Bolsonaro é denunciado pela PGR; baixe o arquivo
Ex-presidente tinha discurso pós-golpe pronto, segundo a PGR (anexamos a imagem). Ao todo, 34 pessoas (incluindo Bolsonaro) foram denunciadas. Saiba quem é quem.
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A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou nesta terça-feira (18.fev.2025) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas por supostamente tramarem um golpe de Estado em 2022.
A PGR diz em sua denúncia que Bolsonaro construiu gradativamente uma narrativa golpista, por meio de afirmações e repetições falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, "a fim de deslegitimar possível resultado eleitoral que lhe fosse desfavorável e propiciar condições indutoras da deposição do governo eleito".
Ainda de acordo com a PGR, Bolsonaro e aliados consumariam o golpe ao decretar estado de sítio e uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Ambos os textos estavam prontos.
- Estado de sítio: medida emergencial para casos extremos (exemplo: uma guerra), que pode ser decretada pelo presidente e que suspende temporariamente algumas liberdades e garantias legais;
- GLO: operação militar que pode ser usada para restaurar a ordem pública e a segurança do país, decretada pelo presidente da República (exemplo: já foi decretada GLO para garantir a ação do Exército na Segurança Pública do Rio de Janeiro).
Os investigadores ainda encontraram um discurso pós-golpe na sala de Bolsonaro. O mesmo texto foi achado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens (uma espécie de "faz-tudo") do então presidente.
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Quem foi denunciado junto com Bolsonaro?
Abaixo, saiba quem são os denunciados pela PGR junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre parênteses, descrevemos cada um.
- Ailton Gonçalves Moraes Barros (ex-capitão do Exército; disse em áudio obtido pela Polícia Federal que sabia quem mandou matar a ex-vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro);
- Alexandre Rodrigues Ramagem (atual deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, ex-diretor da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência e candidato à Prefeitura do Rio em 2024);
- Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha);
- Anderson Gustavo Torres (ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal);
- Angelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército demitido de empresa pública de TI em São Paulo, na gestão do atual governador Tarcísio de Freitas);
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira (general do Exército e ex-ministro do GSI, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República);
- Bernardo Romão Correa Netto (coronel do Exército);
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (engenheiro que se diz "inventor" da urna eletrônica);
- Cleverson Ney Magalhães (tenente-coronel do Exército, graduado pela AMAN, Academia Militar das Agulhas Negras, em 1993);
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (general do Exército, foi comandante da 10ª Região Militar);
- Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército, foi adido militar na Embaixada do Brasil em Israel);
- Filipe Garcia Martins Pereira (ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República);
- Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal);
- Giancarlo Gomes Rodrigues (ex-assessor de Alexandre Ramagem, que teria participado na formação de uma "Abin paralela");
- Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército, que desmaiou quando foi alvo de operação da Polícia Federal e comandou o 1° Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia);
- Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel do Exército e ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus);
- Jair Messias Bolsonaro (ex-presidente da República e candidato derrotado na eleição de 2022);
- Marcelo Araújo Bormevet (policial federal acusado de espionagem e de promover desinformação para atingir a imagem dos ministros do STF, o Supremo Tribunal Federal);
- Marcelo Costa Câmara (o "Coronel Câmara", ex-assessor de Bolsonaro);
- Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel do Exército, graduado em 1996 pela Aman, a Academia Militar das Agulhas Negras);
- Mario Fernandes (general do Exército e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, que tem status de ministério; mandados de busca e apreensão contra ele sustentaram parte da denúncia ora apresentada pela PGR);
- Marília Ferreira de Alencar (ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança);
- Mauro Cesar Barbosa Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência, uma espécie de "faz-tudo" do presidente da República);
- Nilton Diniz Rodrigues (general do Exército e comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva em São Gabriel da Cachoeira);
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho (apresentador de TV, empresário e neto do general João Baptista Figueiredo, ex-presidente da ditadura);
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (general do Exército e ex-ministro da Defesa);
- Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército e suposto interlocutor de Mauro Cid nas articulações por um golpe de Estado);
- Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército e ex-chefe de gabinete do general da reserva Mario Fernandes na Secretaria-Geral da Presidência da República);
- Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército, integrante das forças especiais do Exército, chamado de "kid-preto");
- Ronald Ferreira de Araujo Junior (tenente-coronel do Exército);
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel do Exército);
- Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da PRF, a Polícia Rodoviária Federal, e secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, em Santa Catarina, desde 7 de janeiro de 2025);
- Walter Souza Braga Netto (ex-interventor federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro sob a Presidência de Michel Temer, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, ex-ministro da Casa Civil, também sob Bolsonaro, e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022);
- Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal que teria se infiltrado na segurança de Lula para passar informações do então presidente eleito a supostos golpistas; foi preso por supostamente atuar num plano para assassinar o atual presidente da República; relatava ações e estratégias em curso e passou informações sensíveis, conforme áudios obtidos pela Polícia Federal).
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