Entenda o que foi a Revolução dos Cravos, que completou 50 anos em 2024 🌹
A Revolução dos Cravos é um dos eventos mais celebrados em Portugal. 🇵🇹 Ocorreu no dia 25 de abril de 1974. Portanto, completa 50 anos nesta quinta-feira (25.abr.2024), quando esta reportagem é publicada no Correio Sabiá.
Portugueses (e até imigrantes) costumam ir às ruas para festejar o movimento que pôs fim ao regime ditatorial salazarista, o Estado Novo, inaugurado por António de Oliveira Salazar. Na ocasião da Revolução dos Cravos, em 1974, quem estava no poder era Marcello Caetano, sucessor de Salazar.
Entenda a cronologia: da ditadura portuguesa à volta da democracia
Portugal teve um golpe militar em 28 de maio de 1926, quando foi instalada uma ditadura que culminou na eleição presidencial de Óscar Carmona, em 1928. A esse período, convencionou-se chamar "Ditadura Nacional".
Em 1928, Salazar estava à frente do Ministério das Finanças. Destacou-se com medidas que estabilizaram a economia portuguesa. Assim, em 1932, foi nomeado presidente do Conselho de Ministros.
Ainda na Ditadura Nacional, foi elaborada a Constituição de 1933. Instituiu-se um novo regime autoritário de inspiração fascista, o Estado Novo. Foi nesta ocasião que Salazar passou a controlar o país por meio do partido único, o União Nacional.
Salazar ficou no poder até 1968, quando foi retirado por incapacidade, após sofrer lesões cerebrais por cair de uma cadeira. Foi substituído por Marcello Caetano, que não tinha a mesma habilidade política e foi deposto em 1974, na Revolução dos Cravos. (Salazar morreu em 1970).
A ditadura salazarista foi de direita. O movimento político que a derrubou foi militar de esquerda. A Constituição portuguesa foi elaborada 1 ano depois da Revolução dos Cravos, dia 25 de abril, mas de 1976.
Contexto em que ocorreu a Revolução dos Cravos
Quando a Revolução dos Cravos ocorreu, Portugal era um país politicamente isolado da comunidade internacional, embora fizesse parte da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Para se ter ideia, Portugal foi o último europeu a manter colônias. Travava guerras contra a independência de Angola, Moçambique e Guiné. Eram poucas as famílias portuguesas que não tinham um integrante em combate.
Portugal era também um dos países mais pobres da Europa e investia muito dinheiro para tentar manter essas colônias. Havia um descontentamento militar com o chamado Estado Novo.
O serviço militar durava 4 anos. As opiniões contrárias ao regime e às guerras que Portugal travava na África eram duramente reprimidas pela censura e pela polícia.
Entre as consequências decorrentes da ditadura, estavam:
- Partidos e movimentos políticos
- Prisões políticas cheias
- Principais líderes de oposição no exílio
- Sindicatos eram controlados, com proibição de fazerem greves e fáceis demissões
- Vida cultural sob vigilância
Por que o nome "Revolução dos Cravos"?
O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução dos Cravos, porque foram distribuídos aos soldados, que colocaram nos canos de suas armas.
O sinal emitido para dar aval à Revolução dos Cravos foi a música "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, tocada pouco após 00h do dia 25 de abril na rádio. Tornou-se um hino, até hoje cantado pelos portugueses na celebração. A canção era proibida por ser considerada "comunista".
Eis a letra:
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
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CEO e cofundador da Kult, Patrick Rahy vive no Porto, em Portugal, e presenciou as comemorações do 25 de abril deste ano, 2024. Disse que havia um palco com algumas bandas e que cantaram a música 'Grândola, Vila Morena', que foi a senha para os militares de fato começarem a revolução.
"Foi bem emocionante. (...) Era um clima bem legal. A galera gritando 'fascismo nunca mais', 'o povo unido jamais será vencido', com cartazes e tal. Teve bastante fogos à meia-noite", falou ao Correio Sabiá.
Algumas consequências da Revolução dos Cravos
Quando ocorreu o movimento em Portugal, 1974, o Brasil vivia uma ditadura. A mudança portuguesa de regime tornou o país um local procurado por artistas e outras personalidades brasileiras para o exílio, fugindo da perseguição militar.
Exilados portugueses pelo regime salazarista também puderam retornar ao país.
Na África, o movimento também teve impacto, principalmente ao reconhecer a independência das colônias portuguesas. Ocorreu na seguinte ordem cronológica:
- Guiné-Bissau, em 9 de setembro de 1974;
- Moçambique, em 25 de junho de 1975;
- Cabo-Verde, em 5 de julho de 1975;
- São Tomé e Príncipe, em 12 de julho de 1975;
- Angola, em 11 de novembro de 1975.
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