Ministros de Lula filiados ao PP e ao União Brasil são punidos pelos partidos por resistirem a deixar cargos no governo

Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esportes) tiveram as atividades partidárias suspensas, assim como perderam força sobre os diretórios de seus estados

Ministros de Lula filiados ao PP e ao União Brasil são punidos pelos partidos por resistirem a deixar cargos no governo
Ao lado de Lula, o ministro Celso Sabino (Turismo) em sua posse no cargo / Imagem: Ricardo Stuckert/PR
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O fato principal

União Brasil e PP (Progressistas) puniram, respectivamente, os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esportes) nesta quarta-feira (8.out.2025) por infidelidade partidária. Ambos foram afastados de suas funções partidárias.

Motivo: as duas legendas fazem parte da oposição e queriam que seus filiados deixassem os cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme definição partidária. Eles recusaram.

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Por que isso importa? A eleição geral de 2026 é o pano de fundo para as punições. Enquanto partidos decidem se colam ou não sua imagem no governo Lula, políticos fazem o mesmo. Na equação estão os prós e contras de permanecer ou não no cargo.

Eis o detalhamento de cada caso:

Celso Sabino (União Brasil), ministro do Turismo

Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Celso Sabino é deputado federal licenciado e presidente do diretório estadual do União Brasil no Pará. Pressionado pelo partido, chegou a anunciar sua saída do Ministério do Turismo, mas manteve-se no cargo. Segundo ele, a pedido de Lula.

A ambição política do ministro seria concorrer ao Senado na eleição de 2026. Sua eventual saída do União e a consequente revisão do partido sobre a liderança no Pará são obstáculos para este objetivo.

No entanto, colar a imagem no governo –considerando que seu eleitor está no Pará– e manter-se à frente do ministério seriam pontos positivos para que Sabino se mantivesse no cargo.

Como punição, o União Brasil decidiu afastar Celso Sabino de suas atividades partidárias. Mesmo assim, ele diz que o processo é injusto e que não abandonará o governo.

O União Brasil integrava, inicialmente, o governo Lula. No entanto, as votações no Congresso não necessariamente refletiam esse apoio. No decorrer do mandato de Lula, a legenda passou à oposição.

A deliberação sobre a situação de Sabino foi anunciada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Havia até a possibilidade de expulsá-lo da legenda.

Caiado declaradamente quer concorrer à Presidência em 2026 pelo campo político-ideológico da direita. Enfrenta resistências dentro da federação de que seu partido agora faz parte, como do senador Ciro Nogueira (PP-PI), com quem teve atritos públicos neste final de semana.

André Fufuca (PP), ministro dos Esportes

Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Deputado federal licenciado pelo PP do Maranhão, o ministro André Fufuca foi afastado da vice-presidência nacional da legenda e de todas as deliberações internas do partido.

O diretório estadual do PP no Maranhão, que era comandado por Fufuca, vai passar por uma intervenção do partido.

Inicialmente, o PP tinha estabelecido que o ministro deveria deixar o governo até o início de setembro. Depois, prorrogou o prazo até o último domingo (5.out).

Dois dias após o fim do prazo, nesta terça-feira (7.out), Fufuca reafirmou lealdade a Lula numa cerimônia de entrega de moradias do programa "Minha Casa, Minha Vida" ao lado do presidente em Imperatriz (MA), seu estado.

“Em 2022, eu cometi um erro, mas agora, em 2026, pode ser que meu corpo esteja amarrado, mas minha alma, meu coração e minha força de vontade estejam livres para brigar e ajudar Luiz Inácio Lula da Silva a ser presidente do Brasil”, declarou.

A declaração teria soado dentro do partido como um rompimento com a liderança do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da sigla e ex-ministro do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ciro Nogueira comunicou sobre a decisão do partido em punir Fufuca numa publicação no X (antigo Twitter):

Fufuca também teria interesse em concorrer ao Senado em 2026.

Federação partidária União PP

União Brasil e PP formalizaram no dia 29 de abril de 2025 uma federação partidária. Por isso, vão concorrer juntos na eleição de 2026.

A junção tornou-os a maior bancada da Câmara dos Deputados e do Senado (neste caso, com o mesmo número de congressistas que o PL).

Ambos integram o chamado "centrão", grupo sem coloração ideológica bem definida, que costuma integrar diferentes governos e negociar cargos.

Autor

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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