'Super Quarta': Brasil e EUA decidem suas taxas de juros

Dólar teve sua 7ª queda consecutiva, fechando em R$ 5,86

'Super Quarta': Brasil e EUA decidem suas taxas de juros
Copom tem primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo no Banco Central / Imagem: Raphael Ribeiro/BC
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Tanto o Brasil 🇧🇷 quanto os Estados Unidos 🇺🇸 decidiram suas taxas básicas de juros nesta quarta-feira (28.jan.2025). Abaixo, os respectivos patamares, as expectativas e os contextos de cada decisão.

  • 🇧🇷 Aumento de 12,25% para 13,25% ao ano; 📈
  • 🇺🇸 Manutenção no mesmo patamar, o intervalo de 4,25% a 4,50%. 🟰

*Este conteúdo foi atualizado no dia 29.jan.2025, às 20h12, após as tomadas de decisão dos 2 países. Em ambos os casos, confirmou-se o que informamos que deveria ocorrer. Seguem abaixo o que publicamos mais cedo:

🇧🇷 Brasil

A taxa básica de juros (Selic) no Brasil está atualmente em 12,25% ao ano. Para esta reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada nos dias 28 e 29 de janeiro de 2025, a expectativa é que haja um aumento de 1 ponto percentual, elevando-a para 13,25% ao ano. Motivos:

  1. A inflação continua acima da meta, sendo que as últimas projeções para 2025 atingiram 5,5%, de acordo com o Boletim Focus. Portanto, superam o teto da meta de 4,5% estabelecido pelo Banco Central.
  2. O Banco Central sinalizou em sua última reunião a possibilidade de realizar duas elevações consecutivas, estimadas em 1 ponto percentual cada.
  3. Portanto, existe também a previsão de um novo aumento da taxa de juros em março, quando o Copom tiver outra reunião. Neste caso, elevação para 14,25% ao ano.
  4. Há preocupações com a deterioração das expectativas inflacionárias e a depreciação do câmbio, apesar de o dólar estar em queda desde que o presidente dos Estados Unidos 🇺🇸, Donald Trump, tomou posse (*veja abaixo mais detalhes sobre o dólar).
  5. O cenário econômico exige uma política monetária mais "restritiva", segundo o próprio Copom, o que significa um aperto dos juros.

As projeções do mercado para o fim de 2025 indicam que a Selic pode chegar a 15% ao ano, como aponta o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, com as expectativas dos agentes do mercado para alguns dos principais indicadores econômicos. Este seria o patamar mais elevado desde 2006. 

Esta será a 1ª reunião do Copom sob o comando do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar da mudança na presidência, a expectativa é de continuidade na política monetária restritiva para conter a inflação.

🇺🇸 Estados Unidos

A taxa básica de juros nos Estados Unidos está atualmente no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Para esta reunião do Fed (Federal Reserve), também nos dias 28 e 29 de janeiro de 2025, a expectativa é de manutenção da taxas inalterada. Motivos:

  1. O PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano no 3º trimestre de 2024 foi de 3,1%, segundo a 3ª e última revisão do BEA (Bureau of Economic Analysis), divulgada no dia 19 de dezembro de 2024.
  2. A inflação em 2024 foi de 2,7%, acima da meta de 2% do Fed.
  3. O mercado de trabalho segue aquecido, com a criação de 256 mil vagas de emprego em dezembro, acima do esperado.
  4. Há incertezas quanto ao impacto das políticas do recém-empossado presidente Donald Trump, especialmente em relação a possíveis tarifas de importação.

Esta será a 1ª decisão sobre juros neste mandato de Trump, que recentemente atacou a autonomia do Banco Central. O presidente do país disse que poderia forçar a redução da taxa e declarou que entende mais de juros do que o presidente do Fed, Jerome Powell.

Observações relevantes para fins de contexto

As críticas à Presidência do Banco Central do país também eram habituais no Brasil desde a campanha eleitoral de Lula, e o presidente era constantemente criticado por essas declarações.

Note também que as economias brasileira e norte-americana são diferentes, portanto as justificativas de seus bancos centrais para elevar ou não as taxas de juros devem levar em consideração os contextos locais e global de cada um.

A expectativa de crescimento do PIB do Brasil 🇧🇷 para 2025 é de 2,2%, de acordo com as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional). Em 2024, o PIB deve ficar em torno de 3,5%, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

No 3º trimestre de 2024, por exemplo, o PIB brasileiro cresceu tanto quanto a China 🇨🇳 e só ficou atrás de Indonésia 🇮🇩 e México 🇲🇽, entre os países do G20.

  • O G20 é formado pelas 19 nações que detém as maiores economias do mundo. Institucionalmente, a União Europeia (🇪🇺) e a União Africana (🌍) também participam (e têm representação) no grupo. O último encontro do Grupo dos 20 ocorreu no Rio de Janeiro. Saiba mais neste conteúdo.

O Brasil caiu da 9ª para a 10ª posição no ranking das maiores economias do mundo em 2024, principalmente por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Esta posição deve se manter em 2025, com o Canadá 🇨🇦 ocupando a 9ª colocação.

Eis alguns fatores que influenciam as perspectivas de crescimento do Brasil para 2025:

  1. Política monetária mais restritiva, com expectativa de aumento da taxa Selic;
  2. Preocupações com a inflação, que pode ficar acima da meta;
  3. Desaceleração do consumo e dos investimentos;
  4. Incertezas no cenário econômico global.

Dólar tem 7ª queda consecutiva e fecha em R$ 5,86

O dólar fechou em queda pela 7ª vez consecutiva nesta terça-feira (28.jan), na véspera do anúncio da taxa de juros no Brasil e nos EUA. A moeda norte-americana caiu 0,73%, cotada a R$ 5,8690. É o menor patamar desde novembro. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,8565.

Em 2024, o dólar teve uma valorização acumulada de 27% frente ao real, principalmente no final do ano. No dia 30 de dezembro de 2024, o dólar comercial estava cotado em R$ 6,1797. No dia 18 de dezembro de 2024, batia R$ 6,27. Já em 2025, o recuo acumulado da divisa norte-americana é de 5,03%.

Colômbia e Brasil recebem imigrantes deportados

Enquanto isso, Colômbia 🇨🇴 e Brasil 🇧🇷 recebem imigrantes deportados dos EUA 🇺🇸. Ambos questionaram condições "degradantes" e reinvindicaram tratamentos "dignos" aos seus nacionais.

Veja abaixo o post do presidente colombiano Gustavo Petro no X (antigo Twitter):

💭 Contexto

O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, cobrou explicações dos EUA sobre a deportação de 88 imigrantes. Eles chegaram ao Brasil com algemas, nos pés e nas mãos.

Para continuar recebendo os imigrantes, o Brasil anunciou a montagem de um centro de acolhimento em Minas Gerais. Já a Colômbia mandou aviões próprios para levar de volta seus cidadãos.

Políticas de Trump afetam Operação Acolhida

As novas políticas de Trump também afetam, por exemplo, a Operação Acolhida, operação humanitária na fronteira de Roraima com a Venezuela 🇻🇪, onde o Brasil recebe refugiados do país vizinho.

O governo norte-americano suspendeu por 90 dias o repasse de recursos para a OIM (Organização Internacional para as Migrações), que representa 60% do financiamento da operação.

Como consequência, instalações sanitárias em Boa Vista e Pacaraima foram fechadas, afetando serviços essenciais como banheiros, duchas e lavanderias para migrantes. 

O governo brasileiro anunciou medidas emergenciais para manter as atividades essenciais, como a realocação de servidores das áreas de saúde, assistência social, Polícia Federal e Defesa.

Saiba mais sobre a política anti-imigração de Donald Trump neste conteúdo do Correio Sabiá. Veja aqui alguns dos principais decretos assinados pelo presidente norte-americano durante sua posse.


*Conteúdo atualizado no dia 29.jan.2025, às 11h10. A informação acima sobre o PIB dos EUA continha erro, ao informar que a taxa anualizada era de 2,7%. Na verdade, a última informação disponível sobre o PIB dos EUA é de crescimento de 3,1% no 3º trimestre de 2024, já considerando a 3ª e última revisão do indicador. Saiba mais sobre nossas políticas de transparência na seção Quem Somos.

Author

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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