Animação mostra impacto de embarcações marítimas na vida de uma baleia azul

Animação mostra impacto de embarcações marítimas na vida de uma baleia azul

O maior mamífero da Terra –a baleia azul– está ameaçado por colisões de barco e "enredamento". Isso porque um dos seus principais pontos de alimentação, a Patagônia chilena, está cheia de barcos ligados à aquicultura.

Publicamos no Instagram do Correio Sabiá, em parceria com o Ocean (seção do Correio Sabiá exclusiva para assuntos oceânicos), uma animação que mostra a difícil semana de uma baleia azul de um jeito didático.

A animação feita a partir de dados de satélite mostra os obstáculos de uma baleia azul (monitorada) para se deslocar e se alimentar em uma área com alto tráfego de barcos no Golfo de Ancud. Veja abaixo:

As zonas em que os dados foram extraídos têm grande presença da aquicultura. Das cerca de 1 mil embarcações diárias em conflito com a trajetória da baleia azul, 83% delas pertenciam à indústria de criação de salmão da Patagônia chilena.

O principal autor da pesquisa é o Dr. Luis Bedriñana-Romano. O estudo já foi publicado na revista científica internacional Nature, uma das mais importantes do mundo, e no jornal britânico The Guardian.

O título da publicação na Nature: “Definindo áreas prioritárias para a conservação das baleias azuis e investigando a sobreposição com o tráfego de navios na Patagônia chilena, usando um modelo de movimento de ajuste rápido”.

Abaixo, é possível acessar o PDF do paper que respalda cientificamente todas as informações desta reportagem do Correio Sabiá.

De acordo com o Dr. Luis Bedriñana-Romano, os dados são alarmantes e mostram reais riscos de colisão de baleias com embarcações. Por sua vez, essas colisões (que podem ser fatais) representam uma ameaça à existência da espécie.

“Sabemos onde estão as baleias, mas também sabemos que a sua população total é muito baixa nesta área. Na verdade, de acordo com as nossas investigações, existiriam entre 200 e 700 indivíduos, pelo que qualquer incidente de colisão e morte destes animais representa uma ameaça real à sua conservação”.

“Se uma baleia azul morresse a cada 2 anos por causas antropogênicas [provocadas pelo ser humano], a taxa de recuperação da população seria seriamente afetada e a sua recuperação estaria ameaçada”.

'Enredamento' em centros de criação de salmão e comportamentos alimentares

Houve registro de colisões fatais entre barcos e baleias em 2009, 2014 e 2017. Também houve registros de "enredamento" em centros de criação de salmão em 2007 e 2020. Ambos os casos indicam problemas causados pela aquicultura na região.

Coautor do estudo, o pesquisador brasileiro Rodrigo Hucke-Gaete lembrou que:

  1. Quando as baleias estão se alimentando, praticamente só prestam atenção nessa tarefa.
  2. Os comportamentos alimentares das baleias também demandam mais proximidade da superfície, especialmente à noite, quando sua comida também fica nessa região.

São 2 fatores que aumentam as chances de colisões.

Obs.: O uso das imagens nas contas sociais do Correio Sabiá teve autorização do Centro Ballena Azul. As imagens refletem o período de 22.mar a 29.mar.2019. A pesquisa foi publicada em 2021. O contexto continua atual, mesmo em 2024.

Ocean, a asa do Correio Sabiá para assuntos oceânicos

O Correio Sabiá criou uma seção específica para tratar de pautas oceânicas e fazer divulgação científica marinha. Chama-se Ocean.

O 1º grande projeto dessa seção chamou-se Ocean Noise Pollution, com a temática inovadora de divulgar uma pesquisa sobre poluição sonora marinha.

A proposta teve apoio do Earth Journalism Network. Isso porque o fundador e CEO do Correio Sabiá, Maurício Ferro, foi um dos 9 selecionados no mundo num edital que propunha reportar sobre poluição marinha, em 2023.

Por meses, Ferro entrevistou pesquisadores em Arraial do Cabo, município do estado do Rio de Janeiro, e fez mergulhos de cilindro. Houve produção de reportagem e documentário (com legendas em português e inglês). Veja abaixo:

A pesquisa mostrou pela 1ª vez os impactos de embarcações turísticas nos comportamentos (predação, refúgio e reprodução) de uma espécie pequena de peixe, o "donzelinha", que mede até 20cm.

O donzelinha é muito comum em zonas recifais no Brasil, por isso as mudanças em seu comportamento representam uma ameaça ao equilíbrio dos biomas costeiros. Pode impactar até a vida de comunidades locais que dependem do turismo e da pesca.

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