'Temos sido recebidos a tiros', diz presidente do Ibama sobre fiscalização ambiental na Amazônia

Rodrigo Agostinho declarou que exigiu que as equipes de fiscalização façam operações na região apenas se estiverem acompanhadas por forças de segurança

'Temos sido recebidos a tiros', diz presidente do Ibama sobre fiscalização ambiental na Amazônia
Imagem: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Índice

O fato principal

O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, afirmou nesta segunda-feira (3.nov.2025) que os servidores do órgão têm sido recebidos a tiros de arma de fogo quando vão a campo realizar operações de fiscalização ambiental na Amazônia.

"Na Amazônia, a gente não trabalha se não estiver acompanhado da Polícia Federal, da Força Nacional ou da Polícia Rodoviária Federal. É uma exigência que eu fiz às equipes para que, de fato, a gente possa garantir a segurança. A gente tem sido recebido a tiros nas mais diferentes regiões, a gente tem detectado a lavagem de dinheiro de droga em mineração, em gado, em terras, em pesca", disse durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Rodrigo Agostinho deu a declaração depois de ser perguntado sobre "qual o diagnóstico" e "qual o plano de ação" para proibir "todas as ilegalidades na Amazônia".

A declaração completa

Eis a resposta completa, em itálico:

A gente tem um plano. Vários planos. O mais importante de todos é o plano de prevenção e combate ao desmatamento da Amazônia, o PPCDam [Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal], que é liderado pela Casa Civil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com outros ministérios. Mas o que a gente percebe é uma situação bastante assustadora.

O crime organizado, diversas facções –algumas locais, outras grandes conhecidas, velhas conhecidas–, estão espalhadas hoje por cada uma das regiões da Amazônia. A gente tem extensas áreas de fronteira, onde circula armamento, onde circula droga, onde circula madeira.

O crime organizado percebeu que a apropriação de produtos da floresta tem uma margem de lucro altíssima. 'Você' vai lá e retira a árvore, tira a madeira, se apropria da terra. 'Você' não precisa comprar a terra; a terra está lá. Muitas vezes, com violência.

A gente tem alguns assentamentos na Amazônia, que eram assentamentos verdadeiros, assentamentos do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária], assentamentos dos estados em terra pública, que as milícias chegam, tiram todo mundo e começam a comercializar a terra no dia seguinte, reconcentram a terra.

Então, o Ibama, por exemplo, na Amazônia, a gente não trabalha se não estiver acompanhado da Polícia Federal, da Força Nacional ou da Polícia Rodoviária Federal. É uma exigência que eu fiz às equipes para que, de fato, a gente possa garantir a segurança. A gente tem sido recebido a tiros nas mais diferentes regiões, a gente tem detectado a lavagem de dinheiro de droga em mineração, em gado, em terras, em pesca.

Então, é uma mistura de crimes ambientais com aqueles crimes tipicamente urbanos, de formação de quadrilha, de lavagem de dinheiro. O ouro está valendo muito dinheiro, são quase 700 reais o grama do ouro. Então, explodiu a formação de garimpos.

O Ibama está destruindo todos os garimpos ilegais da Amazônia. A gente está indo de um por um destruindo todos os garimpos. Acabamos de destruir os garimpos, agora, no rio Teles Pires, um dos rios mais lindos da Amazônia, onde o garimpo está se instalando em todos os lugares. Então, é uma grande dificuldade.

A gente vai precisar muito do trabalho de investigação, que é um trabalho que as polícias civis dos estados e a Polícia Federal conduzem. Não é o Ibama que faz a investigação. A gente trabalha, na verdade, com inteligência. Mas a gente vai precisar que esse crime organizado seja enfrentado.

Não dá para aceitar que na metade do Brasil –a Amazônia é metade do Brasil–, a gente tenha isso se formando, se consolidando de maneira tão forte.

Assista no YouTube

Assista à entrevista completa de Rodrigo Agostinho no canal da TV Cultura no YouTube:

Autor

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

Inscreva-se nas newsletters do Correio Sabiá.

Mantenha-se atualizado com nossa coleção selecionada das principais matérias.

Por favor, verifique sua caixa de entrada e confirme. Algo deu errado. Tente novamente.

Participe para se juntar à discussão.

Por favor, crie uma conta gratuita para se tornar membro e participar da discussão.

Já tem uma conta? Entrar

Inscreva-se nas newsletters do Correio Sabiá.

Mantenha-se atualizado com nossa coleção selecionada das principais matérias.

Por favor, verifique sua caixa de entrada e confirme. Algo deu errado. Tente novamente.