Gilmar Mendes vota contra o marco temporal para terras indígenas

Ministro fez um voto que busca conciliar direitos dos povos indígenas e dos fazendeiros

Gilmar Mendes vota contra o marco temporal para terras indígenas
Imagem: Nelson Jr./SCO/STF

O essencial

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou contra o marco temporal para terras indígenas nesta segunda-feira (15.dez.2025).

Gilmar entendeu que é inconstitucional a tese do marco temporal, segundo a qual a demarcação de terras só seria possível se houvesse comprovação de sua ocupação por povos indígenas à época da promulgação da Constituição de 1988.

O voto

O ministro sustentou que não cabe ao Legislativo restringir direitos que a Constituição assegura aos povos indígenas e apontou que a imposição do marco temporal significaria uma “restrição indevida” aos direitos fundamentais.

O ministro destacou que o "processo de ocupação territorial brasileiro", desde a chegada dos portugueses em 1500, é permeado por "apropriação do território inicial e integralmente indígena". Na maioria das vezes, com "violência, intimidação e mortes". 

Gilmar tentou adotar uma solução que concilie os direitos dos indígenas e dos proprietários rurais. De acordo com o ministro, os donos de terra só poderiam ser desapropriados com indenização prévia.

Gilmar também propôs que o governo federal tenha até 10 anos para concluir todos os processos de demarcação de terras indígenas pendentes por meio da Funai (Fundação Nacional Indígena). É um tipo de prazo para regularizar as áreas tradicionalmente ocupadas.

Gilmar é o relator do caso no STF. O voto foi acompanhado no início pelo ministro Flávio Dino. A votação ocorre no plenário virtual do STF, ou seja, todos os ministros lançam seus votos em uma plataforma eletrônica até o fim do prazo, que é quinta-feira (18.dez), às 23h59.

Placar e PDF

Eis o placar parcial até a última atualização deste conteúdo:

Até o momento, o placar é contra o marco temporal, com os seguintes votos registrados:

  • Gilmar Mendes: contra o marco temporal
  • Flávio Dino: contra
  • Cristiano Zanin: contra
  • Luiz Fux: contra

Contexto

Enquanto o STF julga, o Senado aprovou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que visa inserir a tese do marco temporal na Constituição. É um movimento político que entra em conflito com a decisão da Corte.

A aprovação da PEC no Senado ocorreu justamente 1 dia antes do STF retomar as discussões sobre o marco temporal. Isso porque, no dia 10.dez, houve mais debates promovidos pela Corte com apresentação de argumentos.

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Correio Sabiá
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