Ibama autoriza Petrobras a procurar petróleo na Margem Equatorial

Órgão ambiental muda entendimento e agora dá aval para a pesquisa da estatal. Por ora, não há produção de petróleo, mas sim a perfuração para fins de estudo de viabilidade econômica.

Ibama autoriza Petrobras a procurar petróleo na Margem Equatorial
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), durante cerimônia de anúncio de investimentos da Petrobras para a Bahia / Imagem: Tauan Alencar/MME
Índice

O fato principal

Há 5 meses, no dia 19 de maio de 2025, a Petrobras ficou mais próxima de obter a autorização para procurar petróleo na chamada Margem Equatorial. Naquela altura, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) aprovou o PPAF (Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada) apresentado pela estatal, etapa essencial para a perfuração do 1º poço exploratório no bloco FZA-M-59, em águas profundas do Amapá. Agora, no dia 20 de outubro do mesmo ano, a licença pela perfuração foi dada em definitivo.

Contexto

A concessão da licença ocorre a 20 dias para início da COP30, a Conferência das Partes, mais importante encontro global para discutir as mudanças climáticas, cujo principal fator responsável são os combustíveis fósseis. O evento será realizado em Belém, no Pará, um dos 9 estados que compõem a Amazônia Legal.

Mais informações

A princípio, trata-se da perfuração de um poço exploratório localizado em águas profundas do Amapá, a 500 km da Foz do Rio Amazonas e a 175 km da costa. A previsão é de início imediato, com duração aproximada de 5 meses.

Não há produção de petróleo neste momento. Na pesquisa exploratória, a companhia tenta obter mais informações geológicas para avaliar se há petróleo e gás na área em escala econômica.

Histórico

Apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) –sendo até o estopim para sua saída da Rede e filiação ao PT– e pelo Ministério de Minas e Energia, a exploração de petróleo na Margem Equatorial tem resistência de ambientalistas, órgãos de fiscalização ambiental e do Ministério do Meio Ambiente, liderado pela ministra Marina Silva. Portanto, o assunto dividiu integrantes do próprio governo federal.

Baseado em análises técnicas, o Ibama chegou a negar pedidos anteriores da Petrobras para autorização de exploração de petróleo na Margem Equatorial. Motivo: preocupações com a alta sensibilidade socioambiental da região e riscos de acidentes em uma nova fronteira exploratória.

Diante das negativas do órgão ambiental, Lula criticou os servidores do Ibama:

"O que não dá é para a gente ficar nessa lenga-lenga, com o Ibama sendo um órgão do governo e parecendo ser contra o governo", disse o presidente no dia 12 de fevereiro de 2025.

Desde então, o Ibama começou gradualmente a mudar seu entendimento. Pelos novos posicionamentos, deu a entender que a Petrobras passou a cumprir as exigências e dar esclarecimentos satisfatórios.

Agora, o Ibama disse por meio de nota que a emissão da licença ocorreu "após rigoroso processo de licenciamento ambiental, que contou com elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), realização de três audiências públicas, 65 reuniões técnicas setoriais em mais de 20 municípios dos estados do Pará e do Amapá, vistorias em todas as estruturas de resposta à emergência e unidade marítima de perfuração, além da realização de uma Avaliação Pré-Operacional, que envolveu mais de 400 pessoas, incluindo funcionários e colaboradores da Petrobras e equipe técnica do Ibama".

A exploração de petróleo na Margem Equatorial já era um assunto tratado como certo por especialistas da área oceanográfica. O professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP (Universidade de São Paulo), foi um dos 19 signatários de um documento que propunha diretrizes para uma exploração com mitigação de riscos. O Correio Sabiá reportou:

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Redação do Sabiá
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