Amazônia: desmatamento no 1º semestre é o maior desde 2016
Amazônia: desmatamento no 1º semestre de 2022 é o maior desde 2016
Mês de junho teve 5% a mais de desmatamento relação ao mesmo mês de 2021, segundo dados do Inpe
O desmatamento na Amazônia voltou a crescer, de acordo com dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) nesta sexta-feira. Desde 2016, não havia um semestre com tanto desmatamento quanto nestes primeiros 6 meses de 2022.
Os dados mostram que a Amazônia teve 3.988 km² desmatados no 1º semestre deste ano, conforme aponta o sistema Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe.
O Deter é um sistema de alerta, que detecta sinais de desmatamento com base em imagens de satélites. Serve para dar suporte aos órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), por exemplo. O sistema registra a retirada completa da floresta nativa e as áreas com degradação progressiva
Assim, o Deter reporta mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento. No entanto, as imagens podem eventualmente ficar prejudicadas pela cobertura de nuvens, impossibilitando a identificação de todos os desmatamentos. Ou seja, a conta do desmatamento pode ser maior.
Maior desmatamento da história para um 1º semestre
Este foi o maior desmatamento já registrado para um 1º semestro desde o início da série histórica, que começou justamente em 2016. É possível dizer que nunca antes foi detectado um desmatamento dessa dimensão. Outros dados:
- O desmatamento na Amazônia neste primeiro semestre de 2022 é praticamente 3 vezes maior que o registrado em 2017 (1.332 km²).
- Este é o 4º ano consecutivo com recordes de desmatamento no período.
- O aumento do desmatamento no 1º semestre de 2022 em comparação aos primeiros 6 meses de 2021 foi de 10,6%.
- No 1º semestre de 2022, o município de Formosa do Rio Preto (BA) foi o campeão de alertas de desmatamento com 261 km².
- O mês de junho também teve a pior marca da série histórica.
- Foram devastados 1.120 km² no mês na Amazônia, 5% a mais que em junho de 2021 (1.061 km²).
- Os estados mais desmatados em junho de 2022 foram o Amazonas (401 km²) e o Pará (381 km²).
Gerente de ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano afirmou que o desmatamento da Amazônia no 1º semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais o país depende.
“Perdemos 3.988 km² na Amazônia Legal em apenas 6 meses, confirmando a tendência de intensificação do desmate dos últimos 3 anos. Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso futuro”, afirmou num comunicado do WWF Brasil recebido pelo Correio Sabiá.
Desmatamento no Cerrado brasileiro mais que dobra em junho de 2022
No Cerrado, considerando apenas o mês de junho, foram desmatados 1.026 km2. É mais que o dobro do registrado em 2021 (485 km²) e 2020 (427 km²). O aumento é de 111,5% em comparação a junho do ano passado.
Em junho de 2022, mais uma vez, os estados mais devastados estão no que se chama de “Matopia”: Maranhão (400 km²) e Tocantins (193 km²).
No acumulado deste ano, entre o início de janeiro e o fim de junho (1º semestre), foram devastados 3.638 km² no Cerrado. O aumento é de 44,5% em comparação aos 6 primeiros meses de 2021, quando foram destruídos 2.518 km².
Apoie nossos voos
Fazemos um trabalho jornalístico diário e incansável desde 2018, porque é isso que amamos e não existe nada melhor do que fazer o que se ama. Somos movidos a combater a desinformação e divulgar conhecimento científico.
Fortalecemos a democracia e aumentamos a conscientização sobre a preservação ambiental. Acreditamos que uma sociedade bem-informada toma decisões melhores, baseadas em fatos, dados e evidências. Empoderamos a audiência pela informação de qualidade.
Por ser de alta qualidade, nossa operação tem um custo. Não recebemos grana de empresas, por isso precisamos de você para continuar fazendo o que mais gostamos: cumprir nossa missão de empoderar a sociedade civil e te bem-informado. Nosso jornalismo é independente porque ele depende de você.
Apoie o Correio Sabiá. Cancele quando quiser.