Lula: muitas vezes ganhamos a eleição com discurso de esquerda e governamos para tentar agradar a direita

Presidente citou explicitamente os esforços para tentar responder a anseios da imprensa e do mercado financeiro, em painel satélite à ONU sobre fortalecimento da democracia

Lula: muitas vezes ganhamos a eleição com discurso de esquerda e governamos para tentar agradar a direita
Na mesa central, Lula durante a 2ª Reunião “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos” / Imagem: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu na manhã desta quarta-feira (24.set.2025) que o fortalecimento da democracia passa por governar de acordo com o discurso para o qual foi eleito. Neste contexto, na visão dele, um governo de esquerda deve se conectar aos interesses dos grupos que o elegeram, e não tentar agradar a grupos adversários, como o mercado financeiro, citado pelo presidente.

"Muitas vezes, a gente ganha as eleições com o discurso de esquerda e, quando começamos a governar, atendemos muito mais aos interesses dos nossos inimigos do que aos [interesses] dos nossos amigos", afirmou.
"Muitas vezes, governamos dando resposta ao que a imprensa publica sobre nós, à cobrança do mercado, à necessidade de contentar o mercado, à necessidade de contentar os adversários", continuou.
"Muitas vezes, os nossos eleitores que foram para a rua, que apanharam, que foram achincalhados, são considerados por nós sectários e radicais. E a gente começa a não dar atenção a eles e a dar atenção àqueles que não falam bem da gente. Esse é o fracasso da democracia", finalizou.

Lula deu a declaração na 2ª reunião “Em Defesa da Democracia, Combatendo Extremismos”, evento paralelo à ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, nos Estados Unidos.

A organização foi dos governos do Brasil, da Espanha, do Chile, da Colômbia e do Uruguai. A principal diferença em relação ao evento de 2024 é que, desta vez, com os Estados Unidos sob presidência de Donald Trump, o governo norte-americano não foi convidado.

O presidente brasileiro sugeriu que cada chefe de Estado e demais pessoas presentes na reunião fizessem uma revisão das próprias ações para responder às perguntas sobre as razões para o crescimento da extrema direita no mundo:

"O que importa hoje é a gente responder para nós mesmos onde é que os democratas erraram, onde é o momento em que a esquerda errou. Por que nós permitimos que a extrema direita crescesse com a força que está crescendo?"

Lula fez diversas perguntas no mesmo sentido:

"É virtude deles ou é incompetência nossa? Vamos responder para nós mesmos o que vamos fazer para fortalecer a democracia."
"Onde é que nós erramos? O que é que eu fiz como presidente da República para fortalecer a organização popular e social?"
"O que nós deixamos de fazer? E eu acho que nós deixamos de fazer muitas coisas que, num 2º momento, pretendo dizer."

O motivo central das questões é que, segundo Lula, deve-se "procurar os erros que a democracia cometeu na relação com a sociedade civil" antes de "procurar a virtude do extremismo de direita".

"Como é que nós estamos exercendo a democracia nos nossos países?", perguntou mais uma vez.

"Se a gente encontrar essa resposta, a gente volta a vencer a direita. Se a gente não encontrar a resposta, a gente vai continuar sendo sufocado pelo negacionismo, pelo extremismo e pelo discurso fascista que nós estamos vendo agora", concluiu.

Assista ao pronunciamento completo no canal do presidente no YouTube:

Author

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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