‘Diário da COP26’: ONG elabora documento com prós e contras
‘Diário da COP26’: ONG elabora documento com pontos positivos e negativos no evento
China e Índia impediram abandono do carvão no documento final. Continua a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC
Mais importante encontro global para discutir as mudanças climáticas, a COP26 –Conferência das Partes da ONU (Organização das Nações Unidas)– teve 55 destaques positivos e 19 pontos negativos, de acordo com documento de 20 páginas publicado pelo Instituto Talanoa, uma ONG voltada para a aceleração de boas práticas climáticas.
O Correio Sabiá disponibiliza o PDF completo com a avaliação feita pelo instituto sobre os destaques da COP26. Basta clicar aqui para baixar.
Intitulado “Diário da COP26: do ‘zero à esquerda’ ao net-zero”, o documento mostra “o que foi bom e o que deixou a desejar”, segundo a ONG, a cada dia do evento, que ocorreu de 31 de outubro a 13 de novembro.
Como resultado final, o instituto disse que, “claramente, a conferência não alcançou todo seu potencial, mas alcançou os compromissos necessários para nos direcionar a uma estratégia de transição global alinhada com cenários de aumento de temperatura abaixo de 1,5°C.”
Destaques positivos da COP26
Veja abaixo alguns destaques positivos da COP26, de acordo com o instituto*.
(*Vale lembrar que todos os juízos de valor abaixo são do instituto, e não do Correio Sabiá, que apenas está reproduzindo os destaques positivos)
- Belize se comprometeu a gastar US$ 4 milhões por ano e financiar um fundo de conservação marinha de US$ 23 milhões para proteger a segunda maior barreira de recife de coral do mundo. Este modelo de troca de dívidas segue os esforços pioneiros das Ilhas Seychelles.
- Investidores que detém 8,7 trilhões de dólares em ativos anunciaram o fim do desmatamento até 2025.
- Governadores que compõem o “Consórcio da Amazônia Legal” conseguem financiamento direto para redução das emissões de carbono firmando o Memorando de Entendimento (MoU) com a Coalizão LEAF- Reduzindo Emissões pela Aceleração do Financiamento Florestal.
- Brasil adere ao acordo sobre redução das emissões de metano: Mais de 100 países anunciaram, durante a COP26, que se uniram à proposta de cortar emissões de metano em 30% até 2030, em relação aos níveis de 2020.
Destaques negativos da COP26
Veja abaixo alguns destaques negativos da COP26, de acordo com o instituto*.
(*Vale lembrar que todos os juízos de valor abaixo são do instituto, e não do Correio Sabiá, que apenas está reproduzindo os destaques negativos)
- Reunião da cúpula de Líderes Mundiais –novamente sem a presença do Brasil.
- Em evento paralelo, o ministro Paulo Guedes voltou a falar na necessidade de se mudar a vocação de Manaus e seu entorno, ressaltando que o país poderá dar 20 anos de isenção em impostos para empresas como a Tesla, Google, e Amazon, transformando a Amazônia na “Selva do Silício”, indo totalmente na contramão do que seria uma bioeconomia adequada para a região indicada por cientistas brasileiros.
- No primeiro discurso oficial do Brasil na COP, o Ministro Joaquim Leite discursa na plenária: “onde existe muita floresta também existe muita pobreza”. A fala foi considerada pálida e racista.
- Brasil recebe pela segunda vez o anti prêmio Fóssil do Dia, devido ao discurso desastroso de Joaquim Leite. Enquanto isso, a mídia destaca o sucesso do pavilhão da sociedade civil brasileira na COP-26, o Brazil Climate Action Hub, em contraponto com o stand montado pelo governo.
Balanço final da COP26
Após listar pontos positivos e negativos a cada dia de evento, o Instituto Talanoa fez um balanço final com os principais desdobramentos do relatório final das negociações. As avaliações e juízos de valor são do instituto, e não do Correio Sabiá.
O único destaque negativo mencionado pelo instituto foi que “Índia, China e outros impediram o abandono de carvão e combustíveis fósseis no documento final.”
Já os destaques positivos do resultado final da COP26 foram os seguintes:
- Na decisão final está a meta de limitar o aquecimento a 1,5ºC.
- Processo pré-2025 para aumentar ambição de NDCs e financiamento.
- Bases claras para financiamento de adaptação e perdas e danos.
- Finalização do livro de regras do Acordo de Paris.
- Pacto Climático de Glasgow conecta diplomacia com economia real, ainda que aquela seja incremental e moroso.
- O oceano é destacado desde o preâmbulo até nos parágrafos da decisão como no parágrafo 61, “manter um diálogo anual (com início em junho de 2022) para fortalecer a ação baseada no oceano e para preparar um relatório resumido informal sobre o assunto e colocá-lo à disposição da COP”
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