Lula participa de reunião sobre o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre na ONU
TFFF, na sigla em inglês, é um fundo que une capital público e privado para conservar florestas tropicais. Será lançado na COP30, em Belém. Entenda.
O fato principal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta terça-feira (23.set.2025), em Nova York, nos Estados Unidos, de reunião sobre o TFFF (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, em português). O evento ocorre às 15h do horário local (-1h em relação a Brasília).
O encontro será realizado após a abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), onde Lula faz seu 10º discurso de abertura como presidente da República.
Desta vez, o discurso ocorre num contexto de disputas políticas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs sanções de 50% a produtos brasileiros e a autoridades do país.
O que é o TFFF?
O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) é um fundo multilateral para a preservação das florestas tropicais no mundo. É um mecanismo financeiro para promover a conservação ambiental e mitigar as mudanças climáticas por meio da proteção das florestas tropicais e subtropicais úmidas em países em desenvolvimento.
O Brasil lidera a iniciativa pelo TFFF junto com outros 5 países com grandes áreas florestais tropicais –Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia. Há apoio de investidores como Alemanha, Noruega, França, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos.
Como vai funcionar o TFFF?
O fundo funcionará oferecendo pagamentos previsíveis e proporcionais à área de floresta preservada –medidos com monitoramento via satélite–, incentivando os países a manter suas florestas em pé ao invés de desmatar.
Diferentemente dos modelos convencionais baseados em doações ou créditos de carbono, o TFFF é estruturado como um fundo fiduciário permanente que combina aportes públicos e captação de recursos privados, estimados em US$ 125 bilhões, para garantir um fluxo anual constante, projetado em US$ 4 bilhões por ano para preservação ambiental.
Ao funcionar com uma lógica de mercado e responsabilidade compartilhada, o TFFF tenta alavancar recursos privados a partir de investimentos públicos, com a meta de mobilizar cerca de US$ 4 do setor privado para cada US$ 1 inicial aportado pelos países.
Esta forma de financiamento é inédita e visa garantir sustentabilidade financeira de longo prazo para os países detentores das florestas, que poderão usar os recursos conforme suas necessidades, mas com regras claras de elegibilidade e prestação de contas.
O fundo prevê ainda que pelo menos 20% dos recursos sejam destinados diretamente às populações indígenas e comunidades tradicionais, reconhecendo o papel dessas populações na proteção dos territórios florestais.
TFFF no contexto da COP30
O TFFF deve ser apresentado oficialmente durante a COP30, que será realizada em novembro na cidade de Belém, no Pará, um dos 9 estados brasileiros que compõem a região da Amazônia Legal.
Representantes de governos, investidores, organizações da sociedade civil e lideranças indígenas estarão presentes para debater e apoiar oficialmente o lançamento do fundo.
No contexto da COP30, o TFFF representa uma das principais iniciativas do Brasil para o financiamento climático robusto e inovador. O fundo alinha interesses do Sul Global e das potências financeiras mundiais numa coalizão formada para preservar as florestas, que são um ativo estratégico para:
- Mitigar as mudanças climáticas;
- Conservar a biodiversidade; e
- Assegurar serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e o equilíbrio do carbono atmosférico.
A expectativa é que, além de promover discussões sobre metas climáticas e políticas públicas para proteção ambiental, o evento consolide o financiamento do TFFF, sensibilize países que ainda não aderiram à iniciativa e mobilize ainda mais o capital privado para esse fim.
Além disso, o TFFF dialoga com outras propostas em discussão na COP30, como a criação de uma coalizão global de mercados de crédito de carbono, formando uma parceria complementar entre preservação e compensação, reforçando a meta global de redução das emissões de gases de efeito estufa com base em limites e incentivos claros.
O fundo, embora não seja formalmente um instrumento da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática), contribui para os seus objetivos ao tentar garantir que a floresta em pé valha mais do que a floresta derrubada.
Author

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.
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