Variante ômicron: infectologista teme réveillon e Carnaval

Em entrevista ao Correio Sabiá, secretário da Sociedade Brasileira de Infectologia também defendeu restrições aéreas

Variante ômicron pode ser difundida no Carnaval / Foto: Ugur Arpaci/Unsplash
Variante ômicron: Carnaval pode ajudar a espalhar a cepa no Brasil, diz infectologista / Imagem: Ugur Arpaci/Unsplash

A realização das festas de réveillon pelo país e do Carnaval causam preocupação por potencialmente incentivarem a disseminação da variante ômicron, nova cepa do coronavírus, cujo 1º registro oficial ocorreu na África do Sul. A avaliação é do secretário da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Claudilson Bastos, que deu entrevista ao Correio Sabiá na última 5ª feira (02.dez.2021).

“O problema do Carnaval e do Ano Novo é que têm circulação muito grande de pessoas do mundo inteiro. Quanto maior aglomeração e mais tempo tiver no ambiente, maior o risco de variante”, afirmou. 

Ministério da Saúde confirmou 5 casos da ômicron no Brasil nesta 5ª feira (02.dez.2021) e 8 ocorrências em investigação.

Dos infectados pela variante ômicron, 3 estão em São Paulo e 2 em Brasília. Minas Gerais e São Paulo analisam 1 caso suspeito, em cada. Já o Distrito Federal investiga outras 6 possíveis contaminações pela variante.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Claudilson Bastos, concedida ao Correio Sabiá no dia 2 de dezembro de 2021:

Correio Sabiá: Qual a particularidade da variante ômicron?

Claudilson Bastos: O que está sendo colocado é que a transmissibilidade da variante ômicron está sendo maior. Na África do Sul, está havendo um maior número de pessoas contaminadas rapidamente. Apesar de que na África do Sul o número de vacinados é inferior a 50%, então, com isso, existe a possibilidade de ter uma transmissibilidade maior. Os pacientes estão tendo dores musculares mais evidentes. A dor muscular se apresenta na covid, mas na ômicron ela parece mais evidente. 

Sabiá: O fechamento de fronteiras aéreas faz sentido?

Claudilson: Sim, é uma forma de vigilância epidemiológica. A vigilância tem esse papel de controlar a porta de entrada do país para evitar ou minimizar a situação para que não possa haver a transmissibilidade no nosso país. 

Sabiá: Há especialistas que divergem sobre isso, não é? 

Claudilson: É uma cepa nova, ainda não temos muito embasamento sobre ela. Então, precisa que a gente conheça melhor para ter esse controle. Ao meu ver, faz sentido.

Sabiá: Qual sua opinião sobre o chamado “passaporte da vacina”?

Claudilson: É uma medida de saúde pública. A liberdade do indivíduo, se ela atinge a população, a gente tem que saber lidar com isso. Há o direito coletivo à saúde. 

Sabiá: Qual avaliação do senhor sobre a realização ou não de festas de réveillon e Carnaval?

Claudilson: O problema do Carnaval e Ano Novo é que têm circulação muito grande de pessoas do mundo inteiro. Quanto maior a aglomeração e mais tempo tiver no ambiente, maior o risco de variante.

Sabiá: Também seria arriscado numa festa de réveillon com ambiente controlado?

Claudilson: Por exemplo: alguém que viajou a uma região que está tendo casos pode trazer a variante. O vírus tem um período que pode aparecer a manifestação clínica em 10 dias, com pico no 3º ou 5º dia. Geralmente, quem tem contato com o vírus apresenta nesse pico, mas pode apresentar manifestação até o 10º dia. Pode dar negativo primeiramente e dar positivo lá na frente.

Sabiá: Por que as mutações acontecem?

Claudilson: É da natureza do vírus. Quando o vírus tiver maior possibilidade de aglomeração e espaço em ambientes com maior tempo de circulação, maior a chance de uma variante. Por isso é importante atingir a chamada “imunidade de rebanho”. Não adianta ter 80% da população imunizada numa cidade, e em outra não. Temos que chegar a 80% no mundo.

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