O que é conclave? Entenda a eleição do novo Papa

Processo eleitoral secreto costuma ocorrer de 15 a 20 dias após vacância do cargo; saiba mais neste conteúdo

O que é conclave? Entenda a eleição do novo Papa
Saiba também, abaixo, qual o perfil dos cardeais favoritos à sucessão do Papa Francisco / Imagem: Unsplash
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O conclave é o processo eleitoral secreto e ritualizado da Igreja Católica para escolher um novo Papa quando ocorre a vacância do cargo, seja por morte ou renúncia do pontífice anterior.

O termo “conclave” vem do latim cum clavis (“com chave” 🔐), referindo-se ao confinamento dos cardeais num local fechado, tradicionalmente a Capela Sistina, para garantir que a escolha seja feita sem interferências externas.

  • Houve um filme indicado ao Oscar deste ano, 2025, chamado "Conclave". Mostra exatamente o processo de escolha de um novo Papa.

Como funciona o conclave?

Após a morte do Papa, os cardeais devem esperar 15 dias para dar início ao conclave. Este período pode ser postergado pelos cardeais para até 20 dias após a vacância da Sé Apostólica, para permitir a chegada de todos os cardeais eleitores ao Vaticano.

Apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar e ser votados, sendo que o conclave para eleger o novo Papa em 2025 conta com a participação de 133 cardeais eleitores.

Esses 133 cardeais do conclave de 2025 são de 70 países diferentes, o que torna este conclave o mais diverso geograficamente da história da Igreja.

No caso específico do Brasil, 7 cardeais brasileiros participam do conclave de 2025 com direito a voto, o maior número da história brasileira num conclave.

Apesar de não poderem votar nem ser votados, cardeais com mais de 80 anos podem exercer influência nos bastidores.

Os cardeais eleitores ficam hospedados na Casa de Santa Marta e se deslocam diariamente à Capela Sistina para as votações.

Durante o conclave, eles são totalmente isolados do mundo exterior: não podem se comunicar, usar eletrônicos, acessar notícias ou redes sociais.

Todos fazem um juramento solene de manter segredo absoluto sobre as discussões e votações, sob pena de excomunhão.

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Anteriormente, mencionamos neste mesmo conteúdo que apenas 120 cardeais poderiam votar. Na verdade, 133 cardeais estão aptos a votar e ser votados no conclave de 2025. Explicamos a seguir o que ocorreu:

Tradicionalmente, o número máximo de cardeais eleitores num conclave é 120, conforme estabelecido por São Paulo VI e confirmado por João Paulo II. No entanto, esse número pode variar um pouco dependendo da data do conclave e do número de cardeais que ainda não completaram 80 anos (idade limite para votar).

Por que há diferença nos números?

O Papa pode, em alguns casos, nomear mais de 120 cardeais eleitores, e se um conclave acontecer antes que alguns completem 80 anos, o número pode ultrapassar esse limite. Portanto, o número de 120 é a regra, mas, na prática, pode haver ligeiras variações por causa de nomeações e aniversários próximos à data do conclave.

Como é a votação do conclave?

As votações são secretas: cada cardeal escreve o nome do seu candidato em uma cédula, que é depositada numa urna.

Pela tradição, o 1º dia pode ter apenas uma votação. Depois, são realizadas até 4 rodadas de votação por dia (duas pela manhã e duas à tarde).

Para ser eleito, o candidato precisa obter 2/3 dos votos dos presentes.

Após cada rodada de votação, as cédulas são queimadas num forno especial.

A fumaça preta indica que não houve eleição; a fumaça branca anuncia que um novo Papa foi escolhido.

O que é cardeal camerlengo?

O cardeal camerlengo é o responsável pela administração provisória da Santa Sé durante o período chamado sede vacante. Ou seja, o intervalo entre a morte ou renúncia de um papa e a eleição de seu sucessor pelo conclave.

Atualmente, o cargo é ocupado pelo cardeal Kevin Farrell, nomeado em 2019 pelo Papa Francisco, cuja morte foi anunciada nesta segunda-feira (21.abr.2025).

Quais os principais candidatos para próximo Papa?

A escolha do novo papa costuma refletir o desejo do Colégio dos Cardeais em relação ao futuro da Igreja, podendo privilegiar continuidade, mudança ou representatividade geográfica.

Eis abaixo a lista dos cardeais que são apontados como favoritos para suceder o Papa Francisco, conforme ampla pesquisa feita pelo Correio Sabiá nas diversas plataformas disponíveis:

1. Pietro Parolin (Itália 🇮🇹)

  • Cargo atual: Secretário de Estado do Vaticano, principal responsável pela diplomacia da Santa Sé.
  • Perfil: Diplomata experiente, com carreira marcada por negociações internacionais delicadas, como o tratado nuclear com o Irã e o reatamento de relações com o Vietnã. É considerado acessível, pragmático e “open-minded”, com bom trânsito tanto entre setores conservadores quanto progressistas. Tem vasta experiência em assuntos do Oriente Médio e diálogo inter-religioso, além de ser membro do influente Conselho de Cardeais.

2. Luis Antonio Tagle (Filipinas 🇵🇭)

  • Cargo atual: Prefeito do Dicastério para a Evangelização, ex-arcebispo de Manila.
  • Perfil: Reconhecido por seu carisma, humildade e defesa dos pobres. Tem forte atuação social e é conhecido como “Francisco da Ásia”. Foi presidente da Caritas Internationalis e é uma das vozes mais progressistas do Colégio Cardinalício, com grande apelo midiático e presença em redes sociais. Defende temas como justiça social, acolhimento de migrantes e combate à pobreza.

3. Matteo Maria Zuppi (Itália 🇮🇹)

  • Cargo atual: Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana.
  • Perfil: Pastoralista, envolvido com movimentos de base e diálogo com minorias. Destaca-se pela atuação junto aos pobres, idosos, dependentes químicos e comunidades LGBT, defendendo uma Igreja aberta e acolhedora. É considerado próximo ao estilo pastoral do Papa Francisco e tem experiência em mediação de conflitos, inclusive internacionais.

4. Peter Turkson (Gana 🇬🇭)

  • Cargo atual: Chanceler das Pontifícias Academias de Ciências.
  • Perfil: Um dos mais influentes cardeais africanos, foi presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz e do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. É reconhecido por seu trabalho em justiça social, meio ambiente e desenvolvimento. Considerado “papabile” há anos, representa a força da Igreja africana e o desejo de internacionalização do papado.

5. Jean-Marc Aveline (França 🇫🇷)

  • Cargo atual: Arcebispo de Marselha, presidente da Conferência Episcopal Francesa.
  • Perfil: Foco em temas sociais, especialmente pobreza e migração. Defende que “os pobres são prioridade” e busca uma Igreja próxima dos marginalizados. Tem experiência no enfrentamento de crises como o aumento de pessoas em situação de rua e os desafios do acolhimento a migrantes. É visto como articulador de diálogo inter-religioso e social na França.

6. Robert Sarah (Guiné 🇬🇳)

  • Cargo atual: Prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino.
  • Perfil: Um dos líderes do setor conservador da Igreja, conhecido por posições firmes contra aborto, casamento homoafetivo e imigração em massa. Foi arcebispo de Conakry e é elogiado por tradicionalistas, mas criticado por progressistas. Sua trajetória inclui resistência a regimes autoritários e defesa da liturgia tradicional.

7. Péter Erdő (Hungria 🇭🇺)

  • Cargo atual: Arcebispo de Esztergom-Budapeste, primaz da Hungria.
  • Perfil: Teólogo, canonista e acadêmico de renome internacional, com vasta experiência em ensino e pesquisa. Presidiu o Conselho das Conferências Episcopais da Europa e é reconhecido por sua erudição e capacidade de diálogo com o mundo acadêmico e político europeu. Tem influência significativa no Leste Europeu.

8. Pierbattista Pizzaballa (Itália 🇮🇹/Palestina 🇵🇸)

  • Cargo atual: Patriarca Latino de Jerusalém.
  • Perfil: Franciscano, especialista em diálogo inter-religioso e questões do Oriente Médio. Foi Custódio da Terra Santa e liderou iniciativas de paz entre israelenses e palestinos. Fala hebraico, italiano e inglês, e é considerado respeitado tanto em Israel quanto na Palestina. Recentemente tornou-se cardeal e é visto como símbolo de atenção à Igreja do Oriente Médio.

9. José Tolentino de Mendonça (Portugal 🇵🇹)

  • Cargo atual: Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.
  • Perfil: Teólogo, poeta e intelectual, considerado uma das vozes mais originais do catolicismo contemporâneo. É especialista em estudos bíblicos, tem forte atuação no diálogo entre fé e cultura, e é reconhecido por sua capacidade de comunicação com o mundo secular. Premiado e respeitado em Portugal e internacionalmente, é visto como progressista e inovador.

10. Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo 🇨🇩)

  • Cargo atual: Arcebispo de Kinshasa, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar.
  • Perfil: Teólogo moral, atuante em mediação de conflitos e defesa da justiça social em contextos de crise política e humanitária. Tem papel de liderança na Igreja africana e é membro do Conselho de Cardeais que assessora o Papa. É visto como articulador e defensor dos direitos humanos e da paz em seu país e continente.
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