A COP30 vai ser em Belém? A menos de 3 meses do evento, ainda paira a dúvida
Reunião da UNFCCC que sacramentaria ou não o local da COP30 foi adiada e está sem data para ocorrer
Era uma tarde de quinta-feira (7.ago.2025) em Brasília (DF), num restaurante lotado para o almoço à beira do Lago Sul, quando uma pessoa com participação marcada na COP30 calculava o tamanho do prejuízo que teria se o evento fosse transferido de sede. Essa mesma pessoa dizia ao Correio Sabiá que existe uma chance considerável de ocorrer a transferência. "70%", palpitou, considerando o cenário naquele momento.
A COP30 é a Conferência das Partes das Nações Unidas –principal encontro global para discutir as mudanças climáticas. Está prevista para ocorrer do dia 11 ao 21 de novembro em Belém, no Pará.
Contexto
No entanto, a quase 3 meses para seu início, ainda não se sabe se Belém terá capacidade de sediar o evento. O governo federal diz que sim. Mas o maior motivo da desconfiança global é o alto preço das poucas hospedagens da cidade.
Faltam leitos e quartos para receber autoridades internacionais, e lideranças como o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, anunciaram a desistência de comparecer.
Uma reunião da UNFCCC (Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) que trataria do valor das hospedagens estava marcada para esta segunda-feira (11.ago.2025), mas foi adiada a pedido do próprio órgão para a última quinta-feira (14.ago). Novamente, o encontro foi adiado. A expectativa é que ocorra entre os dias 20 e 22 de agosto.
Foi uma reunião da UNFCCC que transferiu a COP25 do Chile para Madri, na Espanha, em 2019. Isso ocorreu por causa dos protestos estudantis no Chile, que impediram o país de sediar o evento.
A avaliação de diversos participantes da COP30 do Brasil é que Belém não tem condições de receber o evento. Adicionalmente, o esvaziamento reduziria a importância das discussões e tratativas da conferência. Em última instância, poderia diminuir a relevância dos acordos firmados pelos países.
Repercussão
Por outro lado, o embaixador André Corrêa do Lago declarou no Fórum Nacional de Governadores no dia 13 de agosto que é a favor da manutenção da conferência em Belém por sua localização estratégica na Amazônia, o que daria uma dimensão simbólica às negociações.
Oficialmente, governadores de diferentes estados também manifestaram apoio ao evento ser sediado em Belém.
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) declarou que há leitos para as delegações, mas admitiu que os preços estão muito elevados.
CEO da COP30, Ana Toni também disse que os valores das acomodações estão altos e informou que há uma busca por soluções pelos governos federal e do Pará, além da prefeitura de Belém.
No entanto, a descrença de alguns participantes na continuidade da COP30 em Belém é tão grande que estão avaliando como reduzir danos financeiros, já que boa parte dos custos já foram pagos. O prejuízo seria de centenas de milhares de reais para diversas organizações.
Nos bastidores, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), estaria trabalhando para que a COP30 fosse sediada em sua cidade, como ocorreu com a reunião do G20, em 2024, e com Brics, em 2025.
O Correio Sabiá enviou uma mensagem ao prefeito Eduardo Paes, perguntando se o Rio estaria apta a receber a COP30 e se era do desejo dele que o evento fosse na cidade. Não houve resposta até a última edição deste conteúdo.
Author

Jornalista e empreendedor. Criador/CEO do Correio Sabiá. Emerging Media Leader (2020) pelo ICFJ. Cobriu a Presidência da República.
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