'Liberdade de expressão': governo Trump quer que jornais mostrem reportagens sobre o Pentágono antes da publicação

Todo o conteúdo relativo ao Departamento de Guerra deve ser revisado e autorizado por um oficial, segundo as novas diretrizes

'Liberdade de expressão': governo Trump quer que jornais mostrem reportagens sobre o Pentágono antes da publicação
Imagem: Official White House Photo/Andrea Hanks
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O fato principal

O Departamento da Guerra (ex-Defesa) dos Estados Unidos, cujo edifício-sede é conhecido como Pentágono (devido ao seu formato geométrico), divulgou novas regras que censuram a cobertura da imprensa sobre assuntos relativos a si. Agora, jornalistas precisam submeter as reportagens a "oficiais autorizados", que deverão aprová-las (ou não), sob a pena de perderem acesso às dependências do local.

O comunicado foi apresentado aos repórteres encarregados de fazer a cobertura, a partir de um memorando assinado no dia 18 de setembro de 2025 pelo secretário do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth.

"[O Departamento de Guerra] continua comprometido com a transparência para promover a responsabilização e a confiança pública. (...) No entanto, as informações do DoW [Department of War] devem ser aprovadas para divulgação pública por um oficial autorizador apropriado antes de serem divulgadas, mesmo que não sejam confidenciais", diz o documento.

O governo do presidente norte-americano Donald Trump apresentou a nova diretriz como “medida de segurança” para evitar vazamentos. No entanto, jornais classificaram a iniciativa como ato de censura e atentado à liberdade de imprensa. Dizem que viola a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.

Baixe o PDF

Por transparência, o Correio Sabiá publica o PDF do memorando, facilitando o acesso à informação de seus leitores:

Pontos-chave do memorando

Trump e o secretário Pete Hegseth / Imagem: Official White House Photo/Andrea Hanks

Abaixo, em tópicos, alguns pontos-chave do memorando que definiu censura aos jornalistas que cobrem o Pentágono:

  • Jornalistas credenciados precisam assinar um compromisso de só publicar reportagens sobre o Pentágono que tenham sido aprovadas previamente por um agente autorizado.
  • A regra vale também para informações não confidenciais ou não classificadas. Ou seja, todo o conteúdo referente ao Pentágono deve passar por análise oficial antes da divulgação.
  • O descumprimento resulta em perda imediata da credencial de imprensa, o que impede acesso físico ao prédio para cobertura jornalística.
  • Proibição do uso de fontes anônimas ou informações obtidas fora dos canais oficiais, mesmo que não sejam classificadas como sigilosas.
💡
Este item é significativamente impactante para a atividade jornalística, já que muitas "fontes" não podem se identificar sob risco de sofrer retaliações. O jornalista tem direito constitucional de resguardar o sigilo de suas fontes para protegê-las –e isso ajuda a sociedade a obter informações de interesse público que, caso contrário, não obteria. Por fim, essa garantia fortalece a democracia.
  • O acesso dos jornalistas às áreas internas do Pentágono foi restringido. Só é permitido circular com escolta oficial e várias seções ficaram completamente inacessíveis sem autorização extra.
  • Os credenciados passam a ser monitorados e podem ser banidos por tentativa de acessar, publicar ou buscar informações além do permitido.

Comente abaixo o que achou deste conteúdo. O governo Trump está restringindo a liberdade de expressão nos Estados Unidos?

Author

Maurício de Azevedo Ferro
Maurício de Azevedo Ferro

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.

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