Na COP29, Marina Silva pede foco em financiamento para cumprir metas climáticas
De acordo com a ministra, os valores vão definir coerência (ou não) entre o discurso e as ações de adaptação e mitigação dos efeitos do aquecimento global
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) afirmou nesta quinta-feira (21.nov.2024) que a maior obrigação dos países é avançar na definição de uma meta de financiamento climático.
O estabelecimento de valores para custear medidas de adaptação e resiliência climática vai mostrar, segundo ela, "se aquilo que estamos dizendo está coerente com aquilo que estamos fazendo em relação a implementar e a transformar nossos modelos insustentáveis de desenvolvimento que nos trouxeram a uma crise com prejuízos que são terríveis, sobretudo para os países em desenvolvimento."
Marina Silva deu a declaração em discurso feito na COP29, em Baku, capital do Azerbaijão (🇦🇿). A COP29 é o maior encontro global para discutir as mudanças climáticas.
"Para financiamento, como discutido no G20 [do Rio de Janeiro] e como aponta o Grupo de Alto Nível em Finanças Climáticas, trilhões de dólares são necessários, por mais que alguns também o considerem desafiador. Assim como 1,5º C foi a estrela guia para Dubai, temos que colocar US$ 1,3 trilhão por ano também como nossa estrela guia aqui em Baku", disse.
A ministra também defendeu o estabelecimento de NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) mais ambiciosas pelos países. O objetivo disso é atingir o objetivo de manter o aquecimento médio do planeta controlado em até 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Eis a íntegra do discurso da ministra Marina Silva na COP29, em 2024 (*note que, [entre colchetes], fizemos intervenções para facilitar seu entendimento):
"A ciência é clara, o caminho de Dubai, Baku e Belém é a última chance de inflexão decisiva rumo a 1,5ºC. Na COP28, nos Emirados Árabes Unidos, tivemos excelente ganho em relação à mitigação, em particular, em relação aos parágrafos 28, 33 e 34. Estamos em um bom caminho. Agora, aqui em Baku, o que precisamos é de ganho em relação ao financiamento.
Esta é a COP do financiamento. Da NCQG (Nova Meta Quantificada Coletiva sobre Financiamento Climático, em português), que pavimentará nosso caminho coletivo em ambição e implementação na COP30 [prevista para Belém, no Brasil].
O objetivo do [aquecimento médio global no limite de] 1,5ºC [acima dos níveis pré-industriais] é imperativo ético inarredável. Ele reflete o que a ciência diz ser necessário por mais que alguns o considerem desafiador.
Para financiamento, como discutido no G20 e como aponta o Grupo de Alto Nível em Finanças Climáticas, trilhões são necessários, por mais que alguns também o considerem desafiador.
Assim como 1,5ºC foi a estrela-guia para Dubai, temos que colocar 1,3 trilhão de dólares por ano também como nossa estrela-guia aqui em Baku. O Brasil apresentou sua NDC, uma NDC altamente ambiciosa. Uma meta que nós consideramos estar inteiramente alinhada com 1,5ºC. Estamos completamente comprometidos com essa NDC, trabalhando arduamente para implementá-la.
Precisamos que todos apresentem NDCs ambiciosas. Porém, precisamos que haja um alinhamento equivalente em meios de implementação e financiamento, um alinhamento entre substância e finanças, senhor presidente. Esta é a COP dos meios de implementação e do financiamento.
Temos um processo para medir se nossas metas para 1,5ºC estão sendo cumpridas. Precisamos também de um processo que possa medir se o financiamento está à altura desse desafio. Nos textos apresentados até o momento, tivemos avanços na área de adaptação, no Artigo 6.
Esperamos também alcançar avanços em relação à sinergia entre as três COPs, de desertificação, de biodiversidade e clima. Nossa maior obrigação neste momento é, entretanto, avançar em relação ao financiamento.
É ela [a meta de financiamento] que vai mostrar essa obrigação, é que vai nos mostrar se aquilo que estamos dizendo está coerente com aquilo que nós estamos fazendo em relação a mitigar, em relação a implementar, e a transformar nossos modelos insustentáveis de desenvolvimento que nos trouxeram a uma crise com prejuízos que são terríveis, sobretudo para os países em desenvolvimento."
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