Flávio Bolsonaro e aliados explicam que candidatura à Presidência é 'para valer'
Senador condicionou eventual desistência de candidatura à anistia e a benefícios eleitorais ao pai. Depois, reafirmou que é candidato. Veja a cronologia e a repercussão.
O essencial
O senador e agora pré-candidato à Presidência em 2026 Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e alguns aliados próximos passaram parte dos últimos dias reafirmando que a candidatura do congressista, anunciada publicamente no dia 5 de dezembro de 2025, "é para valer".
“Em nenhum momento o Flávio colocou que a sua candidatura era um balão de ensaio. Ele fez um ensaio retórico ao dizer que o ‘preço’ era que o presidente Bolsonaro pudesse constar na cédula eleitoral como candidato”, disse o também senador Rogério Marinho (PL-RN) na noite de segunda-feira (8.nov).
Histórico
5.dez.2025: Anúncio da pré-candidatura
Numa sexta-feira, 5.dez.2025, Flávio anunciou formalmente que aceitou a missão de representar o movimento político bolsonarista na corrida presidencial. Disse que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “maior liderança política e moral do Brasil”.
"É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu o senador num post no X (antigo Twitter).
A mensagem ocorreu logo após uma visita do senador ao pai na prisão em Brasília e repercutiu imediatamente no cenário político e financeiro do país. Houve reação negativa nos mercados.

7.dez.2025: Condicionamento e “preço” para desistir
Dois dias depois, em 7.dez.2025, Flávio compareceu a um culto religioso em Brasília. Nesta ocasião, ao ser questionado por jornalistas, admitiu que existia “um preço” para que ele desistisse da pré-candidatura. De acordo com ele, uma eventual desistência poderia incluir a pauta da anistia e liberação do pai nas urnas.
O senador disse que sua pré-candidatura “não tem volta” dentro do contexto atual do pai preso e inelegível, mas ao mesmo tempo declarou que “tem um preço” que poderia levá-lo a negociar sua desistência.
Flávio mencionou que a anistia aos condenados pelos atos com pautas golpistas de 8 de janeiro de 2023 estaria entre os fatores de discussão nos bastidores políticos. No dia 10.dez.2025, o PL (projeto de lei) da Dosimetria, que abranda as penas dessas pessoas, foi aprovado na Câmara.
8–9.dez.2025: Reação e recuo
Nos dias seguintes à declaração sobre o “preço” de uma eventual desistência, houve reação política. Tanto Flávio quanto aliados buscaram contornar a percepção de que a pré-candidatura estaria “à venda” em troca de benefícios ao ex-presidente e a apoiadores bolsonaristas.
Em 9.dez.2025, após um novo encontro com Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal em Brasília, Flávio Bolsonaro reapareceu à imprensa com uma declaração mais assertiva, com um tom ajustado.
O senador afirmou que sua pré-candidatura é “irreversível” e que não pretende voltar atrás na decisão de disputar o Palácio do Planalto. Nesta ocasião, declarou que sua saída da corrida presidencial não é negociável.
Repercussão
Tarcísio de Freitas
Aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), expressaram apoio ao senador e reafirmaram lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, Tarcísio disse ser "cedo" para tratar de eleições.
Embora venha sendo citado nas principais pesquisas para a corrida presidencial de 2026 e seja o nome preferido do mercado financeiro neste momento, Tarcísio não é oficialmente pré-candidato à Presidência. Publicamente, Tarcísio tem defendido que sua prioridade imediata é a reeleição ao governo de São Paulo em 2026.
O governador de São Paulo foi criticado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos. No entanto, tem sido citado de forma positiva por Bolsonaro e pelo próprio Flávio.
Tarcísio seria um “palanque forte” em São Paulo para a campanha presidencial, estado com o maior colégio eleitoral do país, e um aliado importante no projeto político da direita.
Em tom amistoso, Flávio afirmou que a sua candidatura “não para de pé sem o apoio de Tarcísio” e ressaltou que não pretende se desentender com ele.
Dessa forma, Tarcísio aparece em uma posição dupla: mantém sua trajetória eleitoral estadual, mas também é apontado como peça central de uma articulação ampla da direita em âmbito nacional.
Centrão e líderes políticos de direita
Alguns líderes políticos do chamado "centrão" (termo usado para se referir a um grupo de partidos ou congressistas, normalmente de centro e centro-direita, mas com atuação pragmática) reagiram de forma crítica ao anúncio de Flávio Bolsonaro como candidato:
Segundo relatos de bastidores com líderes como Ciro Nogueira e Antônio Rueda, presidentes do PP e do União Brasil, respectivamente, foi sugerido que nenhum candidato com o “sobrenome Bolsonaro” teria bom desempenho em 2026, e que Tarcísio de Freitas seria uma alternativa mais competitiva para a direita.
Já o presidente do PSD, Gilberto Kassab, um dos maiores partidos de centro-direita, reafirmou apoio a Tarcísio de Freitas caso ele seja candidato à Presidência, mesmo desejando “boa sorte” a Flávio Bolsonaro em sua caminhada.
Segundo Kassab, o PSD não pretende fechar questão nem retirar possíveis candidaturas próprias para apoiar automaticamente Flávio no 1º turno.
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