Artigo: 'Em 3 semanas, 4 ataques deixam 13 mortos em Israel'
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Artigo: ‘Em 3 semanas, 4 ataques deixam 13 mortos em Israel’, escreve Henry Galsky
Nova rodada de violência entre israelenses e palestinos provoca instabilidade na região
![Bar Ilka, em Tel Aviv, local do atentado do dia 7 de abril / Foto: Henry Galsky](https://correiosabia.com.br/content/images/wordpress/2022/04/WhatsApp-Image-2022-04-11-at-11.29.12.jpeg)
*Por Henry Galsky, de Israel
Em 3 semanas, 4 atentados deixaram 13 israelenses mortos. Durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, um período que costuma ser acompanhado de tensões na região, há a perspectiva de que os ataques terroristas marquem o início de uma nova escalada no conflito entre israelenses e palestinos.
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No entanto, há algumas diferenças em relação a ciclos de violência anteriores, em especial os que se iniciaram a partir de 2007, quando o Hamas tomou a Faixa de Gaza da Autoridade Palestina (AP), a organização liderada pelo presidente Mahmoud Abbas e reconhecida internacionalmente como o governo oficial palestino.
Neste momento, o foco da violência parte justamente da Cisjordânia, território parcialmente controlado por Abbas, não de Gaza. É sempre importante lembrar que hoje, na prática, há 2 governos palestinos atuando de forma paralela e oposta: como escrevi, o oficial, de Abbas, na Cisjordânia; e o paralelo, do Hamas, na Faixa de Gaza. As tentativas de conciliação entre ambos nos anos recentes foram infrutíferas.
O terrorista que cometeu o atentado de quinta-feira à noite, dia 7 de abril, em Tel Aviv, era morador de Jenin, na Cisjordânia. Aparentemente, Jenin tem se mostrado uma localização de difícil controle por parte das forças de segurança palestinas sob comando do presidente Abbas.
![Bar Ilka, em Tel Aviv, local do atentado do dia 7 de abril / Foto: Henry Galsky](https://correiosabia.com.br/content/images/wordpress/2022/04/WhatsApp-Image-2022-04-11-at-11.29.12-1.jpeg)
De acordo com fontes ouvidas pelo canal público de Israel Kan, a Autoridade Palestina (AP) estaria sendo desafiada em relação ao controle deste território por dois grupos: a Jihad Islâmica Palestina (PIJ, em inglês) e o Fatah, facção liderada pelo próprio Abbas.
Pode parecer confuso, mas mesmo parte do Fatah questiona a liderança de Abbas. O movimento atual pode indicar uma rota de colisão entre esses três grupos na Cisjordânia: a PIJ, o Fatah e a AP. A presidência de Abbas está longe de ser unanimidade entre os palestinos e sua posição está fragilizada.
No cargo desde 2005 e sem realizar eleições para sucedê-lo (o seu mandato deveria terminar em 2009), ele governa basicamente por meio de decretos presidenciais. Abbas já tem 87 anos de idade e existe a expectativa de disputas cada vez mais acirradas para substituí-lo.
Todo este cenário poderia explicar o silêncio do Hamas até agora. Apesar de ter enviado comunicados oficiais celebrando cada um dos 4 atentados terroristas em Israel, o grupo por ora se mantém apenas como espectador. Mas é possível que comece a agir e retomar o lançamento de foguetes e mísseis sobre o território israelense dependendo dos próximos passos, em especial da resposta que o governo Bennett –também fragilizado, como escrevi em meu texto mais recente– colocará em prática. Há pressão interna em Israel para que o primeiro-ministro e as forças de segurança tomem medidas mais duras para conter esta onda de atentados.
Como pano de fundo, o próximo mês de maio marca um ano após o conflito mais recente entre Hamas e Israel, ocorrido durante 11 dias em 2021. A depender da evolução das tensões atuais, existe a possibilidade de o Hamas aproveitar o momento para marcar posição e se projetar ainda mais como a principal força entre os palestinos, causando ainda mais instabilidade à Autoridade Palestina (AP).
O Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza da AP em 2007, como já mencionei acima. Desde então, Israel e Hamas já travaram quatro conflitos: em 2008/2009, 2012, 2014 e 2021.
Leia os outros textos de Henry Galsky no Correio Sabiá:
- 08.abr.2022 – ‘Reviravolta política em Israel deixa governo por um fio’
- 05.abr.2022 – ‘Coalizão de segurança internacional pode evitar novas invasões russas à Ucrânia’
- 01.abr.2022 – ‘A aliança entre Israel e os países árabes sunitas contra o Irã’
- 21.mar.2022 – ‘As controvérsias do discurso de Zelenskiy em Israel’
- 15.mar.2022 – ‘Energia leva EUA a buscar aproximação com outros países no Oriente Médio’
- 09.mar.2022 – ‘As razões que podem ter levado o primeiro-ministro de Israel a Moscou’
- 04.mar.2022 – ‘Turquia mantém estreitos abertos, mas coordena posição com a Rússia‘
- 28.fev.2022 – ‘O que explica a neutralidade de Israel no conflito Rússia-Ucrânia‘
- 26.fev.2022 – ‘Posição de Israel sobre guerra na Ucrânia‘
- 24.fev.2022 – ‘Um olhar inicial sobre a invasão à Ucrânia‘
- 24.fev.2022 – ‘Não se pode estabelecer maniqueísmos na crise entre Ucrânia e Rússia‘
- 14.fev.2022 – ‘A paciente estratégia de Putin’
- 05.fev.2022 – ‘Em Israel, combate ao covid também envolve questões políticas’
- 27.jan.2022 – ‘Putin considera hora reconhecimento internacional’
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