Bacia do São Francisco: 4 grandes reservatórios tendem a cair

Bacia do São Francisco: 4 grandes reservatórios tendem a cair
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4 grandes reservatórios na Bacia do São Francisco apresentam tendência de queda, mostra pesquisa

Redução significativa de superfície de água agrava cenário de crise hídrica (e geração de energia)
(São José de Piranhas - PB, 21/10/2021) Cerimônia de inauguração da obra do trecho final do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco / Foto: Isac Nóbrega/PR
(São José de Piranhas – PB, 21/10/2021) Cerimônia de inauguração da obra do trecho final do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco / Foto: Isac Nóbrega/PR

Estudo divulgado nesta sexta-feira (03.jun.2022) pela iniciativa MapBiomas mostra que 4 grandes reservatórios na Bacia do São Francisco apresentam tendência de queda da superfície de água natural nos últimos 36 anos.

Superfície é o tamanho do território coberto por água, e a MapBiomas disse que a maior das reduções ocorre na hidrelétrica Luiz Gonzaga (anteriormente, Itaparica), entre os estados de Pernambuco e da Bahia. Depois, Sobradinho, Três Marias e Xingó completam a lista. Não foi informada a dimensão da redução.

Leia o release do estudo, em PDF, divulgado pela MapBiomas.

Coordenador do MapBiomas, Carlos Souza Jr., afirmou que a tendência de queda somada à redução das chuvas e à “perda de superfície de água natural significativa do Rio São Francisco” favorecem “um cenário de crise hídrica”.

(Sertânia - PE, 18/02/2021) Sertanejo morador do sertão de Pernambuco, faz parte dos milhares de beneficiados com a transposição do Rio São Francisco / Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
(Sertânia – PE, 18/02/2021) Morador do sertão de Pernambuco, um dos beneficiados com a transposição do Rio São Francisco / Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Brasil passou por maior crise hídrica dos últimos 91 anos

Até meados de abril, o consumidor brasileiro do SNI (Sistema Nacional Interligado) –excluindo aqueles com direito à TSEE (Tarifa Social de Energia Elétrica) tiveram que pagar um valor extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos na conta de luz.

Essa taxa extra ocorreu pela implementação, em agosto de 2021, de uma nova bandeira tarifária, chamada de bandeira de “escassez hídrica”, que passou a ser a mais alta de todas. 

Até então, a bandeira tarifária mais alta era a vermelha de patamar 2, cujo custo adicional na conta de luz era de R$ 9,492 a cada 100 kWh. Isso porque, em julho de 2021, o valor da bandeira vermelha de patamar 2 subiu.

As bandeiras tarifárias são ajustadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de acordo com o custo de produção da energia no país.

Quando ocorre uma seca, cai o nível dos reservatórios de água. Consequentemente, cai o potencial de geração de energia elétrica das hidrelétricas (maior fonte de energia no país). Assim, precisam ser acionadas as termelétricas, cujo custo de produção é maior. No fim, quem paga é o consumidor. 

Em 30 anos, Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície de água natural 

O estudo mostra que a Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície de água natural entre 1985 e 2020. 

Considerando as intervenções humanas na região, no entanto, a redução geral da superfície foi de 4%, porque houve aumento artificial de 13% da superfície de água de reservatórios.

As maiores perdas de superfície de água do São Francisco foram observadas no Alto e no Baixo São Francisco, sendo de 19% e 21%, respectivamente.

O coordenador executivo do Gambá (Grupo Ambientalista da Bahia), Renato Cunha, afirmou num comunicado que os números “refletem o que nós podemos ver na prática”. 

De acordo com ele, “a Bacia do São Francisco sofre com o uso intenso e sem planejamento, seja dos recursos hídricos quanto do seu solo.” 

“Precisamos implementar soluções como a recuperação das áreas degradadas o mais rápido possível, além de promover uma boa gestão dos recursos”, afirmou.


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