‘Picareta’, ‘vagabundo’: senadores trocam xingamentos em sessão da CPI
‘Picareta’, ‘vagabundo’: senadores trocam xingamentos em sessão da CPI
Renan Calheiros insinuou a existência de corrupção no governo Bolsonaro, e Jorginho Mello interrompeu-o
O relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), e o senador Jorginho Mello (PL-SC) trocaram xingamentos e precisaram ser contidos pelos demais congressistas durante o depoimento de Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, nesta 5ª feira (23.set.2021).
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O tumulto ocorreu depois que Calheiros insinuou a existência de corrupção no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), devido às negociações por vacinas e insumos entre o governo federal e empresas agora investigadas pela Comissão.
Jorginho, que é da base governista, interrompeu a argumentação do relator para dizer que Bolsonaro não era responsável pela contratação de “picaretas” da Precisa Medicamentos. Calheiros pediu para que Jorginho não o interrompesse e foi retrucado pelo senador, que o mandou “para os quintos”.
“Vá Vossa Excelência com o seu presidente e o Luciano Hang [empresário aliado de Bolsonaro]”, respondeu Renan.
O senador Jorginho, então, defendeu Luciano Hang, mandando o relator “lavar a boca” para falar de um empresário “decente” e “honrado”. Em seguida, foi chamado de “vagabundo” por Calheiros.
A partir disso, os demais senadores presentes na sessão tiveram que fazer uso da força física para separar Renan e Jorginho, que se ofendiam aos gritos de “ladrão”, “vagabundo” e “picareta”.
Após a interferência dos outros congressistas da sessão, os ânimos se acalmaram em poucos minutos. Renan Calheiros, que havia levantado da tribuna para caminhar até a cadeira de Jorginho, retornou ao seu lugar, e o depoimento de Danilo Trento foi retomado.
CPI liga Trento a lobby por jogatina
O empresário Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, obteve no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito de não responder a questões que pudessem incriminá-lo. Com isso, foram poucos os esclarecimentos concedidos por ele aos senadores.
A CPI investiga se o empresário teria viajado a Las Vegas, nos Estados Unidos, como integrante de uma comitiva de senadores que incluía Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho 01 do presidente.
Além da ligação com a família Bolsonaro, a Comissão também suspeita que a viagem de Trento a Las Vegas teria o objetivo de tentar trazer cassinos para o Brasil.
Senadores revelaram que a viagem envolvendo os senadores existiu, entre 18 e 24 de janeiro de 2020, por requerimento dos senadores Flávio Bolsonaro e Irajá Abreu (PSD-TO).
No pedido, Flávio informou que a viagem tinha o objetivo de “acompanhar a comitiva do Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur em reuniões institucionais com o Carnival Group e a Royal Caribbean International, em Miami, e com o presidente e CEO do Las Vegas Sand Corporation, Sheldon Adelson, em Las Vegas”.
Trento confirmou que já esteve em Las Vegas quando foi perguntado pelos senadores, mas não respondeu aos demais questionamentos sobre o assunto. Ou seja, não esclareceu se esteve na comitiva de Flávio Bolsonaro revelada pelos senadores.
Mais cedo, na sessão, o empresário negou manter relações com Flávio Bolsonaro, mas disse já ter participado de eventos com ele. Já o senador disse, por meio de nota, que nunca se reuniu com Trento e que não possuem qualquer vínculo.
Eis a íntegra da nota de Flávio Bolsonaro:
“Alguns poucos senadores irresponsáveis da CPI, mais uma vez, distorcem fatos e criam narrativas para atacar o senador Flávio Bolsonaro e sua família. O senador nunca se reuniu com o Sr. Danilo Berndt Trento em Las Vegas, nem possui vínculo de qualquer espécie com o mesmo. O senador esteve na referida cidade em missão oficial e suas agendas estão publicadas no site do Senado Federal.”
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