Artigo: 'Reviravolta política em Israel deixa governo por um fio'

Uma parlamentar decide deixar coalizão, e governo de Naftali Bennett já não possui maioria mínima no Parlamento

O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett / Foto: Reprodução/Twitter
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, tenta unir opositores de Netanyahu em nome do pragmatismo / Imagem: Reprodução/Twitter
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Na manhã desta quarta-feira, uma notícia capaz de mudar o cenário político acordou os israelenses: a parlamentar Idit Silman, do partido Yamina (legenda liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett), anunciou a decisão de deixar a coalizão declarando-se pronta para trabalhar pela formação de um novo governo.

A coalizão atual, cujos membros pertencem a partidos de esquerda, direita, centro e também a um dos partidos árabes do país, era sustentada até o anúncio de Silman graças a uma maioria mínima obtida no Knesset, o Parlamento de Israel. No sistema político do país, os governos se mantêm de pé a partir do apoio de pelo menos 61 parlamentares (são 120 cadeiras no total). Agora, a coalizão conta com 60 parlamentares.

Há rumores de que a decisão de Silman marca apenas o início da sangria e que este caminho pode ser seguido por outros parlamentares.

Ainda é cedo para afirmar se o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu poderia ser o principal beneficiado, principalmente porque ele mesmo enfrenta oposição interna na disputa pela liderança de seu partido, o Likud. No entanto, Netanyahu, que é julgado em três diferentes casos de corrupção, comemorou a decisão de Idit Silman em seu pronunciamento durante a sessão do Knesset.

De acordo com diversas fontes ouvidas pela imprensa israelense, a parlamentar estaria encaminhada para se filiar ao Likud e aderir ao campo da oposição. Existiria inclusive a possibilidade de ela ser nomeada ministra da Saúde num eventual novo governo.

No entanto, apesar dos esforços liderados pelo próprio Netanyahu, substituir o governo atual não será um processo automático. Antes será preciso obter ao menos 61 votos (dos 120 disponíveis no Parlamento) de forma a dissolver o Knesset.

Atualmente, a oposição liderada pelo Likud conta com 52 parlamentares. Há neste momento -e será assim a partir de agora- uma intensa operação de convencimento em busca de novos desertores da coalizão de governo.

É importante lembrar que dentre os 120 parlamentares israelenses há também 10 representantes eleitos de partidos árabes; 6 deles que estão de fora da coalizão; e 4 que são membros do governo liderado por Naftali Bennett.

Menciono esses dados porque é improvável que eles se associem a Netanyahu em qualquer cenário: seja aderindo a uma nova formação de governo, seja apoiando os planos do ex-primeiro-ministro. O que é possível no caso dos parlamentares árabes é que eles votem pela dissolução do Knesset e pelo estabelecimento de novas eleições.

Caso isso aconteça e ocorra a dissolução do parlamento, o processo exige que o atual ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, seja nomeado primeiro-ministro durante o período transitório entre a realização de novas eleições e o estabelecimento de um novo governo.

A sociedade israelense tem se mostrado profundamente dividida em suas escolhas eleitorais; em 23 de março de 2021, os israelenses foram às urnas pela quarta vez num período de 2 anos. Até aquele momento, quatro eleições não haviam resultado na formação de governos minimamente estáveis.

Caso, de fato, a atual coalizão liderada por Naftali Bennett não consiga se sustentar, o atual governo terá fracassado em seu projeto fundamental: unir os opositores a Netanyahu em nome do pragmatismo. O governo de Bennett tomou posse em junho do ano passado.

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