s campaign to amplify societal distrust continues as membership talks have stalled
Após campanha turbulenta, partido pró-Europa surpreende ao vencer eleições na Moldávia
Sigla governista obtém 50,2% dos votos e mantém país em busca da adesão à UE, após um pleito marcado por acusações de interferência russa
Moldova’s Pro-EU Election Result A Win For Brussels As Much As Chisinau
Moldovan President Maia Sandu’s Action and Solidarity party (PAS) appears to have come out on top of crucial elections despite what appears to have been a concerted disinformation campaign from the Kremlin. But the real winner may be Brussels.
Mapeamos eleições em Moçambique 🇲🇿 e na Moldávia 🇲🇩
Veja também o infográfico que agrega pesquisas eleitorais nos Estados Unidos

🇲🇼 Malawi

Malawi teve eleição geral (presidencial e legislativa) no dia 16 de setembro de 2025. O ex-presidente Peter Mutharika (2014-2020) venceu com cerca de 56% dos votos, enquanto o presidente Lazarus Chakwera teve 33%.

Por outro lado, o Partido Democrático Progressista, de Chakwera, teve o maior número de cadeiras na votação legislativa. Diversos assentos foram conquistados por candidatos independentes ou partidos menores.

O resultado foi visto como uma rejeição do governo atual em meio a dificuldades econômicas (inflação em alta de mais de 20 %), dificuldades agrícolas e demanda por mudança.

A transição foi relativamente pacífica: Chakwera concedeu a derrota antes do anúncio oficial, num sinal de maturidade institucional. Também houve medidas judiciais e contestações, mas o tribunal superior rejeitou pedidos de suspensão da apuração.

🇬🇦 Gabão

O Gabão realizou no 27 de setembro de 2025 o 1º turno das eleições legislativas (parlamentares) e das eleições municipais. No dia 11 de outubro, ocorre o 2º turno nos 77 distritos em que há esta necessidade.

O novo partido de governo, UDB (Democratic Union of Builders, que seria União Democrática dos Construtores, em tradução literal para o português), fundado pelo presidente Brice Oligui Nguema após o golpe de Estado de 2023, venceu em vários distritos e conquistou inicialmente 55 dos 145 assentos.

A eleição é parte do processo de “retorno à ordem constitucional” após o golpe de 2023 que derrubou Ali Bongo. No entanto, o novo sistema e o novo código eleitoral permitem participação de militares nas eleições, o que gera dúvidas sobre a independência e a lisura do pleito.

🇸🇨 Seichelles

Seichelles teve seu 1º turno da eleição presidencial e legislativa realizado do dia 25 ao 27 de setembro. Patrick Herminie, do partido Seichelles Unida, teve 48,8 % dos votos. O presidente Wavel Ramkalawan (Linyon Demokratik Seselwa) teve 46,4%. Como nenhum ultrapassou 50 %, haverá 2º turno, marcado para o dia 9 ao 11 de outubro. No pleito legislativo, o Seichelles Unida ganhou 19 cadeiras e a LDS, 15.

A eleição ocorreu num contexto de disputas sobre políticas sociais, aposentadorias, transporte público e dependência econômica de turismo. Houve uma alta participação no 1º turno (82% dos eleitores), o que indica um engajamento expressivo da população.

🇬🇳 Guiné

Guiné realizou um referendo constitucional no dia 21 de setembro de 2025 que definiu, entre outras mudanças, a criação de um Senado e extensão de limites de mandato presidencial. A iniciativa foi aprovada com 89% de votos “sim”.

O referendo faz parte da estratégia da junta militar liderada por Mamady Doumbouya para legitimar sua transição ao poder “civil” após o golpe de 2021. A oposição denunciou fraude, manipulação, voto compulsório de chefes locais e pouca transparência no processo.

🇦🇷 Buenos Aires, Argentina

Houve eleições provinciais no dia 7 de setembro de 2025, e o partido peronista venceu com 47% dos votos. A coalizão La Libertad Avanza (aliada ao presidente argentino Javier Milei) ficou com apenas 34%. Foi uma dura derrota para Milei.

O pleito ocorreu após vazamento de gravações de áudio –atribuídas ao ex-diretor da Agência Nacional de Discapacidade argentina, Diego Spagnuolo– nas quais ele alegava um esquema de “retornos” (propinas) envolvendo contratos farmacêuticos da agência.

Nesse material, haveria menções de que entre 3% e 4% do valor dos contratos seriam destinados a intermediários, com implicações diretas para Karina Milei, irmão do presidente Javier Milei, e seu assessor Eduardo “Lule” Menem.

Spagnuolo, que já prestava serviços ao governo, foi demitido logo após o escândalo estourar, e juízes federais autorizaram buscas em seu gabinete e na empresa envolvida, Suizo Argentina.

O governo de Milei conseguiu uma ordem judicial para suspender a publicação das gravações que pudessem ter sido feitas dentro da Casa Rosada (palácio presidencial), sob a argumentação de que seriam fruto de uma operação de inteligência ilegal que visava desestabilizar o governo em meio à campanha eleitoral.

🇭🇳 Honduras

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) de Honduras anunciou na última segunda-feira (30.set) a adoção de uma série de medidas para ampliar a confiança nas eleições gerais marcadas para o dia 30 de novembro de 2025.

A decisão: auditar 100% dos registros de contagem de votos. Soma-se a isso a implementação de chips e selos de segurança em todas as urnas, que serão distribuídos a mais de 5 mil seções eleitorais. Haverá monitoramento via satélite do transporte de todo o material eleitoral.

A iniciativa é um sinal de compromisso com a transparência e a legitimidade dos resultados. É uma resposta às irregularidades detectadas nas eleições primárias, nas quais aproximadamente 31 mil votos foram perdidos, sendo 20 mil do Partido Liberal, 5 mil do Partido Nacional e 4 mil do Partido Livre.

🇳🇵 Nepal

Após protestos violentos e massivos, principalmente na capital Katmandu, a eleição para escolher um novo primeiro-ministro no Nepal foi marcada para março de 2026.

Em setembro, manifestações deixaram ao menos 72 nepaleses mortos, de acordo com informações da agência de notícias Reuters divulgadas no dia 14 daquele mês. Mais de 2,1 mil ficaram feridos.

Os atos no Nepal foram marcados por um aplicativo gamer chamado Discord, que funciona com serviços de mensagem (como o WhatsApp) e criação de comunidades. A maioria dos manifestantes era da chamada "geração Z".

Em decorrência dos atos, que tiveram depredação de patrimônio público e incêndios a residências oficiais de integrantes do governo, o presidente do Nepal dissolveu o Parlamento no dia 12 de setembro e anunciou novas eleições para março de 2026.

Em votação informal pelo mesmo app –o Discord–, mais de 100 mil usuários (há fontes que citam cerca de 100 mil pessoas; outras, em torno de 145 mil) definiram indicaram que a jurista Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte do Nepal, seria a primeira-ministra interina do país. O gabinete da Presidência confirmou.

Contexto

Os protestos no Nepal foram motivados pela proposta do governo em regular as redes digitais, somada ao descontentamento com a situação social do país e com a ostentação de filhos de autoridades em redes sociais, num país em que a maior parte da população vive na pobreza.

A regulação das plataformas digitais, em si, é um tema debatido em diversos países do mundo e foi levada adiante por diferentes nações, como a Austrália e o Canadá. No Brasil, discute-se a mesma proposta.

Nossa visão

💡
Neste espaço, damos a nossa opinião sobre este assunto por transparência. Achamos justo que você saiba o que pensamos. Fique à vontade para discordar, afinal, é saudável. Neste caso, continue aqui com a gente. Podemos pensar diferente e seguir juntos.

A revolta nepalesa deve ser vista sob o contexto local. O Nepal enfrenta instabilidade política frequente, com rotatividade de líderes e acusações repetidas de corrupção, desde a transição para a República Federal em 2008. Isto amplia a leitura de autoritarismo e censura, que são os argumentos centrais dos opositores da regulação das redes. Já no Brasil, o contexto é de uma democracia consolidada, e a regulação das redes se tornou tema de disputa ideológica entre campos políticos.

O que mais estamos lendo

Nova primeira-ministra interina do Nepal foi escolhida após votação informal no Discord
App de comunicação virou ponto central dos protestos no país. Ex-presidente da Suprema Corte nepalesa, jurista Sushila Karki foi a escolhida para liderar o país até as novas eleições, marcadas para março de 2026.
Nepal appoints its first female PM after historic week of deadly protests
Former chief justice Sushila Karki, who was nominated by gen Z representatives, to lead interim government
Após queda do governo no Nepal, 145 mil pessoas discutem sucessão em chat no Discord
Plataforma popular entre gamers vira arena de debates em meio a crise e intervenção militar

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Autor

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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