Artigo: 'Risco de ataque do Irã leva Israel a fazer alerta incomum'
Artigo: ‘Risco de ataque do Irã leva Israel a fazer alerta incomum a cidadãos’, escreve Henry Galsky
Disputa regional ocorre ao mesmo tempo em que governo israelense tem que lidar com disputas internas
*Por Henry Galsky, de Israel
Ao mesmo tempo em que disputas políticas internas continuam a por em risco a coalizão em Israel, o governo israelense ainda está precisando lidar com uma disputa regional que ameaça a população do país que está na Turquia.
Pode parecer confuso, mas diante do impasse por causa do programa nuclear iraniano, milhares de israelenses que estão neste momento em território turco foram avisados de que precisam retornar a Israel o quanto antes em função do risco de sofrerem algum ataque por parte de células iranianas em operação no país.
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Na última segunda-feira (13), o Conselho de Segurança Nacional de Israel elevou o alerta para Istambul ao nível 4, o mais alto da escala. Na prática, isso significa que os israelenses não devem visitar a cidade ou, caso já se encontrem por lá, precisam buscar uma maneira de deixá-la o mais rapidamente possível. Para se ter ideia da gravidade do alerta, a Turquia (mais especificamente Istambul) passou a figurar no mesmo patamar de países onde cidadãos de Israel sequer podem ir, como Iraque, Iêmen, Afeganistão e o próprio Irã.
O momento tem sido encarado com tamanha gravidade que mereceu este post redigido no Twitter por Yair Lapid, o ministro das Relações Exteriores de Israel:
“Após os acontecimentos na Turquia nas últimas semanas e após uma série de tentativas de ataques terroristas iranianos contra turistas israelenses em Istambul, pedimos aos israelenses: não voem para Istambul. E a menos que a viagem seja realmente essencial, não viaje para a Turquia. Se você já estiver em Istambul, retorne a Israel o mais rápido possível. As agências de segurança israelenses, o Ministério das Relações Exteriores e o gabinete do primeiro-ministro participaram nas últimas semanas de um enorme esforço que salvou a vida de israelenses. Alguns deles voltaram para Israel e estão entre nós sem saber que suas vidas foram salvas.”
O post de Lapid dá a dimensão de como o assunto vem sendo tratado pelas autoridades. Diariamente, canais de TV entrevistam membros do governo e de agências de segurança que reafirmam a gravidade do momento e a possibilidade de um ataque iminente. A Turquia é um destino turístico muito popular em Israel, tanto pela proximidade, quanto pelos preços atrativos.
O Canal 13 exibiu uma matéria relatando a história de uma mulher que visitava um mercado local quando recebeu o telefonema de um oficial sênior de Israel. Na ligação, ele informava que as agências de segurança descobriram que a mulher e sua esposa estavam na mira de assassinos iranianos. O oficial disse, inclusive, que ela não deveria retornar ao hotel, uma vez que havia o risco imediato de abordagem por parte da célula iraniana. Assim, 10 membros das forças de segurança israelenses levaram o casal imediatamente para o aeroporto, deixando os partences de ambas no hotel.
A disputa entre Irã e Israel é parte importante da realidade do Oriente Médio e da rivalidade que hoje divide a região entre sunitas e xiitas. Israel não é nem xiita, nem sunita, mas acabou se associando ao eixo sunita justamente por causa dos iranianos.
Um aspecto relevante da estratégia regional iraniana inclui o estabelecimento de bases ao redor de Israel e o armamento e financiamento de alguns dos principais inimigos dos israeleses –casos da Jihad Islâmica Palestina (PIJ), na Faixa de Gaza, e da milícia xiita libanesa Hezbollah. Neste contexto, sucessivos governos de Israel também alertam sobre o programa nuclear do país.
Em 2015, o Irã e algumas das potências internacionais (China, França, Rússia, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha) chegaram a um acordo sobre o programa nuclear de Teerã. O grupo que ficou conhecido como P5+1 conseguiu estabelecer uma série de restrições sobre o projeto iraniano em troca de alívio das sanções impostas ao país.
Em 2018, sob o argumento de que o plano não impedia o desenvolvimento de mísseis balísticos do Irã e não restringia a influência regional iraniana, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu deixar o acordo.
Nas últimas semanas, as tensões entre Israel e o Irã têm aumentado ainda mais. No final de maio, um membro sênior do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, coronel Hassan Sayyad Khodaei, foi morto na capital Teerã ao ser alvejado por cinco tiros disparados por dois motociclistas. Ele teria se envolvido em assassinatos e sequestros fora do Irã, incluindo tentativas de atacar israelenses. O Irã atribui a Israel o assassinato de Khodaei. Israel não comenta nem o ataque a Khodaei, nem a acusação iraniana.
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- 04.mar.2022 – ‘Turquia mantém estreitos abertos, mas coordena posição com a Rússia‘
- 28.fev.2022 – ‘O que explica a neutralidade de Israel no conflito Rússia-Ucrânia‘
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