Equador: conflito interno armado de 2024, explicado
Fuga do chefe de uma facção criminosa do presídio desencadeou uma série de ataques e episódios de violência no Equador, em 2024

Organizações de imprensa de diferentes regiões do mundo publicaram reportagens no dia 9 de janeiro de 2024 sobre problemas de segurança pública no Equador. Isso porque o chefe de uma facção criminosa fugiu de um presídio, o que desencadeou uma série de ataques e episódios de violência no país. Exemplos:
- Sequestro de pelo menos 4 policiais. 👮🏻♂️
- Invasão a um estúdio de televisão ao vivo e a universidades. 📺
- Tentativas de motim em penitenciárias do país.
- Outro líder de facção criminosa também fugiu (ele seria transferido para uma unidade de segurança máxima).
- Incêndios e saques.
- Saiba quem é o narcotraficante que fugiu da cadeia do Equador nesta reportagem da BBC Brasil.
Por causa disso, o presidente equatoriano Daniel Noboa decretou conflito armado interno para definir um estado de exceção e para que as Forças Armadas do país vão às ruas e tentem neutralizar as ações do narcotráfico.

Principais aspectos do conflito armado interno no Equador, em 2024
Abaixo, em tópicos, alguns dos principais aspectos do conflito armado interno do Equador:
Definição e contexto
- O termo "conflito armado interno" é usado para descrever a mobilização das Forças Armadas e da Polícia Nacional contra grupos criminosos organizados, classificados como "terroristas" pelo governo.
- A medida foi tomada após episódios graves, como a invasão ao canal TC Televisión em Guayaquil e motins em prisões, que resultaram em mortes e reféns.
Medidas adotadas
- Mobilização militar: As Forças Armadas foram autorizadas a realizar operações militares para neutralizar os grupos criminosos.
- Estado de exceção: A declaração de conflito armado interno foi acompanhada de um estado de emergência por 60 dias, permitindo ações como toque de recolher, entrada de militares em penitenciárias e suspensão temporária de direitos civis.
- Lista de organizações terroristas: O governo identificou 22 grupos criminosos como atores beligerantes não estatais, autorizando operações específicas contra eles.
Impactos no país
- Segurança pública: A medida busca retomar o controle das ruas e prisões em meio à crescente influência do narcotráfico e violência organizada.
- Direitos civis: A suspensão parcial de garantias constitucionais gerou debates sobre os limites da ação estatal em situações extremas.
- Política interna: A decisão reflete a gravidade da crise de segurança no Equador, que transformou o crime organizado em uma ameaça à soberania nacional.
Mortes, apreensões e prisões: saiba o balanço do conflito no Equador
Até o dia 24 de março de 2024, o balanço do conflito armado do Equador divulgado pelas autoridades era o seguinte:
- 329 pessoas presas por envolvimento com os ataques (elas serão acusadas de “terrorismo”, segundo Noboa);
- 3 "terroristas" mortos;
- 41 reféns foram resgatados;
- 28 pessoas que fugiram de presídios foram recapturadas;
- 0 agentes penitenciários foram assassinados;
- 61 armas de diversos calibres foram apreendidas;
- 418 munições apreendidas;
- 24 explosivos apreendidos;
- 195 veículos roubados foram retidos;
- 9 embarcações foram retidas;
- 19 linhas telefônicas também foram retidas.
Quem é Daniel Noboa, presidente do Equador?
Presidente do Equador eleito em novembro de 2023, então com 35 anos, Daniel Noboa não estava nem há 2 meses no cargo no momento de fugo do líder criminoso do presídio.
Noboa nasceu em Miami (Flórida, Estados Unidos), onde cresceu. O pai dele, Álvaro Noboa, um dos maiores empresários do país, tentou ser presidente por 5 vezes. Não conseguiu.

Noboa foi eleito num eleição antecipada, já que o então presidente Guillermo Lasso (eleito em abril de 2021) enfrentava um processo de impeachment.
O partido de Lasso tinha 12 cadeiras no Parlamento, enquanto aliados de Rafael Correa, principal força de esquerda do país, tinha 48 assentos. Com base frágil no Legislativo, o próprio Lasso resolveu dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
Contexto do narcotráfico no Equador
Historicamente, o Equador nunca teve grandes problemas com o narcotráfico. Inclusive, não produz nem consome grandes quantidades de drogas. É comum que autoridades nem sequer tenham carros blindados. Ou seja, uma sociedade que não está acostumada a essas situações.
No entanto, o país está no meio dos 2 maiores produtores mundiais: Colômbia e Peru. O caso deve ser entendido num contexto internacional, com ênfase ao transporte de cocaína para os Estados Unidos e a Europa.
A violência tem escalado rápido no Equador. Atualmente, o país tem mais de 20 facções (já vimos informações de que seriam 21 e 22).
Em 2023, a 10 dias do 1º turno da eleição, o então candidato Fernando Villavencio foi assassinado a tiros.
Imagens do conflito armado interno no Equador em 2024


Author

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.
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