Artigo: 'A paciente estratégia de Putin', escreve Henry Galsky

Foto: Tina Hartung/Unsplash
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Artigo: ‘A paciente estratégia de Putin ‘, escreve Henry Galsky

A crise entre Rússia e Ucrânia é parte integral dos acontecimentos internacionais deste século
Putin já teria ordenado invasão à Ucriânia / Foto: Tina Hartung/Unsplash
Foto: Tina Hartung/Unsplash
*Por Henry Galsky, de Israel

O presidente norte-americano, Joe Biden, possivelmente não irá defender a Ucrânia militarmente, no caso de concretização de uma ofensiva russa. Isso é coerente com as recentes políticas dos EUA no jogo internacional. Escrevi em meu último texto sobre a aposta –que se mostra cada vez mais correta– de Putin em Trump. O ex-presidente Republicano deixava claro desde a campanha eleitoral que iria alterar a forma de atuação do país –o que significou o questionamento dos organismos multilaterais. A Otan, a aliança militar ocidental, entrou no bolo.

Trump questionava os custos da Otan e dizia defender não apenas o orçamento norte-americano, mas ressaltava que os impostos dos contribuintes deveriam ter destinos diferentes. As “aventuras” internacionais custavam caro. A Otan era, portanto, pouco útil. A mesma Otan cuja expansão e a possível adesão de novos países-membros o presidente Putin tanto teme. Basta conectar os pontos.

No entanto, é preciso ser justo e mostrar que a linha de raciocínio do ex-presidente Trump guardava semelhanças a escolhas e recuos de seu antecessor e também de seu sucessor. Por exemplo, Barack Obama estabeleceu “linhas vermelhas” às ações do presidente sírio, Bashar al-Assad, quando havia ameaças de uso de armamento químico pelo ditador contra a oposição. As ameaças se tornaram fato. Em 3 oportunidades. Contra a população civil síria. Nem os EUA, nem qualquer outra potência ocidental se indignou o bastante para optar por iniciar uma ofensiva militar contra o regime de Assad.

Os EUA, em particular, ainda viviam os traumas das guerras do Iraque e do Afeganistão. Os governos Democratas temiam as garantias em torno do termo “armas de destruição em massa” no Oriente Médio –argumento usado para justificar a invasão promovida pela administração de George W. Bush ao Iraque, em 2003. A guerra e suas consequências ainda em curso no Oriente Médio moldaram o olhar e as decisões dos governos e políticos do partido Democrata quando se trata de pensar a interação norte-americana na região.

Por fim, Joe Biden é o presidente que decidiu sobre a retirada das tropas do Afeganistão, em meados de 2021. A cada dia a decisão é confrontada pelos acontecimentos no país. A ideia de transformar o Afeganistão numa “nação” foi esfacelada pela realidade e pelos significados em torno da retomada do território pelo Talibã.

Talvez este não seja o espaço ideal para detalhar este ponto, mas é um fato que a opção de invadir o Iraque em 2003 mudou o curso dos acontecimentos no Oriente Médio –em especial, curiosamente, também teve como consequência a redução do protagonismo norte-americano na região.

No caso das armas químicas sírias, a indecisão ocidental sobre a resposta a Assad foi seguida pela assertividade russa, que, em setembro de 2015, entrou com tudo no país para segurar seu aliado. Vale lembrar, a decisão de Moscou ocorreu justamente no momento de maior fragilidade do presidente-ditador sírio.

A lógica dos acontecimentos na Síria pode indicar também um caminho para se compreender os movimentos atuais na crise com a Ucrânia: quando o Ocidente vacila a Rússia se afirma. Não tenham dúvidas de que o presidente Vladimir Putin tem esta equação absolutamente clara quando pensa a sua estratégia.

Assobio: o conteúdo deste artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Correio Sabiá, que apenas abriu este espaço para o debate de ideias. Portanto, todo o material textual e visual, bem como as informações e juízos de valor aqui contidos, são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Para propor um artigo ao Sabiá, entre em contato: redacao@correiosabia.com.br

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Redação do Sabiá
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