Como uma arma de sucesso da Defesa brasileira parou na Rússia

Como uma arma de sucesso da Defesa brasileira parou na Rússia
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Artigo: ‘Como um armamento de sucesso da indústria de Defesa brasileira foi parar na Rússia’

Presença iraniana no Iraque teria possibilitado transferência do armamento brasileiro aos russos
Armamento da Defesa do Brasil foi parar na Rússia / Foto: Rafaela Biazi/Unsplash
Armamento da Defesa do Brasil foi parar na Rússia / Foto: Rafaela Biazi/Unsplash
*Por Henry Galsky, de Israel

A aliança entre Irã e Rússia vai além de encontros para debater o futuro da Síria, declarações de apoio mútuo e a busca por caminhos para burlar as sanções internacionais. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o Irã estaria transferindo armamento e hardware militares para os esforços russos na guerra contra a Ucrânia.

Para tornar o assunto mais complexo, isso estaria ocorrendo por meio da presença iraniana no Iraque, país impactado por uma agora distante invasão norte-americana cujas consequências continuam a reveberar na geopolítica que se estende além do Oriente Médio.

Entre os armamentos transferidos pelos iranianos estaria também um dos principais produtos da indústria de Defesa do Brasil, o sistema de lançamentos de foguetes Astros 2. Este e outros equipamentos chegaram até as milícias xiitas pró-Irã estabelecidas no Iraque também como uma das consequências da ora distante invasão norte-americana ao Iraque, em 2003.

Apesar dessas milícias lutarem contra a presença dos EUA no Iraque, elas acabaram recebendo armamento de forma legal, porque também aderiram à campanha militar para conter a expansão do Estado Islâmico (EI).

Lembrando que o Irã é o maior país xiita do mundo e arma e apoia milícias que combatem o EI.

De forma resumida: o EI, que é um grupo terrorista sunita, nasceu num momento em que iniciou-se um redesenho do jogo político iraquiano, durante o processo de desintegração do Iraque após a invasão norte-americana. Saddam Hussein era sunita, grupo que representa entre 29% e 34% da população do país.

Na realidade que se impôs a partir da queda de Saddam Hussein, havia a promessa de reconfiguração da balança de poder, dando mais cargos e relevância aos cerca de 60% de xiitas que, durante a ditadura de Hussein (1979 a 2003), não ocupavam os cargos mais importantes da estrutura de governo. Parte da população sunita iraquiana apoiou, inicialmente, o EI por considerar que o grupo poderia protegê-la num eventual processo de vingança por parte da população xiita.

Neste novo reordenamento, o armamento brasileiro caiu nas mãos dos iranianos, que o repassaram aos russos. E aí é preciso retornar no tempo para entender como o Astros 2 foi parar no Iraque.

O sistema de lançamento passou a ser usado pelas Forças Armadas brasileiras em 1983. Tornou-se popular em diversos conflitos militares ao redor do mundo. Foi usado em ação de forma eficiente pelo exército iraquiano nas duas guerras contra os EUA.

A Avibrás Indústria Aeroespacial, empresa brasileira fabricante de equipamentos bélicos e de Defesa, vendeu cerca de 66 sistemas de artilharia Astros 2 ao Iraque. As vendas deste equipamento, especificamente, atingiram US$ 1 bilhão de 1982 a 1987. O Iraque também produziu o Sajil-60, uma versão licenciada dos foguetes brasileiros SS-60 usados no Astros 2.

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