Lula tem evento com Tarcísio e Ricardo Nunes no Planalto
Evento marca assinatura de contratos de financiamento do BNDES para a infraestrutura e mobilidade urbana de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta sexta-feira (29.nov.2024), no Palácio do Planalto (sede do Poder Executivo), de assinatura de contratos de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para infraestrutura e mobilidade urbana de São Paulo. O evento conta com as presenças dos bolsonaristas Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Ricardo Nunes (MDB), prefeito que foi reeleito em São Paulo após derrotar o candidato de Lula no 2º turno, Guilherme Boulos (PSOL).
A cerimônia é especialmente relevante por seu momento político. Ocorre na mesma semana em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirou o sigilo do relatório da PF (Polícia Federal) que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.
O documento da PF tem quase 900 páginas. Coloca Bolsonaro e alguns de seus principais aliados no centro de uma trama golpista. Também indica que havia um plano para matar Alexandre de Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A consumação só não teria ocorrido porque parte dos comandantes das Forças Armadas (Exército e Aeronáutica) não aderiu. Por isso, diz a PF, Bolsonaro hesitou em assinar um decreto de golpe que já estava pronto. Consequentemente, todo o restante da execução foi caindo.
Na quinta-feira (28.nov), Lula recebeu o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), outro que costumava ser próximo de Bolsonaro. Na mesma data (28), encontrou os governadores do Pará, Hélder Barbalho (MDB), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB). Ainda assinou um aditivo de R$ 3,6 bilhões para conclusão das obras da Transnordestina e lançou o programa Periferia Viva, uma iniciativa para promover a urbanização de favelas que envolve mais de R$ 7 bilhões de investimento e 30 políticas.
Enquanto isso, ainda na quinta (28), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) detalhou o pacote fiscal que anunciou na véspera, oficialmente, em rede nacional de rádio e TV. Uma das principais medidas é a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil ao mês. Para compensar, quem recebe a partir de R$ 50 mil pagará mais imposto.
"Qualquer aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, como já foi feito por este governo duas vezes, tem que vir acompanhado de uma compensação. Ou seja, o projeto de lei que vai ser encaminhado pelo [Poder] Executivo da Reforma da Renda pressupõe neutralidade tributária (...). Não se trata de mexer com o nível da arrecadação de impostos. Trata-se de buscar justiça tributária. Por que é importante dizer isso? Porque o Congresso vai ter o seu tempo de analisar a proposta do Executivo para que tanto o imposto do consumo quanto o da renda entre em vigor em janeiro de 2026", disse Haddad na entrevista coletiva realizada na manhã de quinta (28).
Repercutindo o pacote fiscal como um todo –mas principalmente a isenção de Imposto de Renda para uns e o ajuste compensatório no outro lado da linha–, o dólar disparou e atingiu sua máxima histórica. Fechou cotado a R$ 5,99, tendo atingido a marca de R$ 6 durante o pregão.
🧠 Memória: No início de novembro, com o anúncio da vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos (🇺🇸), o dólar passou a operar em forte alta (bateu R$ 5,86). No entanto, o sinal foi invertido ainda naquela manhã. Às 14h20 (horário de Brasília), a moeda norte-americana já operava abaixo de R$ 5,70. Fechou com queda de 1,26%, cotado a R$ 5,67. São situações diferentes, mas que mostram fortes oscilações num curto intervalo de tempo.
Semana começou com notícias da COP29
Parece que já faz muito tempo, mas foi nesta semana que informamos sobre o desfecho da COP29, a Conferência das Partes das Nações Unidas, mais importante encontro global para discutir as mudanças climáticas.
Conforme análise do secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, o resultado da conferência foi decepcionante. Isso porque o acordo de financiamento climático ficou muito abaixo do esperado (e das necessidades para conter os efeitos das mudanças climáticas).
A expectativa: cerca de US$ 1,3 trilhão ao ano. A realidade firmada: US$ 300 bilhões até 2035.
"A presidência da COP29 foi desastrosa, perdendo apenas para o conteúdo do texto aprovado, que é absolutamente insuficiente para qualquer solução da crise climática. O desfecho de Baku escancara que os países ricos fogem de qualquer responsabilidade, além de deixar aberta a conta do financiamento. A COP30, sob a liderança do Brasil, terá que ser muito competente e dedicada para preencher as lacunas deixadas por esta conferência, promover o avanço de ambição e manter o objetivo de 1,5ºC vivo", declarou Astrini.
🧮 Contas para entender a nova meta de financiamento climático
Às vezes, pode ser complexo entender se US$ 300 bilhões ao ano é muito ou pouco. Ainda mais falando em dólares. Por isso, o Observatório do Clima fez comparações com outras quantias. Exemplos:
- Ao dividir US$ 300 bilhões pelos países menos desenvolvidos, as 45 nações mais vulneráveis à crise climática ficariam com apenas US$ 6,6 bilhões ao ano para se virar.
- No Brasil, o cálculo para recuperar os estragos pelas enchentes no Rio Grande do Sul é de R$ 100 bilhões, o que dá cerca de US$ 17 bilhões.
- Para outro efeito de comparação, o governo brasileiro concedeu mais de R$ 400 bilhões em créditos para o agronegócio, o que dá quase US$ 69 bilhões num único ano em benefícios fiscais para um setor.
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