#864: Bolsonaro na maçonaria e a religião no centro das eleições
#864: Bolsonaro na maçonaria e a religião no centro da disputa eleitoral
Viralizou um vídeo do presidente numa loja massônica; coordenação de campanha fica incomodada
O resumo do resumo:
- Viraliza nas redes sociais um vídeo de Bolsonaro na maçonaria; *Correio Sabiá* mostra que Bolsonaro, quando deputado federal em 1996, também divulgou evento de loja maçônica; entenda por que o assunto atinge a campanha do presidente junto ao eleitorado religioso;
- PDT anuncia apoio a Lula; Ciro diz seguir orientação do partido, mas não cita petista e declara que não aceitará cargos em eventual governo; Tebet também deve apoiar Lula nesta quarta-feira (5), como consta na Agenda da Semana do Correio Sabiá;
- Bolsonaro recebe apoios dos governadores dos 3 maiores colégios eleitorais do Brasil –São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro–, além de Sergio Moro, agora eleito senador;
- Apoio de Rodrigo Garcia a Bolsonaro expõe novo racha dentro do PSDB; José Serra diz que apoia Lula para Presidência, mas Tarcísio para São Paulo
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Bolsonaro na maçonaria atinge campanha presidencial; entenda
Viralizou nas redes sociais um vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa num evento da maçonaria. As imagens ganharam as redes dentro de um contexto de disputa eleitoral no 2º turno. O vídeo, aparentemente, foi gravado antes de 2018, quando Bolsonaro ainda era deputado federal e não tinha se candidatado à Presidência. Em seguida, o Correio Sabiá mostrou que bem antes, em 1996, Bolsonaro pediu a palavra numa sessão deliberativa da Câmara para mencionar um evento de loja maçônica.
Por que isso importa? O Correio Sabiá publicou a reportagem, porque a considera jornalisticamente relevante dentro do atual contexto. No entanto, é necessário que o leitor esteja atento para não cair em velhas generalizações: a maçonaria não é um grupo homogêneo, único, uniforme. Por mais que sejam todos maçons, cada loja é uma loja. Sendo assim, é necessário ligar a loja maçônica aos seus participantes para não ligar figura alguma, como o presidente, a todo o grupo.
Por que o tema ‘maçonaria’ atinge Bolsonaro? Os votos dos religiosos são o pano de fundo. O presidente tem nos evangélicos uma fonte de sustentação de seu governo e de apoio à reeleição. Neste caso, o que ocorre é que a maçonaria é considerada filosofia oculta pelos evangélicos. Nos últimos anos, houve evolução nessa visão, mas o assunto continua criando polêmicas.Do lado católico, o Vaticano afirmou num documento de 1983 que os princípios da maçonaria “são considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja”.
Os religiosos são parte expressiva do eleitorado, tanto que os 2 candidatos à Presidência que estão no 2º turno disputam esse segmento desde o início da campanha. A primeira-dama Michelle Bolsonaro, que é evangélica e tem entrada junto a esse segmento, tem atuado para conseguir votos pelo presidente nas igrejas.
Tanto Bolsonaro quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiveram agendas ligadas à religião nesta terça-feira (4). Bolsonaro participou da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus em São Paulo (SP). Depois, teve reunião de Obreiros e Pastores. Já Lula teve encontro com o Frei Davi e frades franciscanos por ocasião do Dia de São Francisco de Assis. O ex-presidente citou diversas vezes que é cristão nas redes sociais.
Sem citar Lula, Ciro Gomes diz que seguirá apoio do PDT ao petista
Sem citar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato derrotado Ciro Gomes (PDT) anunciou que acompanhará a decisão do seu partido em apoiar a candidatura de Lula à Presidência no 2º turno. Ciro, no entanto, disse que o apoio não implica –e que não aceitará– qualquer cargo no futuro.
“Acompanho a decisão do PDT; frente às circunstâncias, é a última saída. (…) Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste aos brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias. (…) Espero que essa decisão ajude a oxigenar, temporariamente que seja, a nossa democracia.”
Além do PDT, a candidata derrotada Simone Tebet (MDB) e diretórios estaduais do MDB também devem se manifestar a favor de Lula na tarde desta quarta-feira (5).
Bolsonaro tem apoio dos governadores dos 3 maiores colégios eleitorais
Enquanto isso, Bolsonaro conseguiu alguns apoios individuais, mas já tem ao seu lado os governadores dos 3 maiores colégios eleitorais do país:
- São Paulo: Rodrigo Garcia (PSDB-SP)
- Minas Gerais: Romeu Zema (Novo-MG)
- Rio de Janeiro: Cláudio Castro (PL-RJ)
Zema e Cláudio Castro foram reeleitos.
Rodrigo Garcia deixará o mandato, porque Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) disputam o 2º turno em São Paulo.
Entenda ainda por que Minas Gerais é considerado um retrato de como vota o eleitorado brasileiro.
Eleito senador, Sergio Moro declara apoio a Bolsonaro
Quem também anunciou apoio ao presidente Jair Bolsonaro foi o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (Podemos-PR), que antes era juiz e agora virou político. Elegeu-se senador. O detalhe é que Moro deixou o governo pela porta dos fundos, acusando Bolsonaro de interferir na PF (Polícia Federal).
Já o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que não conseguiu se viabilizar candidato à Presidência, declarou que não vai apoiar nenhum dos 2 presidenciáveis. Nem Lula, nem Bolsonaro.
Serra diz apoiar Lula para a Presidência, mas Tarcísio para SP
Falando no PSDB, o partido está mais rachado. Virou piada nas redes sociais uma publicação do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), que declarou apoiar Lula para presidente e, para o governo de São Paulo, “pela mesma razão”, palavras dele, o voto será em Tarcísio de Freitas, o candidato bolsonarista. Choveu comentário dizendo que não faz sentido.
Anteriormente, Fernando Henrique Cardoso já tinha declarado apoio implícito a Lula, sem citá-lo. Apenas elencou algumas das pautas do petista.
Fernando Henrique Cardoso, no entanto, fez um novo tweet na manhã desta quarta-feira (5) no qual declarou abertamente que votará em Lula no 2º turno.
Apoio de Garcia a Bolsonaro irrita PSDB
O apoio de Rodrigo Garcia a Bolsonaro ocorreu sem que houvesse definição do PSDB. O partido, inclusive, está mais para Lula do que Bolsonaro. Por esse motivo, dirigentes do PSDB romperam com Garcia e desautorizaram apoio a Bolsonaro. Secretários do governo estadual ameaçaram debandada do governo.
Aliás, a situação de Garcia é a seguinte: ele anunciou apoio ao Bolsonaro, mas o candidato bolsonarista em São Paulo, que é o Tarcísio, recusou ter tucanos no seu palanque. Ou seja, o Rodrigo Garcia quer apoiá-lo, mas o Tarcísio não quer ficar do lado dele.
- Leia ainda no Correio Sabiá as últimas atualizações da guerra na Ucrânia.
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