'Questão de sobrevivência', diz vice de Tuvalu ao pedir fim dos combustíveis fósseis na ONU

Papanasi Nelesone participou de encontro sobre a elevação do nível do mar. Tuvalu é um dos países mais ameaçados pelas mudanças climáticas.

'Questão de sobrevivência', diz vice de Tuvalu ao pedir fim dos combustíveis fósseis na ONU
Panapasi Nelesone, vice-primeiro-ministro de Tuvalu / Imagem: Reprodução
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Vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças e Desenvolvimento Econômico de Tuvalu, Papanasi Nelesone disse na última quarta-feira (25.set.2024) que seu país "clama" pela "adoção de um Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis".

"Para nós, isso não é apenas um item da agenda. Isso é uma questão de sobrevivência", Nelesone declarou durante o encontro de Alto Nível das Nações Unidas para discutir a elevação do nível do mar.

A reunião ocorreu na esteira da Cúpula do Futuro e se concentrou na construção de entendimentos comuns, mobilização política e promoção de colaboração multissetorial e internacional, dando soluções para os Estados e as comunidades mais afetadas pela elevação do nível do mar.

Tuvalu é um pequeno país situado na Polinésia e formado por 9 ilhas e atóis. Corre o risco de ser o 1º Estado a desaparecer do planeta pelo ritmo das mudanças climáticas.

"Meu país fica a não mais do que 2 metros acima do nível do mar. A cada ano, testemunhamos nossas margens encolhendo e nosso futuro se tornando mais precário. O relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] adverte que, sem ação imediata, nações como Tuvalu poderiam acabar dentro deste século", explicou ele.

"No início deste ano, Tuvalu experimentou algumas das piores inundações costeiras de sua história, revivendo as consequências do aumento do nível do mar", acrescentou.

Como medidas de redução dos riscos climáticos, Nelesone disse que Tuvalu, junto com outros países, lançou uma iniciativa para que quadros legais internacionais protejam a soberania e a cultura das nações vulneráveis.

Além disso, há um Plano de Adaptação de Longo Prazo, que visa recuperar e elevar as terras do país. Assim, espera-se que as futuras gerações de tuvaluanos possam continuar vivendo em suas ilhas ancestrais.

"Mas isso não é suficiente. A janela para ações ousadas e transformadoras está se fechando. Devemos enfrentar a causa raiz dessa crise, as emissões de gases de efeito estufa impulsionadas pelos combustíveis fósseis. Tuvalu, junto com 12 outras nações, clama pela adoção de um Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis", afirmou.

Nelesone disse que Tuvalu precisa da cooperação internacional pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis "de maneira justa e rápida" porque a existência do seu povo está ameaçada.

"Cada dia de inação nos aproxima de uma realidade em que nações inteiras podem desaparecer", declarou.

Coalizão para Abordar a Elevação do Nível do Mar e suas Ameaças Existenciais

Esse é o nome do grupo formado na ONU, com co-presidência de Tuvalu e Alemanha. Também fazem parte: Antígua e Barbuda, Bangladesh, Costa Rica, Dinamarca, Malta, Marrocos, Nova Zelândia, Palau, República da Coreia e Romênia.

O vice-primeiro-ministro disse na reunião sobre elevação do nível do mar que o encontro era uma prova do que o multilateralismo robusto e suas ações poderiam alcançar.

No entanto, ressaltou que a reunião deveria servir como impulsionadora de ações "imediatas e transformadoras".

"Reafirmamos que nenhum esforço deve ser poupado para salvaguardar a inalienabilidade da soberania e da condição de Estado dos Estados Membros afetados", disse.

"Devemos também alavancar a ação coletiva para proteger as culturas e tradições ricas dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e das comunidades baixas ameaçadas pela elevação do nível do mar", acrescentou

Nelesone enfatizou a importância do conhecimento, dos dados e da ciência, que permitem uma gestão de riscos de desastres e adaptação climática bem-informada:

"Os esforços devem garantir que as comunidades afetadas tenham acesso a sistemas de alerta eficazes, façam escolhas bem-informadas e sigam caminhos de adaptação prósperos e positivos que promovam resiliência, protejam os meios de subsistência e as comunidades."

O que acontece em Tuvalu?

Situado na Polinésia, Tuvalu é um dos países mais afetados pelas mudanças climáticas e, em última instância, pela elevação do nível do mar.

Tuvalu é formado por um conjunto de 9 ilhas e atóis. Tudo junto, tem apenas 26 km², onde vivem cerca de 11 mil habitantes.

Outras informações sobre Tuvalu:

  • Quem nasce em Tuvalu é tuvaluano.
  • As línguas faladas em Tuvalu são inglês e tuvaluano.

Com a possibilidade de o país ficar todo debaixo d'água antes do final do século, o governo de Tuvalu aposta na digitalização completa de todos os serviços. A iniciativa provoca perguntas:

  • É possível uma nação existir mesmo sem território?
  • A nação continua existindo apenas em meio digital?

São algumas questões que a elevação do nível do mar provoca para a população tuvaluana.


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