Todas as capitais registram protestos contra PEC da Blindagem e PL da anistia

Enquanto isso, Lula desembarcou em Nova York para discursar na Assembleia Geral da ONU

Todas as capitais registram protestos contra PEC da Blindagem e PL da anistia
O cantor Caetano Veloso participou do protesto em Copacabana / Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Protestos contra PEC da Blindagem e anistia

Todas as capitais, mais o Distrito Federal, registraram protestos neste domingo (21.set.2025) contra a PEC (proposta de emenda à constituição) da Blindagem e o PL (projeto de lei) da Anistia. Ambos os textos foram acelerados na Câmara na semana passada. Detalhes mais abaixo neste mesmo conteúdo.

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Texto ainda tem que ser analisado pelo Senado. Se aprovado por 3/5 da Casa em 2 turnos de votação, segue para promulgação pelo Congresso.

Os protestos reuniram cerca de 42,4 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, e 41,8 mil na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. A medição é do Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), da USP (Universidade de São Paulo) e da ONG More in Common, com fotos aéreas e contagem baseada em IA (inteligência artificial).

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Por que isso importa? Este foi o maior ato da esquerda em anos. Inclusive, na Avenida Paulista, mesmo lugar em que a direita (antes detentora da retórica de patriotismo) estendeu uma enorme bandeira dos Estados Unidos, agora a esquerda estende uma grande bandeira do Brasil. Houve atos até fora do país, em cidades como Londres, Lisboa, Paris e Berlim.

Imagens do protesto na Orla de Copacabana:

Imagens do protesto na Avenida Paulista:

Imagens do protesto em Brasília:

PEC da Blindagem

Existe a possibilidade de o texto ser pautado na quarta-feira (24.set) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Mas não para ser aprovado pelos senadores, e sim enterrado.

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PEC da Blindagem: Altera a Constituição para mudar regras sobre como deputados e senadores podem ser investigados, processados criminalmente ou presos. A proposta retoma a necessidade de autorização da respectiva Casa Legislativa para o STF (Supremo Tribunal Federal) processar criminalmente um congressista. Ou seja, os próprios congressistas votam se aceitam ou não que seus colegas sejam processados –e por votação secreta. O texto também permite que presidentes de partidos políticos, mesmo sem cargo eletivo, tenham foro privilegiado.

A proposta enfrenta grande resistência no Senado, e diversos senadores já declararam oficialmente que não querem sua aprovação. Pelo contrário: querem colocá-la em votação para acabar com sua tramitação.

A pressão nas redes sociais (e nos protestos presenciais) foi tão grande que diferentes deputados que votaram a favor da PEC –tanto mais à direita quanto à esquerda– tentaram se retratar junto a seus eleitores. Pediram desculpas.

Projeto de anistia

Já o texto sobre o qual se tem mais notícias a respeito da anistia está sob relatoria do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que prepara uma versão de relatório que não deve contemplar bolsonaristas mais fervorosos nem governistas.

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PL da Anistia: O texto pretendido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdoaria os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) por não aceitarem o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Há vários projetos que tratam de anistia em tramitação na Câmara e no Senado, e as duas Casas têm entendimentos diferentes. Então, por mais que o texto dos deputados federais tenha ganho tramitação em regime de urgência na semana passada –o que autoriza votação diretamente em plenário (sem passar por comissões)–, ainda não há consenso com os senadores –e dificilmente terá.

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Conclusão: Tanto a PEC da Blindagem quanto o projeto de anistia tendem a ser desacelerados nos dias que virão. Ambos encontram resistência do Senado e são muito impopulares junto à sociedade. Para se ter ideia, apenas a PEC da Blindagem teve 83% de menções negativas nas redes, de acordo com pesquisa da Quaest.

Lula na ONU

Lula ao desembarcar em Nova York / Imagem: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou neste domingo (21.set) em Nova York, nos Estados Unidos, onde faz seu 10º discurso de abertura numa Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça-feira (23).

Desta vez, a viagem ocorre em meio a atritos políticos com o presidente norte-americano Donald Trump. Em discurso, Lula deve voltar a defender a soberania nacional, mas sem citar nomes.

Isso porque Trump implementou sanções de 50% contra diferentes produtos brasileiros e contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O motivo central das sanções, segundo sugeriu o presidente dos EUA, seriam as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentar das um golpe de Estado.

Não há previsão na agenda oficial de Lula e Trump se encontrarem. Os 2 ainda não se falaram diretamente desde o início das disputas políticas.

O discurso do presidente brasileiro é uma oportunidade para o governo federal se posicionar aos olhos do mundo sobre temas sensíveis que afetam uma relação bilateral que tem mais de 200 anos de existência.

Lula também deve voltar a se posicionar sobre a necessidade de reformulação da ONU, notadamente seu Conselho de Segurança, assim como a criação de um Estado da Palestina.

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O Itamaraty, sede das Relações Exteriores do Brasil, emitiu uma nota oficial neste domingo (21) pela qual disse ter recebido "com satisfação" o anúncio do reconhecimento do Estado da Palestina pela Austrália, pelo Canadá, pelo Reino Unido e por Portugal –algo que o Brasil já faz oficialmente desde 2010.

Agenda do Lula

Em Nova York, o presidente tem nesta segunda-feira (22):

  • Audiência com o diretor-executivo do TikTok, Shou Zi Chew;
  • Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de 2 Estados; e
  • Encontro com o rei Carl XIV Gustaf e a rainha Sílvia, da Suécia.

Ao longo destes dias, existe a tensão na diplomacia brasileira a respeito de eventuais novas sanções impostas pelos EUA, por causa da condenação a Jair Bolsonaro.

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Redação do Sabiá
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