Lula discursa na ONU; saiba a agenda do presidente em Nova York
Entenda o contexto do discurso e confira os compromissos da agenda

Contexto do discurso na ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz nesta terça-feira (23.set.2025) o seu 10º discurso de abertura como presidente da República numa Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Desta vez, o discurso ocorre num momento de disputas políticas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs sanções de 50% a produtos brasileiros e a autoridades do país, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O governo norte-americano estendeu as sanções nesta segunda-feira (22.set) à esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, por meio da Lei Magnitsky. Até os criadores da lei discordam da forma como Trump vem aplicando a medida.
Como deve ser o discurso
Espera-se que Lula reforce tópicos que vem destacando nas últimas semanas, de novo sem explicitamente citar nomes. Ou seja, tende a passar os recados, mas sem citar "Trump", "Estados Unidos" e "Eduardo Bolsonaro" ou "Jair Bolsonaro". Ele deve:
- Defender a soberania nacional e o papel do Judiciário brasileiro, notadamente a independência do STF e o curso legal das investigações no país, sem interferência entre os Poderes, que culminou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão;
- Declarar que o Brasil não aceita ingerências estrangeiras em seus assuntos internos;
- Criticar a atuação de políticos brasileiros no exterior contra os interesses da população nacional e de seus empresários;
- Reforçar a queda no desmatamento da Amazônia e o chamado para que os países participem da COP30, a ser realizada em Belém (PA).
Lula deve voltar a defender a criação de um Estado da Palestina e o fim do genocídio na Faixa de Gaza liderado pelo governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O presidente deve reafirmar a necessidade de reformar a ONU, principalmente o seu Conselho de Segurança. Garantir assento permanente no colegiado é um pleito histórico do Brasil, assim como acabar com o poder de veto dos países-membros.
Outro tópico é a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU. Cerca de 24 milhões de pessoas deixaram a situação de insegurança alimentar grave no triênio finalizado em 2023, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Solução de 2 Estados para Palestina e Israel
Na véspera do discurso de abertura (22.set), Lula participou da 2ª sessão da Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita.
“O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir”, declarou em discurso.
“Apoiamos a criação de um órgão inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel central no fim do regime de segregação racial sul-africano. Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade”, acrescentou num outro momento.
Depois do discurso de abertura, reunião sobre florestas
Após discursar na abertura da Assembleia Geral, Lula participará nesta mesma terça-feira (23.set) de reunião sobre o TFFF (Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, em português). O evento ocorre às 15h do horário local (-1h em relação a Brasília).
O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) é um fundo multilateral para a preservação das florestas tropicais no mundo. É um mecanismo financeiro para promover a conservação ambiental e mitigar as mudanças climáticas por meio da proteção das florestas tropicais e subtropicais úmidas em países em desenvolvimento.
Outras agendas do Lula na ONU
Na quarta-feira (24.set), Lula copresidirá –junto com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; do Chile, Gabriel Boric; do Uruguai, Yamandú Orsi; e da Espanha, Pedro Sánchez, a 2ª edição do evento “Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo” para debater o fortalecimento das instituições democráticas.
A novidade: diferentemente do que ocorreu em 2024, quando eram presididos pelo democrata Joe Biden, os Estados Unidos não foram convidados a participar.
No mesmo dia (24), Lula copresidirá o "Evento Especial de Alto Nível sobre Ação Climática e COP30", organizado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para mobilização de Estados-membros para ação climática e apresentação de novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).
O que achou da agenda? Faça o login no site e comente. Precisamos saber o que você vem achando do nosso trabalho para que possamos melhorar ou, quem sabe?, manter as coisas como estão (se estiverem funcionando bem).
Author

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.
Sign up for Correio Sabiá newsletters.
Stay up to date with curated collection of our top stories.