Perguntada sobre Bolsonaro, Casa Branca cita possibilidade de uso de 'meios militares'

'O presidente não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão no mundo', disse

Perguntada sobre Bolsonaro, Casa Branca cita possibilidade de uso de 'meios militares'
Trump fala com a imprensa no dia 7.set.2025, observado pela secretária de Imprensa, Karoline Leavitt / Imagem: White House Photo / Daniel Torok

Perguntada nesta terça-feira (9.set.2025) sobre o julgamento do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, citou a possibilidade de usar "meios militares" pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O caso foi exatamente o seguinte:

O repórter Michael Shellemberger questionou se Trump estava "considerando ações adicionais, dado que parece que [o julgamento no Brasil] vai resultar numa condenação contra o [ex-]presidente Bolsonaro, impedindo-o de concorrer [nas eleições de 2026]".

A porta-voz respondeu:

"O presidente não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo."

Leavitt completou:

"A liberdade de expressão é a questão mais importante dos nossos tempos. Presidente Trump leva isso muito a sério, e por isso tomamos ações contra o Brasil."

Sem citar os Estados Unidos, o Itamaraty divulgou uma nota intitulada "Em defesa da democracia brasileira". Eis a íntegra:

"O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia.

O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos 3 Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania.

O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais."

Contexto

A declaração de Leavitt ocorreu durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Até o momento de publicação deste conteúdo, 2 ministros haviam votado. Nos 2 casos, o voto foi pela condenação de Bolsonaro. Foram eles: Alexandre de Moraes, que é o relator da ação, e Flávio Dino.

Nesta 1ª fase, estão sendo julgados 8 réus (Bolsonaro + 7) que fazem parte do chamado "Núcleo 1" (ou “Núcleo Crucial”). São eles:

  • Deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF (Distrito Federal);
  • General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
  • Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu colaborador);
  • Ex-presidente da República Jair Bolsonaro;
  • General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • General da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa (além de vice na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022).

Na ordem, os próximos a votar são Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Ao todo, são 5 ministros na Primeira Turma da Corte.

Protestos no Dia da Independência do Brasil

Bolsonaristas foram às ruas em diferentes cidades no último domingo (7.set.2025), Dia da Independência do Brasil, para pedir anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando houve invasão às sedes dos 3 Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e depredação de patrimônio público.

O motivo principal: não aceitavam o resultado eleitoral, que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. Muitos manifestantes pediam golpe militar com Bolsonaro no poder. O ex-presidente já havia embarcado para os Estados Unidos sem previsão de retorno desde o final de 2022, motivo pelo qual não passou a faixa presidencial ao sucessor.

As críticas ao STF, especificamente ao ministro Alexandre de Moraes, também estavam entre as pautas dos bolsonaristas neste domingo (7.set). Eles estenderam uma enorme bandeira dos Estados Unidos na Avenida Paulista, em São Paulo, e pediram ajuda do presidente Donald Trump.

No Dia da Independência do Brasil, bolsonaristas estendem bandeira dos EUA na Paulista
Usamos IA para estimar a dimensão da bandeira, exposta num momento em que o Brasil enfrenta sanções dos Estados Unidos.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos mantendo agenda de reuniões com autoridades norte-americanas para ajudá-las a promover sanções econômicas e políticas contra o Brasil e autoridades brasileiras, compartilhou o protesto em sua conta no X (antigo Twitter).

Author

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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