Conferência da ONU sobre oceanos começa nesta segunda-feira (27)

Conferência da ONU sobre oceanos começa nesta segunda-feira (27)

Conferência da ONU sobre oceanos começa nesta segunda-feira (27)

Pressões provocadas pela atividade humana estão, entre outros fatores, causando acidificação da água
Conferência da ONU vai debater fortalecimento de agenda sustentável dos oceanos / Foto: Wexor Tmg/Unsplash
Conferência da ONU vai debater fortalecimento de agenda sustentável dos oceanos / Foto: Wexor Tmg/Unsplash

Começa nesta segunda-feira (27.jun.2022) a Conferência dos Oceanos da ONU (Organização das Nações Unidas), que vai debater o desenvolvimento de uma agenda sustentável para os oceanos. O evento ocorrerá em Lisboa (Portugal) até sexta-feira (1º.jul). Mesmo à distância, o Correio Sabiá fará a cobertura como parte de seu compromisso de divulgar reportagens de Meio Ambiente e Ciência.

O evento é importante, porque, conforme alerta a Segunda Avaliação Global do Oceano, publicada pela ONU em 2021, as pressões provocadas pelas atividades humanas estão:

  • causando elevação do nível do mar
  • acidificação da água
  • perda da capacidade dos mares em absorver carbono
  • destruição de habitáts
  • pesca não-sustentável
  • invasão de espécies exóticas
  • formas variadas de poluição
  • desenvolvimento costeiro desordenado

Organizado em parceria pelos governos de Portugal e Quênia, o evento da ONU pretende ampliar os compromissos entre os países para aumentar a cooperação e o investimento em soluções inovadoras baseadas na ciência, destinadas a iniciar um novo capítulo na ação global pelo bem do oceano.

Esta é a 2ª conferência da ONU dedicada ao oceano. A primeira foi realizada em 2017, em Nova York (Estados Unidos), ano em que as Nações Unidas declararam o período de 2021 a 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável.

Integrante da RECN (Rede de Especialistas em Conservação da Natureza) e professor do Unifesp (Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo), Ronaldo Christofoletti afirmou num comunicado à imprensa recebido pelo Correio Sabiá (eis a íntegra) que houve diversos avanços desde a realização da 1ª conferência , “especialmente em relação à redução do uso de plástico descartável em diversos países e nos instrumentos para aprimorar a gestão da pesca, coibindo práticas predatórias”.

“A economia azul, que pressupõe um desenvolvimento sustentável das diversas atividades econômicas que dependem diretamente do mar, também está ganhando cada vez mais relevância”, declarou.

Christofoletti, que também é assessor de Comunicação para a Década do Oceano no Brasil, defendeu a integração de comunidades tradicionais, iniciativa privada, sociedade civil e o poder público para manutenção de um oceano saudável.

“Todos somos influenciados pelo oceano, ainda que não tenhamos consciência disso. Basta lembrar que mais de 50% do oxigênio que respiramos vem das algas marinhas e o clima do planeta depende muito dos mares. Um oceano saudável é fundamental para a economia, alimentação, turismo, transporte, entre outros aspectos. Sem falar na saúde, no bem-estar, na cultura e na tradição”, disse.

O mesmo comunicado enviado à imprensa também informou que os participantes desta edição do evento devem fazer um balanço sobre o avanço das metas relacionadas ao ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 14 – Vida na Água, “que busca conservar e usar de forma sustentável o oceano, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento”.

Ao todo, são 17 ODS, que foram estabelecidos em 2015 e fazem parte da Agenda 2030 da ONU.

Responsável pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano e também integrante da RECN, o professor titular do Instituto Oceanográfico da USP (Universidade de São Paulo) Alexander Turra disse que a conferência deve reforçar a importância de buscar respostas científicas e soluções inovadoras em diferentes áreas.

“Será um momento crucial para fortalecermos as articulações, parcerias e ações para a efetiva implementação do ODS 14, mas também para iniciarmos a pactuação da agenda pós-2030, tendo o oceano como elemento central da sustentabilidade global”, afirmou.

Turra ainda disse que a ciência e a inovação devem guiar a construção de planos estratégicos dos países para o futuro de:

  • aquicultura
  • pesca
  • novos alimentos
  • fármacos
  • turismo
  • transporte marítimo
  • energia renovável

Especialista em Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer disse que existe pouco financiamento em pesquisa para os oceanos, apesar da importância desses ecossistemas para o planeta.

“Apesar da extrema importância do oceano para a vida no planeta, segundo dados do Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica da Unesco, os gastos com estudos sobre o assunto somam, no máximo, 4% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento no mundo. Precisamos encontrar formas de ampliar esse suporte”, afirmou.