O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (23.set.2025) que encontrou rapidamente com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nos bastidores da ONU (Organização das Nações Unidas). De acordo com o norte-americano, os 2 se abraçaram, conversaram brevemente e podem se encontrar na próxima semana.

"Eu estava entrando [no plenário da ONU] e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. E aí, eu penso: 'Vocês acreditam que vou dizer isso em apenas 2 minutos?' Nós realmente combinamos de nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos. Em retrospecto, fico feliz de ter esperado [para negociar as tarifas]", afirmou Trump.

"Nós tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na próxima semana, se isso for de interesse mútuo, mas ele pareceu um homem muito agradável. Na verdade, ele gostou de mim, e eu gostei dele", acrescentou.

"Só faço negócios com pessoas que eu gosto. Quando não gosto deles, não gosto deles. Tivemos uma excelente química por pelo menos uns 39 segundos", concluiu.

Leia a transcrição completa da declaração de Trump sobre o Brasil

Transcrevemos o trecho completo em que Trump citou o Brasil (abaixo, em itálico). O presidente norte-americano manteve algumas críticas anteriores, embora num tom muito mais brando do que se imaginava.

"O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades de nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos nos Estados Unidos.

Tenho um pequeno problema em dizer isso, porque preciso dizer a vocês. Eu estava entrando [no plenário da ONU] e o líder do Brasil estava saindo. Nós o vimos, e eu o vi. Ele me viu e nos abraçamos. E então eu digo: 'Você acredita que vou dizer isso em apenas 2 minutos?'

Mas, na verdade, combinamos que nos encontraríamos na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos. Em retrospecto, ainda bem que esperei [para negociar as tarifas], porque essa coisa não deu muito certo. Mas nós conversamos. Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem, se isso for do seu interesse.

Mas ele parecia um homem muito legal, na verdade. Ele gostou de mim, e eu gostei dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Eu não... quando não gosto deles, eu não gosto deles.

Mas nós tivemos, pelo menos por uns 39 segundos, uma química excelente. É um bom sinal.

Mas também, no passado, o Brasil, vocês acreditam nisso?, tarifava injustamente nossa nação. Mas agora, por causa das nossas tarifas, estamos revidando, e estamos revidando com muita força.

Como presidente, sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos americanos. Então, lamento muito dizer isso: o Brasil está indo mal e continuará indo mal. Eles só conseguem se sair bem quando trabalham conosco. Sem nós, eles fracassarão, assim como outros fracassaram. É verdade."

5 observações do Correio Sabiá

Em tópicos, alguns pontos que ampliam o contexto:

• Trump deu as declarações de improviso. Não estavam no discurso lido.
• Lula foi o único líder diretamente citado por Trump, sendo que o discurso do presidente norte-americano durou mais de 1h (em comparação, Lula falou por cerca de 17 minutos).
• Trump dedicou 2 minutos inteiros do discurso ao Brasil.
• O discurso de Trump ocorreu imediatamente após o discurso de Lula, que foi duro com os Estados Unidos (tanto nas críticas sobre interferência quanto no veto ao Estado da Palestina).
• Trump não mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em nenhum momento (o que atinge as pretensões bolsonaristas, que depositam esperanças no presidente norte-americano para livrar Bolsonaro da cadeia, tanto assim que levam bandeiras dos Estados Unidos para manifestações políticas no Brasil).

Contexto de disputa política

Sanções:

O Brasil e os Estados Unidos passam por uma disputa política. O governo norte-americano impôs sanções de 50% aos produtos brasileiros, assim como sancionou autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Regulação das plataformas digitais:

Trump também critica a vontade declarada do governo do Brasil em regular as plataformas digitais, que são as big techs (grandes empresas de tecnologia que oferecem serviços de redes sociais).

Assista ao pronunciamento completo de Trump

Assista ao pronunciamento completo de Trump (o trecho em que o presidente norte-americano cita o Brasil vai de 1h05min17s até 1h07min17s):

President Trump Delivers Remarks to the United Nations General Assembly https://t.co/9OW7c5Wtj4

— The White House (@WhiteHouse) September 23, 2025

O que vem agora?

Ainda não há uma data confirmada para encontro entre os 2 presidentes. Tampouco se sabe se a agenda será presencial ou remota. São desdobramentos a monitorar.

Ressalta-se ainda que, em encontros presenciais recentes na Casa Branca, sede do Poder Executivo dos EUA, Trump constrangeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

São 2 episódios que tendem a demandar cautela da diplomacia brasileira ao lidar com um eventual contato direto entre os 2 presidentes.

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