Amazônia: número de queimadas dispara depois do 2º turno

Amazônia: número de queimadas dispara depois do 2º turno

Número de queimadas na Amazônia dispara depois do segundo turno da eleição

Dados do Inpe, órgão do governo federal, mostram também o crescimento do desmatamento na região
Crescimento dos números no ecossistema amazônico ocorre em meio à realização da COP27 no Egito. Nesta imagem, a visão aérea do planeta pela Nasa / Foto: NASA/Unsplash
Crescimento dos números no ecossistema amazônico ocorre em meio à realização da COP27 no Egito. Nesta imagem, a visão aérea do planeta pela Nasa / Foto: NASA/Unsplash

Logo após o 2º turno das eleições presidenciais (30.out.2022), as queimadas dispararam em diversos estados da Amazônia, de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta sexta-feira (11.nov.2022).

O pior caso é o de Rondônia, onde foram registrados 1.526 focos de queimadas do dia 1º a 10 de novembro. É cerca de 10 vezes mais do que a média registrada nesse mesmo período de 2012 a 2021 (149 focos). 

As queimadas também dispararam nos estados do Acre, Amazonas e Mato Grosso. Em todos esses estados, os números estão muito acima das médias registradas entre 2012 e 2021 para os primeiros 10 dias de novembro. Detalhe: as queimadas costumam reduzir neste período de início das chuvas. 

  • No Acre, embora o número de focos seja menor que em Rondônia, houve quase 22 vezes mais focos que a média (882 focos contra 40);
  • No Mato Grosso, foram 858 focos, mais de 3 vezes acima da média (226 focos);
  • No Amazonas, foram 758 focos, número quase 4 vezes maior que a média (197 focos).  

Amazônia: desmatamento segue alto em outubro

Assim como as queimadas, o desmatamento também segue alta na Amazônia. Os dados de outubro, divulgados pelo Inpe nesta mesma sexta-feira (11), mostram que o bioma teve 904 km² devastados no mês passado. Isso representa:

  • 3% mais do que o registrado em outubro do ano passado;
  • 40% mais do que a média da série histórica do sistema Deter, de 2015 a 2021. 

Isso faz com que o desmatamento acumulado de 1º de janeiro a 31 de outubro deste ano seja o maior valor da série histórica do sistema Deter (desde 2015), desenvolvido pelo Inpe para combater o desmatamento ilegal. Houve a destruição de 9.494 km². 

O estado do Pará liderou o ranking de área desmatada, sendo 3.253 km² de floresta nativa perdidos desde o início do ano e 435 km² no último mês (48% do total desmatado no bioma). Seguem: Mato Grosso (150 km²), Amazonas (142 km²) e Rondônia (69 km²). 

Dois municípios do Pará apresentam a maior perda florestal desde o  início do mês, sendo Pacajá (56 km²) e Portel (41 km²). As áreas de proteção que sofreram maior pressão em outubro foram a Reserva Extrativista Chico Mendes no Acre e a Floresta Nacional do Jamanxim no Pará ambas com 3 km². 

“O aumento dos alertas de desmatamento e queimadas era esperado –ainda assim, os números dos primeiros 10 dias de novembro são assustadores”

Mariana Napolitano, gerente de Ciências da ONG WWF Brasil
Há exatamente 1 ano, dia 18 de novembro de 2021, mostrávamos no Correio Sabiá que o desmatamento na Amazônia batia o recorde dos últimos 15 anos. Eis a reportagem. Um ano depois, continuamos a noticiar sucessivos recordes de destruição no bioma. 

Amazônia: queimadas e desmatamento crescem, enquanto ocorre COP27 no Egito

A divulgação do aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia coincide com a realização da COP27 no Egito. Neste evento, houve o lançamento de um amplo mapeamento do desmatamento nos principais biomas da América do Sul e Indonésia feito pelo MapBiomas. 

A COP27 é a Conferência das Partes, mais importante evento global para discussão das mudanças climática, é o relatório do MapBiomas mostra a supressão de vegetação nativa das últimas duas décadas. 

Isso leva a emissões de mais de 27,4 giga toneladas de CO² –o equivalente a metade das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo em 2020. 

O Correio Sabiá libera, como forma de transparência, o press release do MapBiomas, na íntegra, em PDF. Se quiser acessar o relatório em inglês, aqui está, também em PDF

O WWF Brasil ainda afirmou num comunicado, cuja íntegra está disponível aqui, em PDF, que na COP27 houve um “compromisso insuficiente” de “grandes empresas que atuam no setor agrícola –e que poderiam fazer a diferença para contribuir com o fim do  desmatamento”. 

Eis abaixo alguns artigos que publicamos no Correio Sabiá por ocasião da COP26, a última edição:

Na última segunda-feira (7.nov.2022), empresas que representam uma fatia dominante do comércio global de commodities florestais (soja, gado, couro, óleo de palma, cacau e borracha) e de risco ecossistêmico publicaram o “Roteiro para uma ação aprimorada da cadeia de suprimentos consistente com um caminho de 1,5ºC”.  

O WWF Brasil diz que “o documento, porém, não leva à transformação profunda e urgente que é necessária para eliminar a devastação ambiental das cadeias de suprimentos de commodities agrícolas.

Isso porque “o compromisso apresentado na COP27 não tem uma data de corte clara para o desmatamento –data a partir da qual o produto não será considerado em conformidade e livre de desmatamento– nem metas adequadas para eliminar o desmatamento e a conversão das cadeias produtivas, como a cadeia da soja”. 

Além disso, “as savanas, como as do bioma Cerrado, que têm valor ecológico e social muito significativo, ficaram fora do escopo da proposta para livrar as cadeias produtivas do desmatamento e da conversão”, diz a nota do WWF Brasil.  

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